— Está bem, entendi.Francisco desligou o telefone e permaneceu em silêncio. Ao lado, a secretária hesitou por um momento, mas, com certo receio, finalmente se atreveu a perguntar:— Sr. Francisco... O que faremos agora?— Vamos esperar aqui no aeroporto.Pouco depois das seis da manhã, Renatta e Sara desembarcaram do avião. Assim que saíram do saguão, avistaram Francisco não muito distante, com o olhar fixo em Renatta. Ao vê-lo, Sara sentiu um arrepio de medo e, instintivamente, se escondeu atrás de Renatta.— Voltaram, hein? — Disse Francisco com um tom calmo e gentil, como se nada tivesse acontecido, como se ele estivesse ali apenas para buscá-las.Renatta o encarou com frieza:— Onde você trancou a Fabíola?Francisco deu um leve sorriso:— Tenho certeza de que você tem muitas perguntas, mas podemos conversar melhor depois.— Francisco, eu não tenho tempo pra perder com suas desculpas. Se você não soltar a Fabíola agora, eu vou chamar a polícia.— Polícia? — A máscara de serenidade
Francisco terminou de falar e, sem perder tempo, saiu levando seus homens. Foi só então que Sara, finalmente, teve coragem de abrir a boca:— Viu só? Eu não menti pra você, né? Ele é só um falso bonzinho, mas por dentro é mais podre que todo mundo!Renatta não respondeu. Pegou o celular e discou para Filipe, mas o telefone estava desligado. Pelo visto, Francisco não estava mentindo. Filipe realmente estava em suas mãos.Respirando fundo, Renatta ligou imediatamente para o secretário de Filipe. Quando confirmou que ele estava mesmo preso por Francisco, ouviu do outro lado da linha:— Entendido. Vou investigar imediatamente a localização do Sr. Filipe.Assim que desligou, Renatta hesitou por um instante, mas decidiu ligar para Alberto. Naquela mesma noite, Alberto e Cristina voltaram às pressas, e ele começou a usar todas as suas conexões para tentar encontrar Filipe, enquanto aumentava a pressão sobre a família Pereira.Ao saber que o Grupo Borges estava prestes a atacar a família Pere
— Mãe! Não culpa o papai, a culpa é minha. — Disse Renatta.— Renatta, isso é a sua felicidade para o resto da vida... — Disse Cristina.— O mais importante agora é trazer meu irmão de volta. O resto não importa. — Disse Renatta.Cristina hesitou por um longo tempo antes de finalmente entregar sua identidade para Renatta. Ao ver a expressão pesada dos pais, Renatta tentou tranquilizá-los:— Pronto, chega de tristeza. Casamento não é prisão; se precisar, dá pra se divorciar.— Eu só... sinto que é muita injustiça pra você...Cristina não conseguiu conter as lágrimas e seus olhos ficaram vermelhos novamente.— Que injustiça o quê, mãe? Não há nada mais importante que a família. Eu vou indo. Pai, cuida dela, tá? Não deixa ela ficar assim tão triste. — Disse Renatta.Renatta não esperou mais um segundo. Sem olhar para trás, saiu da casa dos Borges. Entrando no carro, discou o número de Francisco:— Eu aceito me casar com você. Te encontro em uma hora na porta do cartório.E sem esperar res
Essa moça deveria estar sendo ameaçada, só podia. Com essa cara aí, não parecia nem um pouco que queria se casar.— Hum, sim.— Ok...A funcionária não conseguiu evitar um comentário mental: “já viu muita gente com cara fechada vindo se divorciar, mas alguém com esse semblante ao registrar um casamento? Isso era novidade.”— Por favor, me entreguem os documentos de identidade. — Disse a funcionária. — Vocês já tiraram as fotos? Se não, ali ao lado tem um estúdio.Quando estavam prestes a se dirigir para a sala de fotos, o celular de Francisco começou a tocar. Ao ver o número que aparecia na tela, seu rosto se fechou por um instante. Percebendo o olhar curioso de Renatta, ele simplesmente rejeitou a chamada e desligou o aparelho:— Vamos logo, temos que tirar essas fotos.Renatta não fez perguntas, apenas virou-se e foi em direção ao estúdio fotográfico. Durante a sessão, o fotógrafo espiou por trás da câmera:— Aproximem-se mais um pouco, dá até pra colocar uma terceira pessoa entre v
