Filipe franziu o cenho:— Mãe, é melhor você não perguntar. Vou ficar de olho no papai, vá descansar.O rosto de Cristina ficou mais frio:— Se você não quer me contar, vou perguntar a outra pessoa.Ela pegou o celular e ligou para uma amiga.— Pare, não precisa ligar. Vou te contar, mas se prepare para o que vai ouvir. — Disse Filipe.Cristina assentiu:— Fale.Filipe explicou tudo o que estava acontecendo na empresa. Ao ouvir, o rosto de Cristina ficou pálido. Ela conseguiu imaginar o peso da pressão que Alberto estava enfrentando nos últimos dias.Mas ao falar com ela pelo telefone, ele apenas disse que, por ser fim de ano, a empresa estava mais ocupada, e que não voltaria para casa por esses dias. Anteriormente, ele já tinha dormido na empresa durante períodos de grande movimentação no final do ano, então Cristina não deu muita importância.Ela nunca imaginou que tantas coisas poderiam acontecer em poucos dias.— E como está a situação da empresa agora? — Perguntou Cristina.Filipe
Cristina ergueu o olhar e encarou o acionista que acabara de falar. Danilo havia conseguido 0,1% das ações do Grupo Borges no ano passado, uma oferta feita por Alberto, impressionado com seu desempenho no trabalho. Mesmo assim, lá estava ele, pronto para escolher o lado oposto, enquanto Alberto lutava pela vida na sala de cirurgia.Era que ele achava que a família Borges era fácil de intimidar?— Danilo, com essa sua mísera participação, é melhor ficar quieto, antes que você acabe sendo usado como peão por alguém e nem saiba como chegou ao seu próprio fim. — Disse Cristina.Danilo ficou vermelho de raiva:— Você...!Cristina fez um gesto despreocupado com a mão:— Ah, por favor, desde quando uma reunião de acionistas do Grupo Borges permite a participação de quem tem menos de cinco por cento das ações? Quem souber que estamos em uma reunião de acionistas, ótimo, mas quem não souber pode pensar que estamos no meio de uma feira, com qualquer um dando pitaco.O secretário atrás dela rapid
— Muito bem, você venceu! Batista esbravejou, jogando os documentos sobre a mesa de reuniões com fúria. Ele se levantou bruscamente, decidido a sair, mas mal havia se virado quando ouviu a voz de Cristina, ainda com um sorriso:— As tarefas que o Sr. Alberto determinou antes, façam o favor de concluir com perfeição. Se alguém causar prejuízo ao Grupo Borges, será responsabilizado pessoalmente pelos danos. O Grupo Borges não vai assumir nada! O rosto dos acionistas presentes ficou pálido. Batista se virou novamente, encarando-a friamente.— Sra. Cristina, a senhora não tem autoridade para nos comandar.— Se não quiserem que o Grupo Borges se recupere, se preferirem ver o valor dos seus ativos despencando, então, por favor, fiquem de braços cruzados.Dizendo isso, Cristina virou-se e saiu da sala. Ao chegar ao escritório de Alberto, ela se sentou e perguntou ao secretário:— Já encontraram quem foi o primeiro a divulgar que os materiais de construção do Grupo Borges eram irregulares?—
Lorenzo lançou-lhe um olhar gélido:— A família Amorim te pagou?— Não...— Então, por que está falando em nome deles? Vá fazer o que eu te mandei.— Sim, senhor.Na Família Amorim.Lertino estava sentado no sofá da sala de estar e virou-se para o mordomo ao lado:— E então? Ele vai voltar?Era a última chance que ele daria a Lorenzo. Se o filho continuasse com aquela teimosia, ele não hesitaria em tomar medidas drásticas.O mordomo fez uma pausa, hesitante:— O Mestre Lorenzo parece estar muito ocupado... então...Lertino deu uma risada fria, o rosto tomado pela raiva:— Não precisa defendê-lo. Mesmo sem muito contato com ele, eu sei bem que tipo de pessoa ele é.Se Lorenzo realmente o considerasse como pai, teria encontrado tempo para voltar, por mais atarefado que estivesse. Agora estava claro que ainda guardava rancor pelo que aconteceu da última vez. Mas Lertino tinha um plano para fazer Lorenzo ceder.— Certo, ligue para Abelo e diga que eu aceito a proposta de parceria! — Disse
