LAURADeveria fazer uma escolha, escolher morrer ou viver?Os dias aqui passavam devagar, tudo era lento e monótono. Fui colocada sozinha em uma cela, mas sabia que não duraria muito.— LAURA GRECO! - escutei alguém gritar.Me aproximei e uma agente penitenciária estava com uma prancheta na mão e me encarava.— Sim?— Venha comigo, tem visita. - abriu a cela para que eu passasse.Fiquei um pouco surpresa com isso.No corredor várias presas me encaravam, algumas até apontavam para mim. Sabia que tinha virado um alvo assim que entrei nesse lugar.— Tem alguns minutos... Corredor 4.A grade se abriu automaticamente e passei por ela. Meu coração palpitava de ansiedade.Stefane...Minha amiga estava me esperando com um pequeno sorriso no rosto.Me sentei e lhe dei um sorriso.— Que bom que veio...— Como você está? - segurou minhas mãos.— Sem contato!— Como pode vê... - olhei envolta.— Não vai ficar muito tempo aqui, seu irmão e o Vitor estão fazendo de tudo para te tirar daqui.— Como
LAURA— Quero a cabeça delas. - digo sentindo muita raiva.— Senhora Greco...— Me escutou! Quero elas mortas!Me olho no pequeno espelho.— Melhor ainda... Quero ter o prazer de matar cada uma delas.(…)Me aproximei da detenta que consegue qualquer coisa, ela foi muito bem indicada.— Preciso de uma coisa.— Todas nós precisamos... - soltou a fumaça para o ar e me ofereceu um cigarro.Estava trancada aqui a semanas, não aguentava mais.Peguei o cigarro e ela acendeu.— O que quer?— Preciso de algo para usar como uma arma.Ela me olhou com um sorrisinho.— Para se vingar de quem fez isso com seu rosto?Apertei as mãos em punhos.— Consegue ou não?— Isso vai custar caro.— Dinheiro não é o problema. - soltei a fumaça.Meu sangue ferveu quando vi as desgraçadas que me bateram entrarem no pátio.Uma delas teve a audácia de me mandar um tchau.Quando ia me aproximar delas, um braço me segurou.— Não faça isso!Olhei com raiva para elas.— Me solta!— Acha que vai dar conta de três? Apa
LAURA— Assume logo que foi você, Laura!Olhei entediada para a diretora.— Já disse que não fui eu!— Você tem motivos sólidos para ter feito isso, elas agrediram você.— Eu e várias outras detentas, diretora. Já foi atrás de todas elas?Alguém bateu na porta.— Pode entrar!— Com licença, diretora. - um guarda entrou - Preciso falar um minuto com a senhora.— Precisa ser agora?— É importante.Ela se levantou e saiu da sala.Eu só precisava negar, eles não tinham provas contra mim.— Ah, tenho uma novidade! - entrou novamente na sala.Fiquei calada e esperei que falasse.— Você vai ser solta.Olhei sem acreditar.— Vou?— Sim, seu advogado te explicará direito. - se sentou - Tem sorte, Laura.— Quando vou sair?— Amanhã... Agora pode ir.Não esperei mais nada para sair daquela sala.(…)— Fiquei sabendo que a madame vai sair, não tem nem um mês aqui. - Antônia se sentou do meu lado.— Pois é, todo dinheiro que tenho precisava servir para algo.— Não esqueça das amigas...— Não vou e
LAURA— Grávida? Está falando sério? - Stefane perguntou olhando uma loja de bebê.— Sim, acredita? Que filho da puta! - olhei em volta procurando as crianças.— O que vai fazer a respeito?— Esperar... Adquiri muita paciência.Ela parou de andar e me olhou.— Laura, vai matá-lo?— Não... Não consigo fazer isso. - menti.Estava possessa com Vitor e aquela piranha de quinta, poderia matar os dois queimados agora mesmo.— Acha que é dele?— Tenho certeza que é, aquela vadia é doida, quer dar a boceta apenas para o meu marido.Stefane abriu um sorriso.— Está com ciúmes?— Não estou. - digo seriamente.Vi um homem nos observar mais afastado e me alertei.— Fica aqui! - saí andando.Peguei a faca discretamente e me aproximei.— Não se mexa... - encostei a faca na sua cintura - Por quê está nos observando?— Não estou...— Não minta!— Fui pago para isso...— Quero nomes!O homem parecia nervoso.— Anda!— Henrique... Henrique Greco!— Allez au diable!(Maldito!)— Trabalha para a máfia?—
