Enquanto todos discutiam, Batista soltou uma risada sarcástica, e foi direto ao escritório de Alberto:— Sr. Alberto, todos estão falando sobre os materiais tóxicos usados pelo Grupo Borges. As ações continuam despencando. Você não vai fazer nada a respeito?Alberto, sem levantar os olhos dos documentos, respondeu friamente:— Sr. Batista, antes de entrar no meu escritório, faça o favor de bater na porta.Batista franziu o cenho, respondendo com um tom ríspido:— Numa hora dessas, você deveria estar mais preocupado com a imagem da empresa e com o escândalo dos materiais tóxicos, e não com esses detalhes insignificantes!— Saia.Alberto manteve o olhar fixo nos papéis, mas sua voz carregava uma frieza que enchia o ambiente de tensão.A aura intimidadora de Alberto fez Batista hesitar. Ele queria continuar discutindo, mas ao se deparar com o olhar glacial de Alberto, as palavras simplesmente sumiram de sua boca.Sem opção, Batista se virou e saiu furioso do escritório.Ao chegar à porta,
Na sala de estar da família Timelo, Abelo e Lorenzo estavam sentados frente a frente. O ambiente estava carregado, denso. Uma aura fria parecia envolver Lorenzo, e o olhar que ele lançava a Abelo era gélido.— Sr. Abelo, eu trouxe as ações do Grupo Marques. Onde está minha irmã? — Perguntou Lorenzo.Na noite anterior, Abelo havia feito uma proposta a Lorenzo: escolher entre as ações da empresa ou a vida de Lígia. Lorenzo, é claro, não hesitou em escolher salvar a irmã.Abelo deu um sorriso leve:— Sr. Lorenzo, não precisa ter tanta pressa. Deixe-me primeiro dar uma olhada no contrato de transferência, para evitar qualquer erro que possa lhe dar trabalho depois.Lorenzo permaneceu em silêncio, observando-o com frieza.Abelo, como se não percebesse a tensão no ar, pegou os documentos sobre a mesa e começou a examiná-los. Não demorou muito para que um sorriso satisfeito surgisse em seu rosto:— Sr. Lorenzo, você realmente é um homem de palavra. Aceito o Grupo Marques de bom grado. Espero
— Você acha que eu vou acreditar nisso?A voz de Lorenzo estava carregada de frieza, como se o ar ao redor tivesse congelado.— Olha, eu já devolvi sua irmã. Agora, se há algum problema, é você quem vai ter que resolver. Afinal, não fui eu que a fiz fugir. — Respondeu Abelo.— Você não vai sair impune dessa!O tom de Abelo era desinteressado.— Sr. Lorenzo, em vez de perder tempo comigo, eu sugiro que você encontre alguns médicos competentes para ver se ela tem cura.Após dizer isso, Abelo desligou o telefone.Lorenzo abaixou o celular e olhou para Lígia, que estava encolhida no canto da cama, com uma expressão de alerta, como se o observasse com medo. Uma sombra de frieza passou por seus olhos.Aquilo era um insulto inaceitável!Ele fez um gesto com a mão para Lígia:— Lígia, venha cá. Eu sou seu irmão.— Irmão?Lígia repetiu a palavra, confusa.Depois de alguns segundos, ela balançou a cabeça com força:— Não, você parece muito zangado. Deve ser um homem mau.Lorenzo franziu o cenho:
Assim que desligou o telefone, Lorenzo estava visivelmente irritado. Quando Edgar chegou à mansão com sua equipe, deparou-se com o semblante sombrio de Lorenzo:— Por que demoraram tanto?Durante os últimos trinta minutos, Lorenzo havia sido completamente exaurido por Lígia. Ele estava à beira de perder a paciência e considerou, por um momento, simplesmente jogá-la para fora da casa.No início, ele até tentou ser paciente, explicando tudo a Lígia com calma. Mas logo percebeu que ela mal o ouvia, e tudo o que fazia era gritar e chorar sem parar. Lorenzo não conseguia entender como alguém que tinha a inteligência de uma criança de sete ou oito anos podia ser tão teimosa, quase como se não compreendesse uma única palavra.Sentindo o peso do olhar gélido de Lorenzo, Edgar imediatamente sentiu um calafrio na espinha e respondeu:— Sr. Lorenzo... Esse foi o tempo mais rápido que conseguimos... Mas... onde está a criança de quem o senhor falou?Lorenzo respirou fundo e disse, com voz grave:—
