Lorenzo não olhou para trás. Levantou-se e saiu sem dar mais atenção à criança.Permitir que Susana fosse criada sob o nome da família Marques até a maioridade já era a maior concessão que ele faria.Afinal, se não fosse por Sara e Lutano, ele e Renata não teriam perdido tantos anos de suas vidas. Embora Susana fosse inocente, Lorenzo não podia ignorar as cicatrizes que sua presença traria. Criá-la perto de si era algo que ele simplesmente não conseguia fazer.Com Sara presa e Susana enviada de volta para Cidade A, os recentes problemas finalmente chegaram ao fim.Lorenzo chamou Edgar ao escritório para discutir os assuntos recentes da empresa, quando de repente recebeu uma ligação da família Amorim.Lertino havia sofrido um acidente!Lorenzo correu para o hospital, mas, ao chegar lá, Lertino ainda estava na sala de emergência.Malom, Ademir e outros parentes da família Amorim, que Lorenzo nem conhecia, estavam reunidos na porta da sala de emergência. Todos falavam ao mesmo tempo, tran
Ao ser atingido no ponto fraco, Malom ficou com o rosto vermelho de raiva, encarando Lorenzo como se quisesse matá-lo:— O que você entende de negócios?! Se não sabe, é melhor ficar calado! Aquelas empresas já estavam fadadas à falência! Mesmo que eu não tivesse assumido, elas teriam quebrado de qualquer jeito!Lorenzo sorriu com desdém:— Com o apoio da família Amorim, você ainda deixou as empresas afundarem? Se isso não é ser um fracassado, então eu não sei o que é.— Seu...!Malom o encarava com ódio. Sentiu ainda mais raiva ao perceber os olhares desconfiados dos outros parentes da família Amorim. Eles claramente começavam a duvidar de sua competência. Malom se arrependeu de ter permitido que a família soubesse da condição crítica de Lertino. Deveria ter esperado até que ele morresse para contar a Lorenzo!Enquanto o silêncio se instalava no corredor, um homem de terno surgiu apressado vindo do fundo do corredor. Ele usava óculos de aro dourado e carregava uma maleta. Seu semblante
Com esse pensamento, Malom saiu apressado. Encontrando um canto isolado, ele fez uma ligação:— Lertino não pode morrer agora. Vocês precisam dar um jeito de salvá-lo.Do outro lado da linha, houve um breve silêncio, seguido por uma voz fria:— Sr. Malom, isso não foi o que combinamos. Além disso, ele já está com um pé na cova. Como espera que eu o salve?— Esse é o seu problema. Se ele morrer, eu juro que você vai se arrepender!Malom desligou o telefone abruptamente. Do outro lado, a pessoa ficou furiosa, jogando o celular contra a parede. Respirando fundo, chamou uma enfermeira:— Vá até a sala de cirurgia e diga que precisam salvar o paciente a qualquer custo.A enfermeira hesitou por um momento, mas não fez perguntas e saiu rapidamente.Duas horas depois, a porta da sala de cirurgia se abriu, e Lertino foi trazido para fora. As pessoas correram para ver como ele estava. Ele permanecia inconsciente, o rosto pálido como cera. Todos franziram a testa e começaram a questionar o médico
Lorenzo olhou para Malom com frieza:— Então, por enquanto, é melhor você parar de falar besteira e começar a rezar para que ele acorde logo.— Seu...!Ignorando a expressão sombria de Malom, Lorenzo virou-se para Salimo e disse:— Dr. Salimo, obrigado pelo seu esforço hoje. Pode ir para casa. Se houver mais alguma coisa, eu entro em contato.Salimo assentiu e estendeu um cartão de visitas:— Aqui está o meu cartão pessoal. O senhor pode me ligar a qualquer momento, Sr. Lorenzo.Depois que Salimo saiu, Lorenzo também se preparou para ir embora, mas foi interrompido por Malom, que bloqueou sua passagem:— Lorenzo, não pense que já ganhou. Quando meu tio acordar, ainda vamos ver quem será o verdadeiro vencedor.Lorenzo achou a provocação de Malom infantil:— No fim das contas, você sempre será apenas um sobrinho. Não há como mudar isso para filho.Essas palavras atingiram Malom como uma faca. Ele olhou para Lorenzo com um ódio gelado. A raiva queimava em seu peito. Se não fosse pela apar