Lágrimas escorriam incessantemente pelos cantos dos olhos de Renatta, que chorava de maneira silenciosa, porém profundamente dolorida. Dimitri, ao seu lado, tentava consolá-la em voz baixa, também com os olhos vermelhos. Não se sabe quanto tempo passou até que Renatta, aos poucos, conseguisse controlar suas emoções.Ela enxugou as lágrimas com o dorso da mão e murmurou:— Vamos voltar.— Sim.No caminho de volta, Dimitri quebrou o silêncio:— Renata, talvez eu esteja sendo intrometido, mas tenho observado como você e o Francisco se tratam nos últimos dias. Pelo que vejo, você não parece gostar dele. Ele parece ser bom para você, mas tem algo que me soa estranho. Acho que seria melhor observá-lo por mais algum tempo antes de decidir se casar com ele.Renatta parou por um momento e soltou um sorriso amargo. Até mesmo Dimitri havia percebido que havia algo errado entre ela e Francisco.— Pode ficar tranquilo, essa é uma decisão importante para a minha vida, e eu vou pensar bem antes de to
Ao ver o rosto frio de Renatta, Francisco apenas assentiu com a cabeça:— Tudo bem, mas tome cuidado. Se houver algo que você não consiga resolver, procure meu secretário.— Certo.Renatta chegou de volta a Cidade C já era tarde da noite. Em vez de ir para a casa da família Borges, ela pegou um táxi direto para o hospital onde Alberto estava internado. Assim que chegou à porta do quarto, deu de cara com Filipe, que estava saindo.— Renatta, quando você voltou? — Perguntou Filipe.— E importa quando eu voltei? O que eu quero saber é por que ninguém me avisou sobre a doença do papai?Filipe franziu a testa:— Eu tentei te avisar, mas seu telefone estava fora de área. Depois, a mamãe disse que sua volta só traria mais uma pessoa preocupada, então desistimos de tentar te contatar.Renatta se lembrou, então, de que seu celular havia quebrado recentemente. Depois de substituir o aparelho, ficou tão ocupada procurando Fabíola que nem chegou a entrar em nenhuma rede social.— E como pai está a
Renatta caminhou até a porta e a abriu, surpreendendo-se ao ver Lorenzo do lado de fora.— Oi, vim ver o Sr. Alberto. — Disse Lorenzo.Renatta não disse nada, apenas deu passagem para que ele entrasse no quarto.Cristina sorriu, levantando-se:— Sr. Lorenzo, por favor, sente-se.Enquanto falava, ela lançou um olhar para Renatta:— Renatta, não vai ajudar o Sr. Lorenzo com as coisas dele?Renatta pegou as flores das mãos de Lorenzo e, sem dizer nada, as colocou de lado. Baixando os olhos, falou:— Mãe, Sr. Lorenzo, vocês conversem. Eu ainda não jantei, vou sair para comer alguma coisa.E com isso, ela virou-se e saiu do quarto sem hesitar.Cristina olhou para as costas da filha com certa resignação e disse com um sorriso:— Filipe, vá levar sua irmã para comer. Ela não conhece bem a área.— Claro.Depois que Filipe saiu, Cristina voltou-se para Lorenzo:— Sr. Lorenzo, desde que o Grupo Borges enfrentou problemas, muitos têm evitado a família Borges. Vir ver meu marido agora não é algo q
Cristina mal terminou de falar, e Filipe ao lado já gritou de forma exagerada:— Eu não quero! Eu sozinho vou morrer de cansaço! Que tal a gente dividir o Grupo Marques? Você cuida da sua metade, eu da minha?Renatta ficou sem palavras.Vendo sua expressão de cansaço, Filipe tomou a decisão imediatamente:— Pronto, para de resistir à toa. Amanhã de manhã eu passo para te pegar e vamos juntos para a empresa.— Tá bom. — Respondeu Renatta.Eles já haviam decidido tudo por ela, o que mais Renatta poderia dizer?— Vamos, eu te levo para casa! — Disse Filipe.No caminho de volta, Filipe, de ótimo humor, começou a cantarolar, o que fez Renatta, ao seu lado, lançar olhares curiosos de tempos em tempos.— Irmão, você está tão animado. Tá apaixonado?Filipe olhou para ela e respondeu:— Não, por que pergunta?— Nada, é que você parece estar de ótimo humor.Filipe deu uma risada, exibindo seus dentes brancos:— Porque agora eu tenho alguém para dividir a gestão da empresa comigo. Você sabe como