Henry mandou chamar o curandeiro da vila próxima para me examinar e descobrir o que eu tinha. Minha sogra alertou-me que estava desconfiada do que seria, mas não queria dizer, enquanto não tivesse certeza. Após muitas perguntas e exames do curandeiro, fiquei surpreendida com a notícia. — A senhora está esperando um bebê! — afirmou ele. Não sabia se ria ou se chorava. Ao entrar no quarto, Anthony e os demais, surpreenderam-se também com a novidade. Todos pareciam felizes e meu amado esposo começou a chorar feito uma criança, abraçando e afagando meu ventre. — Era exatamente essa a minha desconfiança, meus queridos, pois tive os mesmos sintomas quando descobri que esperava Anthony. Que alegria em saber que serei avó! Oh! Meu Deus! Serei avó! Mal posso acreditar nisso. — Eu é que não posso acreditar, serei bisavó com muito orgulho e felicidade. — Rainha Eugênia também demonstrava muito felicidade. — Bem, posso dizer que também serei avó, afinal madrinha também
SERAFIM Havia chegado a hora e nada doía mais em meu coração do que ter que colocar nossos soldados em um acampamento, aguardando o momento de guerrear. Ficaríamos em guarda, esperando um ataque para nos defender. Estaríamos em um campo de batalha. Foi inevitável não pensar no meu pai. Se estivesse vivo, seria meu principal cavaleiro. Estaria ali ao meu lado, dando-me o apoio que necessitava. Estava treinado e preparado para aquele momento, mas não desejava passar por ele. — Meu caro Elmos, enfim, teremos que sair para lutar. Não estou satisfeito por esse dia ter chegado, porém agora não há nada mais que possa ser feito! — Infelizmente, não há mesmo, Vossa Majestade! Siga em frente, sabes o que está fazendo, confio em Vosso discernimento e Vossa sabedoria. Foi muito bem treinado para isso! — Agradeço pela força, caro amigo! Vou tranquilo, pois sei que estarás aqui, por mim, cuidando de tudo! — Estarei sim! Por Vossa Majestade e Vossa família! Que a sor
MALENA A mensagem veio no início da noite e trouxe com ela a tristeza e tensão que não experimentamos há um bom tempo. Estava decretada a guerra. Aquele momento que esperava nunca mais ter de presenciar iria mais uma vez acontecer. Temia por todos que aguardavam no acampamento. Recordo-me de como foi no passado, da tristeza dos preparativos para aquela ocasião e foi inevitável não pensar em Aron. Uma saudade dilacerante cortou meu coração e a imagem de sua morte e de suas últimas palavras vieram à tona de forma clara, como se estivesse vivenciando tudo novamente. Doeu também a certeza de Serafim estar à frente da batalha, afinal, havia seguido a tradição dos Reis de Minsk e se tornou um guerreiro, treinado por mim a pedido de seu pai. Como ele poderia não lutar? Como eu poderia sobreviver se algo de ruim acontecesse com ele nessa batalha? Se iríamos vencer novamente, não poderia ter certeza. Mas sabia de sua competência e sei que ele faria todo o possível e o impossível
— Talvez você esteja certa, meu amor! Ainda não falamos com ele. Meu pai nem a conhece direito e também não sabe que teremos um bebê, ele ainda não sabe que será avô. — Você acredita que isso o fará mudar de ideia, Anthony? — Talvez sim, minha mãe! Acredito que vale a pena tentar. — Acredito também! — concordei com Anthony. Enquanto eles discutiam se seria mesmo uma boa ideia, fiquei pensando que talvez desse certo e concordei que valia a pena tentar. Percebi também, pela atitude de Felícia, que nada do que falássemos a ela mudaria sua ideia e que ela iria até o fim naquela última tentativa de impedir a guerra para unir nossas famílias. — Mas minha filha, você está grávida. Não estás pensando nesse bebê que carrega em seu ventre e de como isso tudo pode afetá-lo? — Estou pensando nele, sim, minha mãe, somente nele. Como será o seu futuro, sabendo que seu avô quis se vingar de nós, devido a acontecimentos do passado e acabou causando uma guerra? O
