Cristina lançou um olhar em direção a cada um dos presentes, mas sempre que seus olhos encontravam alguém, a pessoa rapidamente desviava o olhar, evitando encará-la. Após alguns minutos desse impasse, ela franziu a testa e perguntou com impaciência: — Vocês são tantos aqui e nenhum tem uma solução para apresentar?Assim que terminou de falar, alguém murmurou baixinho:— Agora não há mais o que fazer, temos que aceitar o que aconteceu... mas aquela indenização... nem se vendermos o Grupo Borges conseguimos pagar tudo... E além disso, se o Sr. Alberto tivesse feito uma supervisão melhor, nada disso teria acontecido...Cristina, com um olhar frio, voltou-se diretamente para a pessoa que havia falado, e respondeu lentamente, com cada palavra carregada de tensão:— Então, segundo você, o plano é abandonar o Grupo Borges à própria sorte?Sentindo o peso do olhar de Cristina sobre si, o acionista mordeu os lábios e, de uma vez por todas, decidiu falar o que estava pensando:— Sra. Cristina,
O homem deu um sorriso misterioso:— Eu, ter alguma informação interna? Não... Só acho que está na hora de o Grupo Borges ter uma mudança de liderança. Daqui pra frente, basta tratar o Batista com um pouco mais de respeito.Ao ouvir isso, os outros ficaram ainda mais curiosos:— Trabalhamos juntos há tanto tempo... Se você souber de algo e não contar, aí é sacanagem com a gente!— Eu já disse, não tem nada. E mesmo que tivesse, agora não poderia contar. Tenho trabalho pra fazer, então vou indo!Dito isso, ele se levantou rapidamente e saiu, deixando os outros acionistas imersos em seus próprios pensamentos e especulações.No entanto, ele não foi para o seu escritório. Em vez disso, dirigiu-se diretamente para a sala de Batista:— Batista, fiz tudo como você pediu. Quando você se tornar presidente do Grupo Borges, não se esqueça de mim! Batista exibia um sorriso vitorioso no rosto, completamente diferente da expressão irritada que havia mostrado na reunião com Cristina momentos antes:
Ao voltar para casa naquela noite, Alberto sabia que teria que lidar com Cristina de novo. Claro, ele entendia que ela só queria o seu bem, então pedir desculpas era o mínimo que ele poderia fazer.Renatta alcançou Cristina quando ela estava prestes a sair de carro da sede do Grupo Borges. Ela abriu a porta do passageiro e entrou, encontrando a mãe com o rosto fechado. Não pôde evitar soltar uma risadinha:— Mãe, o papai só está preocupado com a empresa. Não fica chateada com ele, senão ele vai ter que lidar com o trabalho e ainda te agradar. Não vai dar conta de tudo.Cristina soltou um resmungo de desdém:— Quem disse que estou chateada com ele? Eu só não quero falar com ele. Se ele não se importa com a própria saúde, por mim, tanto faz.Renatta sabia que aquilo era só da boca pra fora, mas percebeu o cuidado nas palavras da mãe.— Tá bom, mãe. Se você não se importa, eu me importo. O médico falou que seria bom fazer uma canja pro papai. Que tal você me deixar no mercado no caminho e
Enquanto todos discutiam, Batista soltou uma risada sarcástica, e foi direto ao escritório de Alberto:— Sr. Alberto, todos estão falando sobre os materiais tóxicos usados pelo Grupo Borges. As ações continuam despencando. Você não vai fazer nada a respeito?Alberto, sem levantar os olhos dos documentos, respondeu friamente:— Sr. Batista, antes de entrar no meu escritório, faça o favor de bater na porta.Batista franziu o cenho, respondendo com um tom ríspido:— Numa hora dessas, você deveria estar mais preocupado com a imagem da empresa e com o escândalo dos materiais tóxicos, e não com esses detalhes insignificantes!— Saia.Alberto manteve o olhar fixo nos papéis, mas sua voz carregava uma frieza que enchia o ambiente de tensão.A aura intimidadora de Alberto fez Batista hesitar. Ele queria continuar discutindo, mas ao se deparar com o olhar glacial de Alberto, as palavras simplesmente sumiram de sua boca.Sem opção, Batista se virou e saiu furioso do escritório.Ao chegar à porta,
