— Do que você está falando, Lucas?— Você achou que eu permaneceria cego para sempre? Se as coisas continuassem como antes, talvez, mas agora vejo claramente o que você fez. Nunca houve verdadeira amizade da sua parte, Lara, sempre foi uma obsessão por mim, pela minha vida, não é? — Eu confrontei, finalmente colocando para fora anos de sentimentos reprimidos, buscando esclarecer a névoa de manipulação que, agora percebia, Lara tinha tecido ao redor de nossa relação.— Mentira, tudo mentira, o que inventaram sobre mim, Lucas. O que fizeram com você, meu amor? — Lara protestou, a desespero em sua voz se tornando evidente. Eu a olhei, incrédulo, diante de suas palavras. — Eu sempre te amei, Lucas, desde o início. Por favor, olhe para mim, — ela implorou, com uma sinceridade que antes me faria vacilar, mas agora não mas.— Não me toque! — reagi instintivamente, recuando para manter a distância entre nós.— Então, pelo menos, olhe para mim. Por favor! — Ela continuou, buscando algum tipo d
Eu e Nicole entramos para a minha sala, e pude notar imediatamente a irritação emanando dela.— Me dá um abraço? — pedi, tentando aliviar a tensão.— Abraço? Eu vou é te matar, Lucas! Por que não abriu para mim, hein? — Nicole me beliscou, claramente nervosa.— Eu não estava com a chave. Mas, além disso, precisava resolver isso, Nick. Você não faz ideia do quanto estava me corroendo por dentro saber que a Lara conspirava contra mim. Eu precisava confrontá-la pessoalmente. E não me arrependo, mesmo que talvez tenha passado dos limites, — expliquei, tentando transmitir minha angústia e justificar minhas ações.— Você me deixou nervosa, — ela disse, claramente ainda afetada pela situação.— Lucas, cadê a Lara? Já foi embora? — Humberto perguntou, olhando ao redor como se esperasse encontrá-la escondida em algum canto.— Foi, e não volta mais. Eu coloquei tudo em pratos limpos, e fo'da-se. Não vou me esconder, não vou bancar o covarde fingindo que não sei de nada, — respondi com uma mistu
Ao chegarmos à casa da mãe de Lucas, ela nos recebeu com um sorriso radiante, um gesto que imediatamente me fez sentir um pouco mais à vontade.— Nicole… seja bem vinda querida — Ela começou, suas mãos pausando involuntariamente, como se estivessem buscando as palavras certas — Meu filho, que surpresa boa você me trouxe. Esta menina é muito linda, um verdadeiro encanto, — disse a mãe de Lucas, com um brilho de aprovação nos olhos, dissipando imediatamente a atmosfera de tensão que se formara com a sua pergunta anterior.— Boa noite, mãe, — Lucas a cumprimentou com um longo abraço, e então entramos. Ele segurou minha mão firmemente e, ao perceber isso, sua mãe direcionou seu olhar para nossas mãos entrelaçadas.— Filho! — Ela exclamou, com um sorriso radiante e acolhedor.— Quero te apresentar oficialmente a minha namorada, a Nick, — Lucas disse, com um tom de voz cheio de orgulho.A mãe de Lucas nos olhou, inicialmente surpresa, mas no fundo, acredito que ela já suspeitava que minha p
Ao recobrar a consciência, o mundo ao meu redor parecia desfocado e distante, como se estivesse emergindo de um sono profundo. Aos poucos, os detalhes começaram a se tornar mais nítidos, e percebi que Lucas, em um ato de desespero e proteção, havia se jogado sobre mim durante o acidente. Ele não estava usando o cinto de segurança, o que fez com que absorvesse a maior parte do impacto durante as capotagens, protegendo-me com seu próprio corpo.Ouvi sirenes ao longe, e com movimentos lentos e cuidadosos, quase como se estivesse em câmera lenta, comecei a desafivelar o cinto de segurança. O silêncio era ensurdecedor, interrompido apenas pelas nossas respirações ofegantes e pelo ocasional tilintar de cacos de vidro. O carro havia parado de cabeça para baixo, mas, estranhamente, voltou a ficar com as rodas no chão após os tumultuados giros.Olhei para Lucas, que estava ao meu lado, imóvel, mas respirando – um sinal de vida que me encheu de um alívio desesperado. Virei-me então para verific