— Isso é uma ordem do meu superior, eu realmente não sei os detalhes. Vocês podem voltar para casa. — Disse a funcionária enquanto tentava recolher as certidões de casamento, mas Francisco rapidamente segurou os documentos.— Eu e ela não somos parentes próximos, e ambos estamos aqui de livre e espontânea vontade. Por que não podemos nos casar? Se essa é uma ordem do seu chefe, que ele venha me dizer isso pessoalmente!Mal Francisco terminou de falar, uma voz fria ressoou da entrada:— Por que não podem se casar? Você sabe muito bem o motivo!Renatta e Francisco viraram a cabeça ao mesmo tempo, e viram Lorenzo se aproximando com uma expressão gelada.Francisco encarou Lorenzo com um olhar duro e deu um passo à frente, bloqueando seu caminho:— Lorenzo, se você veio para nos parabenizar, seja bem-vindo. Mas se está aqui para atrapalhar, então faça o favor de ir embora agora mesmo.Lorenzo soltou uma risada sarcástica:— Casar com ela desse jeito? Você é um covarde!— Que método eu uso p
Lorenzo se virou para Renatta e perguntou: — Você está bem? Renatta balançou a cabeça, respondendo com uma voz baixa: — Estou. — Vamos embora. Ao passar por Francisco, Renatta parou e, com um olhar frio, disse: — Francisco, eu não quero chegar ao ponto de termos que lutar até o fim. Estou implorando, me deixe em paz. Ao ver o desprezo nos olhos dela, o desespero tomou conta de Francisco, substituindo a loucura que antes ardia em seu olhar:— Renata, nós já estamos casados... Falta só o carimbo final, eu prometo que vou mudar. Se você ficar comigo, eu juro que nunca mais farei nada pelas suas costas... Eu só quero uma chance de te fazer feliz. Nesse momento, Renatta não sabia ao certo o que sentia. Quando ele usou Filipe para ameaçá-la, ela o odiou profundamente. Mas agora, vendo-o tão vulnerável, sentia apenas pena:— Francisco, não se humilhe assim. O rosto dele empalideceu instantaneamente, e a esperança que brilhava em seus olhos se apagou. Ele sabia, naquele exato s
Lorenzo encarou Renatta com um olhar sério. Nos olhos dela havia culpa e gratidão, mas nenhum traço de amor. O coração dele foi afundando aos poucos: — Renata, depois de tudo que passamos, eu não quero mais te perder. Se você me der uma chance, podemos recomeçar, que tal? As mãos de Renatta, que estavam caídas ao lado do corpo, se fecharam em punho sem que ela percebesse. Ficou em silêncio por um bom tempo antes de responder lentamente: — Muita coisa aconteceu ultimamente, Lorenzo. No momento, não consigo pensar em relacionamentos... Vamos deixar para falar sobre isso quando tudo se acalmar, pode ser? Lorenzo a fitou intensamente, como se tentasse decifrar cada palavra:— Tudo bem, eu espero sua resposta. — Se não for mais nada, vou indo. Renatta entrou no carro, ligou o motor e partiu. No caminho de volta, as palavras de Lorenzo no hospital ecoavam em sua mente. Quando Lorenzo sugeriu recomeçar, seu coração vacilou por um breve instante. Mas ela sabia que estar com ele
A empregada da casa descobriu tudo a tempo, então Francisco sobreviveu. Francisco mandou alguém contatar Renatta, na esperança de vê-la uma última vez. — Srta. Renatta, nosso patrão disse que, se você aceitar vê-lo, ele revelará toda a verdade para você. Renatta apertou os lábios. Pensou em Fabíola e Susana, que ainda estavam em risco, e acabou aceitando. Ao entrar no quarto do hospital, avistou Francisco deitado na cama, olhando sem vida pela janela. Seu rosto estava pálido; em apenas um dia, ele havia perdido todo o vigor, parecendo uma sombra do homem confiante de antes. Ao ouvir o som da porta se abrindo, ele virou a cabeça de forma quase mecânica. Quando viu que era Renatta, um brilho surgiu em seus olhos, mas logo se apagou:— Renata, você veio. Renatta parou a alguns passos da cama, olhando para ele com frieza:— Quando você pretende liberar Fabíola... e Susana? Um sorriso amargo curvou os lábios de Francisco:— Se não fosse por elas, você não teria aceitado vir, cer