Na sala de estar da família Timelo, Abelo e Lorenzo estavam sentados frente a frente. O ambiente estava carregado, denso. Uma aura fria parecia envolver Lorenzo, e o olhar que ele lançava a Abelo era gélido.— Sr. Abelo, eu trouxe as ações do Grupo Marques. Onde está minha irmã? — Perguntou Lorenzo.Na noite anterior, Abelo havia feito uma proposta a Lorenzo: escolher entre as ações da empresa ou a vida de Lígia. Lorenzo, é claro, não hesitou em escolher salvar a irmã.Abelo deu um sorriso leve:— Sr. Lorenzo, não precisa ter tanta pressa. Deixe-me primeiro dar uma olhada no contrato de transferência, para evitar qualquer erro que possa lhe dar trabalho depois.Lorenzo permaneceu em silêncio, observando-o com frieza.Abelo, como se não percebesse a tensão no ar, pegou os documentos sobre a mesa e começou a examiná-los. Não demorou muito para que um sorriso satisfeito surgisse em seu rosto:— Sr. Lorenzo, você realmente é um homem de palavra. Aceito o Grupo Marques de bom grado. Espero
— Você acha que eu vou acreditar nisso?A voz de Lorenzo estava carregada de frieza, como se o ar ao redor tivesse congelado.— Olha, eu já devolvi sua irmã. Agora, se há algum problema, é você quem vai ter que resolver. Afinal, não fui eu que a fiz fugir. — Respondeu Abelo.— Você não vai sair impune dessa!O tom de Abelo era desinteressado.— Sr. Lorenzo, em vez de perder tempo comigo, eu sugiro que você encontre alguns médicos competentes para ver se ela tem cura.Após dizer isso, Abelo desligou o telefone.Lorenzo abaixou o celular e olhou para Lígia, que estava encolhida no canto da cama, com uma expressão de alerta, como se o observasse com medo. Uma sombra de frieza passou por seus olhos.Aquilo era um insulto inaceitável!Ele fez um gesto com a mão para Lígia:— Lígia, venha cá. Eu sou seu irmão.— Irmão?Lígia repetiu a palavra, confusa.Depois de alguns segundos, ela balançou a cabeça com força:— Não, você parece muito zangado. Deve ser um homem mau.Lorenzo franziu o cenho:
Assim que desligou o telefone, Lorenzo estava visivelmente irritado. Quando Edgar chegou à mansão com sua equipe, deparou-se com o semblante sombrio de Lorenzo:— Por que demoraram tanto?Durante os últimos trinta minutos, Lorenzo havia sido completamente exaurido por Lígia. Ele estava à beira de perder a paciência e considerou, por um momento, simplesmente jogá-la para fora da casa.No início, ele até tentou ser paciente, explicando tudo a Lígia com calma. Mas logo percebeu que ela mal o ouvia, e tudo o que fazia era gritar e chorar sem parar. Lorenzo não conseguia entender como alguém que tinha a inteligência de uma criança de sete ou oito anos podia ser tão teimosa, quase como se não compreendesse uma única palavra.Sentindo o peso do olhar gélido de Lorenzo, Edgar imediatamente sentiu um calafrio na espinha e respondeu:— Sr. Lorenzo... Esse foi o tempo mais rápido que conseguimos... Mas... onde está a criança de quem o senhor falou?Lorenzo respirou fundo e disse, com voz grave:—
Renatta começou a tremer, e deu um passo para trás, quase perdendo o equilíbrio. Lorenzo rapidamente a segurou pela cintura, falando em voz baixa:— Agora você acredita em mim? Estou fazendo o possível para encontrar médicos que possam ajudá-la.Renatta, imersa em choque e tristeza, sequer percebeu a proximidade entre ela e Lorenzo:— O que os médicos disseram até agora?— Alguns já vieram pela manhã. Todos disseram que a recuperação é improvável.Uma lágrima escorreu pelo rosto de Renatta. Ela não conseguia imaginar Lígia passando o resto da vida com a mente de uma criança.— Isso é minha culpa... Se eu tivesse impedido ela naquele dia...Antes que pudesse continuar, Lorenzo a interrompeu:— Isso não é culpa sua. A única pessoa responsável por tudo isso é Abelo.Se Abelo não tivesse manipulado o Grupo Borges e o Grupo Marques, Lígia jamais teria se arriscado a buscar provas contra a família Timelo no País M. Nada disso teria acontecido.— Mas... — A voz de Renatta estava embargada. —