Lorenzo estreitou os olhos, sua expressão ficando ainda mais sombria:— E nesse período, não notou nada de estranho?Ademir balançou a cabeça:— Não... Só depois da última briga com o senhor. Desde então, ele começou a ter fortes dores de cabeça.O silêncio tomou conta do salão. A tensão no ar era palpável, e a postura de Lorenzo emanava uma sensação de perigo. Sentindo o peso da atmosfera, Ademir abaixou ainda mais a cabeça.Depois de um longo momento, Lorenzo ainda não havia dito nada. Incapaz de suportar a pressão, Ademir finalmente levantou os olhos. Mas quando seus olhares se encontraram, ele viu a frieza cortante no olhar de Lorenzo. Sentindo-se exposto, desviou o olhar rapidamente:— Mestre Lorenzo... Se não há mais nada, eu vou cuidar de outros afazeres.— Pode ir.Quando finalmente saiu do salão, Ademir sentiu um grande alívio. A pressão que Lorenzo exercia sobre ele era sufocante.Enquanto isso, Lorenzo, sentado no salão, estava mais sombrio do que nunca. Pelas reações de tio
Cristina correu para pegar o celular e disse em um tom sério: — Vou ligar para o seu pai e avisar sobre isso.Alberto, que já estava um passo à frente, disse:— Acabei de ouvir dos acionistas, mas ainda não sabemos exatamente o que está acontecendo. A família Amorim manteve tudo muito bem guardado. Vamos esperar para ver se surge alguma novidade.Em menos de meio dia, a notícia de que Lorenzo havia assumido temporariamente o posto de chefe da família Amorim no lugar de Lertino já havia se espalhado por toda a Cidade C. Aqueles que estavam prontos para rir da desgraça dele, depois da falência do Grupo Marques, ficaram completamente chocados. Todo mundo só falava disso:— Quem diria que Lorenzo era, na verdade, filho legítimo de Lertino? O Grupo Marques mal havia decretado falência e logo depois ele se torna o herdeiro da família Amorim. Agora, o status dele está ainda mais alto do que antes. Melhor pensar duas vezes antes de tentar pisar nele.— Isso só prova uma coisa: por mais que vo
O telefone ficou em silêncio por um momento antes da voz de Renatta se fazer ouvir:— Antes de mais nada, obrigada por ter ajudado meu irmão. Minha mãe e o resto da família querem te convidar para um jantar na casa dos Borges.Lorenzo apertou os lábios, um brilho gelado atravessou seus olhos. Ainda bem que ele não havia criado expectativas. Caso contrário, agora ele seria apenas motivo de piada.— Quando?— Você escolhe o dia. Podemos nos ajustar ao seu horário.Lorenzo pegou um documento sobre a mesa e, sem levantar o olhar, respondeu:— Então, que seja amanhã à noite. Por sorte, estarei livre.— Combinado.— Mais alguma coisa? Se não, vou desligar.— Não, era só isso. Até mais.Assim que encerrou a ligação, Renatta discou rapidamente para Cristina:— Mãe, o Lorenzo aceitou o convite. Ele estará livre amanhã à noite.— Legal! Coincidentemente, sua prima vai passar aqui amanhã. Vou apresentá-los.Renatta sabia que Cristina pretendia apresentar Lorenzo para outra mulher, provavelmente u
Lorenzo demonstrou um leve espanto no olhar, mas logo abaixou a cabeça e respondeu:— Desculpe, eu não sabia.— A culpa foi minha por não avisar antes... Meu erro... Vou pegar outro copo d'água para você. — Disse Cleusa.— Agradeço.— Não foi nada, imagina.Eles trocaram um olhar rápido, e o coração de Cleusa disparou, enquanto as pontas de suas orelhas ficavam vermelhas. Só quando chegou à cozinha, a sensação de calor em seu rosto começou a se dissipar.Cristina, surpresa ao vê-la, perguntou:— Cleusa, você não devia estar lá fora com o Lorenzo? O que faz aqui?— Vim pegar água para o Sr. Lorenzo.Cristina deu um leve tapa na própria testa e, com um tom de desculpas, disse:— Ai, que cabeça a minha! Esqueci de pedir para a empregada servir água. Mas pensando bem, melhor assim, vocês podem aproveitar para se conhecer melhor.Renatta, ao lado, permanecia imóvel, focada na panela de sopa. Cleusa mordeu levemente os lábios, tentando adivinhar o que se passava pela mente da outra. Se Renat