NicoleEnquanto eu tentava reunir meus pensamentos, um médico aproximou-se da minha cama para me examinar. Eu me sentia um caleidoscópio de sensações: havia dores latejantes na minha cabeça e uma leveza estranha, como se eu estivesse flutuando, intercalada com tonturas que faziam o quarto girar a cada movimento brusco. No entanto, nada disso se comparava ao tumulto emocional que eu estava sentindo por dentro. A preocupação por Lucas e Brian, misturada com a raiva impotente contra a responsável pelo acidente, tornava difícil me concentrar no que o médico estava dizendo.Observava suas expressões cuidadosas enquanto ele verificava os sinais vitais, sua testa franzida em concentração. Por um momento, senti a realidade do hospital se impor sobre mim, trazendo um vislumbre da seriedade da situação. Apesar da minha própria dor, a urgência de ver Lucas, de saber que ele estava vivo e respirando, superava qualquer desconforto físico.Minha sogra, que parecia ter formado uma amizade com o médi
LucasFlashes perturbadores e imagens distorcidas invadiam minha mente enquanto eu lutava contra os braços de Lara, que tentavam me envolver em um abraço asfixiante. A cada tentativa de rejeição, ela me empurrava para um abismo escuro, cuja saída me era totalmente desconhecida. Suas palavras, "não faça isso, você vai se arrepender", ecoavam como um mantra torturante, perseguindo-me até mesmo nos momentos de suposto descanso.Mas então, em meio àquela tempestade mental, uma voz, um sussurro quase angelical, cortou a escuridão, trazendo um feixe de luz à minha mente atormentada. A voz suave de Nicole, repleta de amor e preocupação, servia de âncora, puxando-me de volta da beira do abismo.No dia seguinte, ao despertar, encontrei-me já transferido para um quarto do hospital, desconhecendo como havia chegado até ali, um efeito colateral das medicações que tinham sido administradas para aliviar as dores que percorriam meu corpo. Sons abafados de conversa chegavam aos meus ouvidos, e ao abr
Dias depois…Já em casa e de alta, concentrei-me na minha recuperação. Não posso negar que tem sido um processo mais lento do que eu gostaria; minha paciência para ficar em repouso nunca foi das melhores. No entanto, tenho sido forçado a obedecer por uma força maior que a minha vontade – a união implacável da minha mãe e Nicole. Minha mãe, com seu jeito doce e cuidadoso, e Nicole, com sua natureza provocadora, formam uma equipe formidável. Nicole, às vezes, tenta aliviar um pouco as regras para não ser tão rigorosa quanto minha mãe, mas isso geralmente resulta em bronca para nós dois. Sentado na cama, eu me dedicava a analisar a tela do notebook, concentrado nas pendências da empresa. Infelizmente, devido a todo o caos recente, muitos compromissos foram desmarcados. Além disso, pairava sobre mim uma preocupação constante com nossa segurança, já que Lara continuava foragida. As investigações revelaram que foi ela quem orquestrou seu próprio sequestro em cumplicidade com outros criminos
Ao sair do quarto, a ansiedade pulsava em cada batida do meu coração, tão forte que eu temia não conseguir manter a calma. As palavras encorajadoras de Lucas reverberavam em minha mente, um lembrete constante do que estava prestes a enfrentar. "Vai lá, conheça a sua irmã," ele havia dito com ternura. Mas, como alguém se prepara para encontrar uma parte de si mesmo que até então era apenas uma ideia, uma pessoa que compartilha seu sangue, mas que viveu como uma estranha?Cruzei o corredor até a sala de espera, onde ela deveria estar. Meus passos, hesitantes no início, ganharam firmeza à medida que me aproximava. E então, ali estava ela: Nataly, uma figura delicada sentada ao lado de Léo, que segurava sua mão em um gesto de apoio. Meus olhos encontraram os dela, e por um breve momento, o mundo ao redor pareceu desaparecer.Seus olhos, espelhos dos meus, refletiam a mesma mistura de curiosidade e cautela. Era estranho e maravilhoso, ao mesmo tempo, sentir essa conexão instantânea, esse r