Lorenzo encarou Renatta com um olhar sério. Nos olhos dela havia culpa e gratidão, mas nenhum traço de amor. O coração dele foi afundando aos poucos: — Renata, depois de tudo que passamos, eu não quero mais te perder. Se você me der uma chance, podemos recomeçar, que tal? As mãos de Renatta, que estavam caídas ao lado do corpo, se fecharam em punho sem que ela percebesse. Ficou em silêncio por um bom tempo antes de responder lentamente: — Muita coisa aconteceu ultimamente, Lorenzo. No momento, não consigo pensar em relacionamentos... Vamos deixar para falar sobre isso quando tudo se acalmar, pode ser? Lorenzo a fitou intensamente, como se tentasse decifrar cada palavra:— Tudo bem, eu espero sua resposta. — Se não for mais nada, vou indo. Renatta entrou no carro, ligou o motor e partiu. No caminho de volta, as palavras de Lorenzo no hospital ecoavam em sua mente. Quando Lorenzo sugeriu recomeçar, seu coração vacilou por um breve instante. Mas ela sabia que estar com ele
A empregada da casa descobriu tudo a tempo, então Francisco sobreviveu. Francisco mandou alguém contatar Renatta, na esperança de vê-la uma última vez. — Srta. Renatta, nosso patrão disse que, se você aceitar vê-lo, ele revelará toda a verdade para você. Renatta apertou os lábios. Pensou em Fabíola e Susana, que ainda estavam em risco, e acabou aceitando. Ao entrar no quarto do hospital, avistou Francisco deitado na cama, olhando sem vida pela janela. Seu rosto estava pálido; em apenas um dia, ele havia perdido todo o vigor, parecendo uma sombra do homem confiante de antes. Ao ouvir o som da porta se abrindo, ele virou a cabeça de forma quase mecânica. Quando viu que era Renatta, um brilho surgiu em seus olhos, mas logo se apagou:— Renata, você veio. Renatta parou a alguns passos da cama, olhando para ele com frieza:— Quando você pretende liberar Fabíola... e Susana? Um sorriso amargo curvou os lábios de Francisco:— Se não fosse por elas, você não teria aceitado vir, cer
Demorou bons dez segundos até Francisco finalmente olhar para Abelo:— Sr. Abelo, não adianta insistir, eu não vou colaborar com você. Se ele se unisse a Abelo para derrubar a família Borges, Renatta certamente o odiaria assim que descobrisse a verdade. E ele... preferia vê-la olhar para ele com indiferença do que com ódio nos olhos... Vendo a determinação no rosto de Francisco, Abelo não se irritou e apenas sorriu: — Sr. Francisco, se algum dia você mudar de ideia, sabe onde me encontrar. — Não vai ser necessário. E deixo um conselho: desista de enfrentar a família Borges, você não tem chance de vencer. — Pois então, vou provar que você está errado! ... Pouco tempo depois, Renatta recebeu uma ligação do Mestre Valentino, informando que Fabíola havia retornado:— Renata, tenho mais uma coisa para te contar. Lembra que eu te falei que achei algo estranho na perna de Francisco? Recentemente, me lembrei de algo. A perna dele, na verdade, não está paralisada. Ele tomou um med
— Srta. Renatta, fui eu que criei um filho fracassado. Eu não só decepcionei o Sr. Filipe, como também a senhorita... — Disse Hugo, com uma expressão carregada de culpa.Ao ver o olhar de arrependimento no rosto dele, Renatta franziu as sobrancelhas:— Sr. Hugo, mesmo que essa situação não tenha causado grandes consequências, não consigo perdoar o Francisco.Ela não pretendia denunciá-lo, mas também não conseguia simplesmente agir como se nada tivesse acontecido.— Srta. Renatta, estou disposto a compensá-la de qualquer forma possível. Qualquer coisa que a senhorita pedir, eu farei... só peço que não leve isso adiante... — Disse Hugo.— Não vou prosseguir com nada, mas o fato é que a vítima aqui não sou eu, e sim outras pessoas.Hugo assentiu, com a cabeça baixa:— Entendo perfeitamente. Quando a Srta. Fabíola voltar para Cidade C, irei pessoalmente pedir desculpas. Também cuidarei bem da Susana e da Srta. Sara. Só espero que elas possam perdoar o Francisco...Renatta se virou para Fil
