PRIMEIRO CAPITÚLO
Sentada sob a relva embaixo do guarda sol, Larissa olha ao longe o belíssimo por do sol, que desce vagarosamente escondendo-se atrás da montanha que declina suavemente sobre o misterioso entardecer.
Ela soluça silenciosamente, pois esta só e seu coração esta muito triste, ela acaba de fugir de casa e não tem a menor noção de que caminho seguir.
Abraça seu pequeno urso de pelúcia e olha extasiada a fascinante beleza da natureza.
O por do sol avermelhado que como uma sublime mágica vai desaparecendo dando lugar à noite que aproxima de mansinho, surgindo de vez enquanto uma pequenina estrela no céu.
Larissa deita então sobre a relva e fica a imaginar, como será o céu se um dia for para lá, será que poderei admirar tudo a lua acompanhada de suas amigas estrelas que vão saindo uma, a uma enfeitando o grande azul do céu.
Esta arrependida, mas esta muito longe de casa e não tem como voltar antes que escureça, por isto fica ali quieta admirando a paisagem.
Enquanto pensa adormece e por algumas horas fica ali frágil, indefesa envolta em sua tristeza adormecida feito uma criança carente que quer ser notada.
As horas passam e o sono profundo em que caira, devido à canseira de ter caminhado horas e horas não percebe que o tempo muda que as estrelas são encobertas por uma grande nuvem que esta prestes a
desabar. Acorda assustada com o barulho do trovão e ao abrir os olhos vê o brilho dos raios que ciscam o céu fazendo-a tremer de medo.
E agora o que fazer, para onde ir, o vento assopra numa velocidade que ela quase não consegue ficar de pé, agarra-se numa pequena arvore tentando se firmar e não ser levada pela tempestade.
Fica ali por algum tempo querendo entender o que esta acontecendo, se algum tempo atrás tudo era tão bonito, agora tudo estava diferente a noite se tornara muito mais negra, apenas vendo alguma claridade quando um raio corta o céu.
Larissa ficou ali por muito tempo, não sabe o que aconteceu, pois não agüentando mais suas mãos se soltaram da arvore e ela fora levada pela enxurrada que carregava tudo a sua frente.
Não sabe por quanto tempo foi arrastada e nem por onde passará, a única coisa que se lembra é que acordara com o barulho dos trovões e depois tudo fora muito rápido.
Abre os olhos vagarosamente tentando descobrir onde estava, mas não consegue sequer se levantar do chão, esta presa embaixo de galho de arvore e não tem como retira-lo, pois é muito pesado e ela não tem como se movimentar, então fica ali inerte sem condições de sair e sem ter ninguém para ajudá-la.
Tenta erguer os braços, mas qual nada eles estão presos praticamente soterrados na lama.
A noite que começara linda toda enfeitada de estrelas terminará com um grande vendaval acompanhado por uma tempestade, que dá lugar a um sol amarelado meio envergonhado que aponta sua cara de vez em quando atrás das nuvens que continuam se formando prenunciando uma nova tempestade.
Larissa sabe que tem que sair dali rapidamente ou será ou seu fim, começa a gritar com toda força que ainda lhe resta nos pulmões e na garganta.
Socorro... Socorro... Alguém ai me ajude, preciso de ajuda.
Socorro... Socorro...
Qual nada ela grita até não ter mais forças e termina sem voz e sem forças para continuar gritando, então se aquieta e fica esperando que aconteça um milagre e que alguém venha lhe ajudar.
As nuvens vão ficando mais escuras e der repente começa a chover novamente, Larissa reza baixinho pedindo a DEUS que lhe conceda uma morte sem sofrimento, pois sabe que se a chuva aumentar e descer da encosta uma nova enxurrada estará morta, pois não tem como se defender da água.
Quando acha que esta tudo acabado eis que ouve passos se aproximando, arranja forças do fundo do seu eu e grita com a voz meio rouca socorro... Por favor, alguém ai... Ajude-me, por favor.
Então vê um velho Senhor chegar bem perto dela e ao olhá-la fala devagarinho, calma garota já vou retirá-la daí.
Com muito esforço arranca o galho da arvore que a impedia de se levantar e depois com as mãos começa a tirar
a lama que cobre os seus braços e quase todo o seu corpo. Em seguida puxa-a colocando-a de pé.
Larissa quase não consegue parar de pé, então apóia no velho senhor que a conduz rapidamente para longe dali, deixando a chuva seguir seu curso.
Larissa esta tão mal que não sente seus pés caminhar e quando percebe esta de frente a uma grande casa rodeada por um imenso jardim todo florida.
O velho senhor a deixa na porta dizendo apenas bata que viram lhe socorrer.
Ela vira-se e começa a bater na porta e ao voltar-se novamente para agradecer não havia mais ninguém ali.
Apavorada Larissa chama pelo homem, mas a porta se abre e aparece Maria uma meninazinha muito linda, de longos
cabelos pretos, olhos esverdeados e sorriso inocente.
Oi... Quem é você?
Eu sou Larissa!
Nossa exclama a garota, como você esta suja?
O que ouve?
Como é seu nome?
