À medida que me aproximava da sala, uma onda de perplexidade se apoderou de mim ao captar os olhares intensos de Humberto e Léo, que me observavam atentamente enquanto eu descia as escadas. Havia uma mistura de surpresa e admiração em seus olhos, o que me provocou um misto de nervosismo e prazer. Meu coração batia um pouco mais rápido, sentindo o peso da atenção sobre mim.— Que isso, que gata, pu'ta que pariu, está linda demais, Nick! — Léo não conseguiu conter seu entusiasmo, e suas palavras me fizeram corar, uma sensação de calor se espalhando pelas minhas bochechas. Ele se aproximou com um passo decidido e segurou minha mão gentilmente quando alcancei o último degrau, me oferecendo suporte para descer o restante. Com uma suavidade que não esperava dele, Léo me fez girar suavemente sobre meus calcanhares. Era uma ação lúdica, que me deixou levemente zonza, mas também eufórica com a liberdade do movimento.No entanto, à medida que girava, meus olhos travaram nos de Lucas, que me obs
Juntos, avançamos para fora, onde Lucas estava em profunda conversa com Brian, claramente nos aguardando. Notei Humberto já posicionado em seu carro, enquanto Lara tomava seu lugar no veículo de Lucas. Eu e Léo nos dirigimos ao seu carro, mas, antes que pudesse entrar, fui surpreendida por uma puxada firme em meu braço.— Onde pensa que vai? Você vem comigo! — A voz de Lucas, carregada de um misto de surpresa e determinação, fez meu coração acelerar inesperadamente. Engoli em seco, sentindo o embate entre a surpresa e uma rebeldia que sempre me caracterizou.— O que é isso? — respondi, lançando-lhe um olhar desafiador acompanhado de um sorriso que eu sabia ser irresistivelmente provocante. — Não se preocupe, estamos indo para o mesmo lugar. Só vou com o Léo, e mais, eu que vou dirigir. — Sua mão apertou um pouco mais meu braço, um gesto que, apesar de me desestabilizar levemente, não diminuiu meu ímpeto provocador. Baixei o olhar para onde sua mão encontrava minha pele, sentindo um ca
Léo Caramba, o que está acontecendo comigo? Estou completamente apaixonado, perdido de amores, por essa mulher. Nicole é magnífica, uma combinação rara de beleza estonteante e um corpo que captura todos os olhares, além de uma habilidade ao volante que me faz pensar em cenas de filmes de ação. Parece que morri e fui para o céu, tendo Nicole como minha companhia divina. Fazia tempo que não cruzava com alguém tão incrivelmente louca, desinibida e encantadora. Ela não é apenas uma visão para os olhos; é um verdadeiro espetáculo, fascinante em todos os sentidos.Enquanto a observo dirigir com tanta destreza, sinto uma admiração crescente se misturar à paixão que já tomava conta de mim. Seu jeito descompromissado e a confiança com que maneja o carro me deixam ainda mais impressionado. É como se cada movimento seu, cada decisão ao volante, adicionasse mais uma camada à minha fascinação. Nicole, com sua liberdade e beleza, redefine o que eu imaginava ser possível, mostrando-me uma versão do
Optei por silenciar, temendo que palavras impensadas pudessem afugentá-la. A última coisa que desejo é que Nicole se distancie de mim. Já cometi inúmeros erros ao longo da minha vida, incluindo a dolorosa perda de um filho ainda na gestação com uma parceira do passado, em uma época em que eu era muito jovem e imaturo. Hoje, estou determinado a não repetir essas falhas. Firmemente, acredito que a chegada de Nicole à minha vida não foi uma coincidência. Embora eu não seja um homem que costuma crer no destino, não posso ignorar a sensação de que nossos caminhos foram intricadamente tecidos juntos por alguma razão maior. Com isso em mente, estou disposto a fazer o que for necessário para garantir que ela permaneça ao meu lado, convencido de que juntos podemos superar os erros do passado e construir algo verdadeiramente significativo.Chegamos ao destino, e Nicole, com um movimento gracioso, estacionou o carro. Depois de desafivelar os cintos de segurança, ela se virou para mim com um gest