LAURATalvez eu estivesse sendo radical demais, mas tudo doía tão intensamente que queria arrancar meu coração fora.Não aguentava a pressão, o desespero, estava presa nesse abismo de angústia sem fim, a vida não podia ter sido mais cruel comigo.Sempre que pensava que poderia viver em paz, acontecia algo que estraga tudo, alguém.Eu não queria viver assim, não mais.— O que deu em você?Puxei lentamente meus cabelos.— Laura, estou falando com você!— Estou ouvindo, Vitor! - digo irritada.Eu pedi para que ele matasse uma criança inocente...O que estou fazendo?Quem sou eu?Por que agir assim?— O que está acontecendo com você?— Ela afeta minha presença... Se ela está mesmo esperando uma filha sua, como quer que eu fique?— Eu sei que errei, fui um maldito idiota. - se abaixou e segurou minhas mãos - Não se puna mais...Não, Vitor... Não estou me punindo, estou punindo você.Respirei fundo e me levantei, meus olhos se voltaram para as crianças brincando no jardim.— O que vai dizer
LAURANão era o fim, mas só o começo...Uma história que começou com dor e violência, pode terminar com amor e carinho?Um casal ardente e desesperado, poderia ser amar tanto?Eu sentia essa coisa doentia dentro de mim, só não sabia se deveria dar uma chance.2 dias antes do confronto final...— Laura do céu, está tudo incrível! - Stefane observou o jardim.— Acha que as crianças vão gostar?— Vão amar!— Fiz tudo em tão pouco tempo, tenho medo de que saia algo errado.— Tudo vai sair perfeitamente bem, vai ver.Vitor saiu com Lucas e as crianças, não é uma festa surpresa, mas queria organizar tudo antes da chegada deles.— Como vocês dois estão? - Stefane perguntou provando um docinho.— Estamos bem... - digo meio insegura.Estávamos bem?— Hum... Ele parece ter mudado. Sabe, não acreditei muito nele no começo, mas depois ele foi se mostrando disposto a concertar seus erros.— Não é fácil esquecer tudo, né?— Laura, o amor não machuca, não te destrói... Mas se resolver dar uma segund
VITOR Prendi minha respiração sem acreditar, não podia, não conseguia fazer isso.Senti meu corpo gelar e meu coração acelerar, estava em combustão por dentro.Quero o divórcio...Não, não podia ser.Obriguei meu corpo a virar e olhei para seu rosto.— Laura...— Não faz isso, Vitor. Não dessa vez... Eu sei que você está tentando mudar e me deu muitas razões para acreditar nisso, mas não posso continuar...— O que está dizendo?— Precisamos nos curar primeiro, para depois nos amarmos. - sorriu - Você está sendo um pai incrível para os nossos filhos, por isso acho que devemos encerrar o ciclo.— Divórcio, Laura?Meu coração estava sendo esmagado no peito a cada batida.— É o melhor começo... Assim você me prova que mudou mesmo, que quer um começo para nós e nossos filhos. Vamos começar de novo, do zero.— Está dizendo para começamos como se fossemos namorados?Ela riu, uma gargalhada tão linda e gostosa.— Acho que é um começo...(…)Abrir mão da Laura não seria uma tarefa fácil, me s
LAURA Só um minuto para entendemos tudo, cada ponto da história e como começou.Como começou minha história e como vai terminar?Eu nunca acreditei que poderia ser feliz, que irônico, não é?Como poderia se quer tentar pensar nisso?Grandes mudanças aconteceram, mas tudo não se apaga em um passe de mágica, cheguei aqui com feridas cicatrizadas e algumas ainda abertas.Eu sabia que nunca mais seria completa, sempre faltaria um pedaço de mim, mas eu precisava viver e mudar isso, o medo sempre estaria presente no mundo que vivemos.Um pedaço de papel não mudaria minha história, ela já aconteceu, mas caminhar para trás não era a solução, eu precisava aprender a me curar, não poderia deixar que mais ninguém guiasse minha vida. Ela era só minha e eu faria minhas próprias escolhas a partir de agora.Hoje seria um dia importante, o dia que tudo acabaria, só não sabia se tudo ficaria bem.— Promete que vão se cuidar? - olhei para Vitor e meu irmão.Sentia um pouco de medo, mesmo com toda a pr