MALENA Quando foi possível avistar, no horizonte, as montanhas que separavam os dois reinos, outro dia já estava partindo. O sol escondia-se por trás daqueles morros imponentes de terra e verde. Havia uma clareira à nossa frente, pela qual teríamos que passar para chegar a Neveri. Foi surpreendente o que vimos dali de onde nos encontrávamos. Era possível visualizar os dois acampamentos, entre as divisas. Ambos estavam preparados. De um lado, estavam prestes a atacar e do outro se preparavam para a defesa. Um arrepio percorreu todo meu corpo. Fantasmas do passado pareciam ganhar vida novamente, trazendo recordações de um momento triste e perturbador. Senti um vento estranho e uma voz sussurrando em meu ouvido direito. “Vá, a vitória está contigo.” Reconheci no mesmo instante de quem era aquela voz, mas mesmo sem acreditar, virei para Henry e perguntei: — O que dissestes? — Como assim? Não disse nada! Você está bem, Malena? — Sim, estou! — foi a única coisa que c
— Mas… e Estevam, minha mãe? O que faremos por ele? Não honraremos mais sua memória? — Existem outras formas de honrar a memória de alguém, Theodore. Equivoquei-me pensando que a única forma fosse a vingança. A culpa foi minha. Plantei e cultivei todo esse ódio em seu coração. A culpa de tudo o que está acontecendo agora é toda minha. Assumo a responsabilidade por tudo e lhe peço, por favor, que esqueça essa vingança. Aborte o ataque, dê ordem a esses soldados para que se retirem e levantem acampamento. Se não fizer isso por mim, faça pelo seu neto que estará entre nós daqui a alguns meses e merece muito amor. Ele é o anjo mensageiro de Deus para seguirmos em harmonia e sermos, enfim, uma só família, um só reino. De onde eu estava, conseguia ouvir tudo o que falavam, mas não via a reação de Theodore. Ele, então, virou em minha direção e mesmo surpreso em me ver chamou-me. — Rainha Malena! Também veio até aqui. Devo então conversar com Vossa Majestade, em primeiro lugar.
EPÍLOGO A Vitória viria mesmo alguns meses depois, na forma de um lindo bebê, ou melhor, uma linda bebê, muito parecida com sua mãe, no entanto também com os traços de seu pai. Antony e Felícia decidiram batizá-la com aquele nome glorioso. Seria ela a primeira Rainha Vitória da União Dinástica entre Minsk e Neveri. A benção em forma de criança com lindos olhinhos azuis e bochechas rosadas. A responsável pela unificação de dois grandes reinos. Após o nascimento de Vitória Malena Forense Trineth, uma linda homenagem que fizeram a mim, Serafim e Amélie logo descobriram que também esperavam um bebê, mas desde o princípio da gestação abdicaram da herança do trono para seu filho, pois acreditavam que o reinado seria, por direito, do herdeiro da unificação dos reinos e assim foi feito. Logo nasceu o filho dos dois e o batizaram de Aron. Ele estava de volta, eternizado agora no coração de seu neto que carregaria a honra de ter o mesmo nome que seu avô, um dos homens mais valen
PRESENTE AOS LEITORES - EXTRA:CONTO "UMA NOITE DE NATAL EM REGNATURI" Aquela noite seria diferente. Na época de encerramento do ano, viajávamos até o castelo para as comemorações, no entanto, decidimos naquele ano, abrir a nossa propriedade para uma grande festa, a nossa primeira noite de Natal. Foi com imensa alegria que após conversar com Henry sobre o assunto e concordarmos em sermos os anfitriões, comecei a organizar tudo. Tinha muita coisa pela frente para resolver e me senti maravilhosamente bem com todos os planejamentos. Desde o nosso casamento, não tive o prazer de pensar em uma festa, e mesmo assim as que fiz no castelo estava rodeada de muitos empregados, que não me deixavam fazer muita coisa. Tudo o que pensava e comentava logo, estava pronto. Não posso dizer que não gostava de ser mimada, porém, poder fazer algo eu mesma, ainda mais em se tratando da minha própria festa em nossa propriedade, seria um prazer imenso. Decoramos todos os ambientes,