Renatta começou a tremer, e deu um passo para trás, quase perdendo o equilíbrio. Lorenzo rapidamente a segurou pela cintura, falando em voz baixa:— Agora você acredita em mim? Estou fazendo o possível para encontrar médicos que possam ajudá-la.Renatta, imersa em choque e tristeza, sequer percebeu a proximidade entre ela e Lorenzo:— O que os médicos disseram até agora?— Alguns já vieram pela manhã. Todos disseram que a recuperação é improvável.Uma lágrima escorreu pelo rosto de Renatta. Ela não conseguia imaginar Lígia passando o resto da vida com a mente de uma criança.— Isso é minha culpa... Se eu tivesse impedido ela naquele dia...Antes que pudesse continuar, Lorenzo a interrompeu:— Isso não é culpa sua. A única pessoa responsável por tudo isso é Abelo.Se Abelo não tivesse manipulado o Grupo Borges e o Grupo Marques, Lígia jamais teria se arriscado a buscar provas contra a família Timelo no País M. Nada disso teria acontecido.— Mas... — A voz de Renatta estava embargada. —
— Renata... Não vá embora ainda. Espere até o neurologista terminar de examinar a Lígia. Se ela estiver mais calma, você poderá passar um tempo com ela. — Disse Lorenzo.Renatta balançou a cabeça, recusando:— Não, eu volto outro dia para vê-la.Lorenzo percebeu que algo estava errado. Ele segurou sua mão antes que ela pudesse sair:— Você está pensando em ir atrás do Abelo, não está?— Não... Eu só preciso de um tempo para me acalmar.No instante em que as palavras saíram de sua boca, Lorenzo, com a voz fria, insistiu:— Então olhe nos meus olhos.Renatta hesitou, suas mãos se fecharam em punhos. Só depois de longos segundos, ela finalmente levantou o olhar para ele.— Eu juro, não estou planejando ir atrás do Abelo.— Você está mentindo!Ela mordeu o lábio, desviando o rosto:— Lorenzo, você pode, por favor, parar de se meter na minha vida? Eu sou uma adulta. Sei muito bem o que estou fazendo.— A Lígia já está assim... Eu não quero que você corra mais riscos.Renatta respirou fundo:
Quando chegou em casa, Renatta estava prestes a descansar quando o celular tocou. Era Cristina.— Renatta, seu pai se machucou. Venha ao hospital agora.— Estou indo!Ao chegar ao hospital, Renatta encontrou seu pai, Alberto, com o braço já enfaixado, embora o curativo ainda estivesse um pouco ensanguentado. Ela franziu o cenho, preocupada:— Mãe, o que aconteceu? Como o papai se machucou?Cristina suspirou, visivelmente abalada:— Um morador do Condomínio Mami, muito alterado, estava escondido no estacionamento. Quando seu pai saiu do trabalho, o homem o atacou com uma faca, tentando algo desesperado. Felizmente, os seguranças estavam por perto e o contiveram rapidamente. Por isso, seu pai só teve ferimentos leves.Cristina ainda tremia ao lembrar do momento em que recebeu a ligação de Shakiro, o chefe dos seguranças. Foi um verdadeiro susto.Alberto, sentado calmamente, tentou minimizar a situação:— Renatta, não se preocupe. Já estou reforçando a segurança da empresa. Sua mãe exager
Renatta soltou uma leve risada e, com cada palavra clara e incisiva, disse:— Faça o favor de entender uma coisa. A Minea Construção Ltda. é uma subsidiária do Grupo Borges. Na época da construção do Condomínio Mami, todos os recursos foram devidamente repassados pelo Grupo Borges. Quem comprou os materiais tóxicos foi a Minea Construção, não o Grupo Borges. Aliás, o Grupo Borges também foi vítima, enganado pela Minea durante todos esses anos, e agora ainda tem que enfrentar processos movidos pelos moradores.A mulher ficou paralisada por um instante, mas logo cerrou os dentes e retrucou:— As questões internas do Grupo Borges não são problema nosso. Vocês podem dizer o que quiserem, mas nós somos as verdadeiras vítimas. Só queremos justiça!— Justiça? — Renatta a encarou firmemente. — Justiça não se busca dessa forma. Se o seu marido tivesse matado meu pai hoje, você acha mesmo que receberia alguma indenização?O olhar feroz de Renatta fez a mulher desviar os olhos por um momento, mas