Dispersão de sentimentosHumberto"Houve um tempo em que estive profundamente apaixonado por ela; como pude não notar suas atitudes antes?"Enquanto me perdia em meus pensamentos, uma sensação de resignação se apossava de mim. Com cada dia que passava, tornava-se mais evidente a dolorosa verdade: eu não tinha a menor chance com Lara. Observando-a de longe, notava como seus olhos buscavam Lucas com um brilho particular, uma admiração que transcendia a mera amizade. E Lucas, tão naturalmente alheio a essa adoração, continuava a tratar tudo com uma casualidade desarmante.Cruzei os braços, um gesto inconsciente de autoproteção, enquanto os via conversando e rindo juntos. Eles compartilhavam uma conexão profunda, forjada por anos de amizade sincera, daquelas que envolviam compartilhar os mesmos espaços mais íntimos, como dividir a mesma cama em viagens. Em momentos assim, eu não podia deixar de me sentir um estranho à margem de um vínculo inquebrável.Lucas, em suas confissões típicas de
— E não é que ela dirige bem! — exclamei, não resistindo a fazer uma brincadeira, enquanto um sorriso escapava dos meus lábios. Lucas, por sua vez, parecia visivelmente incomodado, franzindo a testa ao observar os vidros escuros do carro de Léo, como se tentasse enxergar além do que lhe era permitido.— Humberto, dirigir é fácil, quero ver é tirar habilitação dirigindo assim, — Lara retrucou, sua voz carregada de uma irritação m'al disfarçada pela imprudência que via na atitude de Léo de permitir que Nicole dirigisse.— Não vejo nada de mais, — respondi, tentando amenizar, enquanto observava Lucas mergulhado em seus pensamentos, claramente preocupado com a situação.— E então, o que acha? — indaguei, buscando sua opinião, mas antes que pudesse responder, Lucas questionou, impaciente:— Ela já estacionou, por que não os chamamos? Viemos aqui para ficar dentro do carro?— Calma, cara, ela acabou de desligar o motor, — tentei tranquilizá-lo com um riso suave, buscando aliviar a atmosfera
A situação era uma teia complexa de tentação e esforços para manter a distração, com Lara tentando afastar a atenção de Lucas do dilema envolvendo Nicole e Léo, enquanto Lucas parecia lutar internamente para se concentrar na diversão daquela noite em vez da mulher que estava em cima do carro com um vestido bem curto e bem provocante.— Melhor não arriscar, cara. Vai que ela é comprometida, não vou te deixar ir lá, — eu adverti ele, preocupado com as possíveis complicações já que a mulher o chamava para perto.— E quem disse que eu vou, Humberto? — Ele disse sorrindo. — Se ela quiser que venha até a mim. E se for comprometida, logo mais estará sem cabelo, pelo que ouço sobre o tratamento dado a mulheres infiéis por aqui, — Lucas retrucou, meio sério, meio brincalhão, evidenciando a complexidade da cultura local.— Meu Deus, e o que fazem com os homens infiéis? — Lara interveio, visivelmente chocada com a conversa.Lucas apenas deu de ombros, um gesto leve que parecia dizer "nada", ilus
NicoleO clima no baile era eletrizante e descontraído. Apesar da presença de alguns olhares acusadores e invejosos — uma constante em qualquer reunião social — eu os encarava com indiferença. Esses olhares nunca me intimidaram nem abalaram meu ânimo. Com uma postura confiante, eu me movia pelo espaço, consciente de minha decisão de não permitir que opiniões alheias influenciassem meu estado de espírito.Lucas me seguia de perto, mantendo-se apenas alguns passos atrás de mim enquanto navegávamos pela multidão. No entanto, ao pararmos, meus olhos captaram a figura familiar de tia Sônia ao longe, atendendo seu estande de bebidas. Era uma visão comum nos bailes da região, uma tradição que ela mantinha para complementar sua renda mensal. Além de suas incansáveis jornadas de faxina, tia Sônia se destacava como uma verdadeira guerreira. Admirava sua tenacidade em enfrentar a vida e superar cada obstáculo com coragem. Ela era, para mim, um farol de inspiração, demonstrando que a força de von