Se Renatta não tivesse percebido que Cristina estava tentando juntá-la com Lorenzo, ela seria uma tola.— Sr. Lorenzo, sente-se. Vou lavar umas frutas. — Disse Renatta.— Não precisa, não vou comer. — Respondeu Lorenzo.— Vou lavar só um pouco.Renatta pegou uma bacia, despejou as frutas na cesta e se dirigiu à cozinha. Assim que ligou a água, uma mão longa e firme estendeu-se por trás dela, pegando a cesta de suas mãos.— Deixa que eu faço. — Disse Lorenzo.— Não precisa, eu faço. Que absurdo seria deixar o convidado trabalhar.— A água está fria.Diante do olhar firme e irrefutável de Lorenzo, Renatta hesitou e, aos poucos, suas mãos se fecharam, sem insistir mais.Lorenzo tirou o paletó e o entregou para ela:— Segura pra mim.Renatta pegou o paletó, ainda com o calor do corpo dele e o leve perfume de pinho que ele sempre exalava. Suas mãos, quase sem perceber, se apertaram um pouco mais ao redor da peça.Lorenzo, sem olhar para ela, virou-se e começou a arregaçar as mangas da camis
Renatta mal teve tempo de reagir quando sentiu que seu queixo foi segurado por uma mão forte. Ela foi forçada a levantar o rosto, e, no instante seguinte, uma sombra caiu sobre ela. No momento em que sentiu o calor nos lábios, seus olhos se arregalaram de surpresa.Ela estava prestes a empurrá-lo, quando a porta do quarto foi aberta de repente. Cristina entrou:— Renatta, eu estava...Cristina parou de falar ao ver os dois se beijando na cozinha. Ela ficou paralisada por um momento, e logo em seguida disse, apressada:— Eu não vi nada, podem continuar!Renatta empurrou Lorenzo rapidamente, o rosto corado de vergonha:— Mãe, não entenda errado, eu...Antes que pudesse terminar, Cristina já havia saído e, de forma bem prestativa, fechou a porta.Renatta estava mortificada. Ela tinha certeza de que Cristina havia entendido tudo errado. Quando olhou para Lorenzo, que permanecia completamente calmo, não conseguiu evitar lançar-lhe um olhar furioso:— Lorenzo, não exagere! Se fizer isso de n
Na visão de Filipe, Renatta só precisava de mais tempo para entender seus próprios sentimentos, e ele tinha certeza de que, no final, ela tomaria a decisão certa.Cristina lançou-lhe um olhar impaciente:— Eu só quero a felicidade dela, tá bom? Mas tudo bem, não falo mais nada. Se ela não quiser ficar com Lorenzo, eu arranjo outra pessoa para ele.— Não vai atrapalhar ainda mais, não? — Respondeu Filipe.— Hum! Você entende o quê? Quero ver quando ela ver o Lorenzo com outra mulher, se ela vai continuar tranquila.Filipe ficou sem palavras, mas, por dentro, pensou: “Mulheres são tão complicadas. Ainda bem que eu só namoro e nunca me caso.”Depois de sair do hospital, Renatta estava a caminho de casa quando recebeu uma ligação de Sara.— Renata, o Francisco já trouxe a Susana de volta. Quando você vai me dar o dinheiro? — Perguntou Sara.Ao ouvir o tom exigente de Sara, Renatta franziu a testa.— Por que eu te daria dinheiro? Você não tem mãos e pernas? Precisa de dinheiro, vá trabalhar
Quando Edgar avisou que Sara tinha trazido Susana até ali, Lorenzo franziu a testa:— Não vou recebê-la.— Sr. Lorenzo, ela disse que, se o senhor não atendê-la, vai abandonar Susana. — Relatou Edgar.Ao ouvir isso, um traço de desprezo passou pelos olhos de Lorenzo. Em tom frio, respondeu:— Traga-a para a sala de estar.Cinco minutos depois, Sara entrou na mansão com Susana. Seus olhos brilhavam de cobiça. Ela sabia que aquela casa valia milhões de reais. Não queria muito. Dez milhões já seria o suficiente.Lorenzo estava sentado no sofá, olhando para ela com um rosto gelado. Quando seus olhos pousaram em Susana, ele notou imediatamente as marcas de tapa no rosto da menina e não conseguiu esconder o desgosto. Além disso, Susana não era mais a criança alegre de antes. Estava encolhida, com medo, sem o menor traço de inocência que uma criança de sua idade deveria ter.— O que você quer? — Perguntou Lorenzo, a voz carregada de frieza.Sara finalmente olhou para ele e, ao ver a frieza em