Meu nome é Maria e tenho cinco anos, mas já sei desenhar.
Verdade!!!! Sim eu faço desenho de gente, de bicho, de sol, de lua e até mesmo de moça bonita suja de barro.
Nisto ouvem alguém chamando>>>
Maria... Maria... Quem esta ai?
Olha mamãe é a moça do desenho, venha ver.
A jovem mulher aproxima, e ao notar Larissa fica sem fala, olha para Maria e pede vá meu bem deixa que falo com a moça.
Esta bem mamãe eu já vou então, mas, tchau moça.
Larissa responde baixinho tchau Maria...
A jovem mãe pega Larissa pela mão dizendo, venha meu bem vou levá-la para tomar um banho depois à gente conversa.
Larissa entra no chuveiro ajudado por Pietra que a segura enquanto banha-se, pois mal consegue ficar de pé.
Apos o banho quente, Pietra arruma-lhe uma roupa limpa e quentinha, pois devido ao tempo frio Larissa mal se agüenta apos toda a jornada que enfrentará sendo arrastada pela enxurrada.
Pietra vem com remédios, pomadas para curar os ferimentos e uma sopa bem quentinha para alimentá-la.
Larissa estava muito abatida devido ao tempo que passará quase que soterrada na lama, suas mãos tremem e ela chora baixinho.
Calma garota esta tudo bem, diz Pietra a senhora que á acolhera.
Tome esta sopa quente que vai se sentir bem melhor, depois a gente conversa.
Enquanto Larissa com muita dificuldade tomava a sopa, Pietra curava os arranhões de seu corpo, ate mesmo em seu rosto onde pequenos pedaços de arvores haviam passado e arranhado sua pele macia e jovem.
A pequena Maria entra correndo no quarto onde a mãe cuida de Larissa. Mamãe... Mamãe deixe-me ajudá-la a cuidar da moça do barro.
Menina preste atenção no que fala, pois ela não é moça do barro e sim Larissa.
Este é o nome dela!
Esta bem mamãe me desculpe moça...
Coloca a mão na boca parando a frase no meio, retornando com
Desculpe-me Larissa.
Larissa seca os olhos com as mãos e sorri para a pequena Maria
Não tem importância meu bem, eu não vou ficar chateado com seu comentário.
Maria esta muito agitada e não para de falar o tempo todo, porque você estava suja de barro.
Porque estava sozinha, eu não vi ninguém com você, você não tem medo de andar no meio da chuva.
Pietra der repente grita com Maria.
Chega Maria deixe a moça em paz, não vê que ela não esta bem.
Chega de tanta pergunta!
Mas mamãe só mais uma...
Chega Maria já disse:
Moça do barro onde vai dormir?
Maria saia já daqui vá brincar com sua boneca em seu quarto já.
Maria resmunga alguma coisa e sai correndo para o seu quarto para onde a mãe á havia mandado.
Pietra senta-se a beira da cama e acariciando os cabelos de Larissa pergunta?
O que houve com você?
O que aconteceu para vir parar aqui embaixo de um temporal toda enlameada e sozinha.
Você não tem ninguém?
Responda você não tem família, não tem pai, mãe, irmão alguém que possamos avisar para vir buscá-la.
Larissa fica calada não diz nada, ela teme falar a verdade e ser expulsa dali, por isto resolve se calar.
Esta bem não quer falar não fale, mais descanse e depois conversaremos.
Retira-se do quarto deixando-a sozinha com seus pensamentos que a levam de volta a sua casa onde tudo começou.
Volta ao tempo de escola onde aprendera a ler as primeiras palavras, para ela era um sonho poder conhecer as letras e ler suas próprias histórias.
Tudo parecia tão fácil e pratico, fazia parte do dia a dia de qualquer pessoa comum, mas, no entanto tudo iria mudar a partir dali.
Sua professora uma moça muito bonita, que a convite dela passou a freqüentar sua casa, sua mãe uma senhora simples e humilde que dedicava todo seu tempo à família, a sua casa e a seus filhos.
Larissa tinha mais dois irmãos, Miguel e Rafael, dois meninos um pouco mais velhos que ela, mas meninos educados e inteligentes.
E para sua mãe Diva, este era o nome dela, os três era tudo.
Seu pai Jovem ainda bonito, muito galante e dono de uma pequena fazenda com algumas cabeças de gado era uma pessoa cobiçada e invejada pelos moradores do lugar.
Larissa se transporta para sua casa e quase em transe vive toda sua história novamente.
Mamãe... Mamãe eu trouxe minha professora para conhecer a senhora.
Oi como vai... Não repare na bagunça, pois não venço limpar e os meninos bagunçam tudo de novo.
Mas seja bem vinda.
Dona Diva a senhora não imagina a filha que tem...
Ela é super inteligente e tem mais, é uma menina de ouro.
Dona Diva sorri com o elogio e em seguida pede à professora que se sente que vai preparar um cafezinho para ela.
Não se incomode, não quero lhe dar trabalho.
Que trabalho que nada, fazer um cafezinho para a professora de minha filha é uma honra para mim.
Larissa fica folheando um livro que trouxera da escola e não percebe que a professora olha tudo ao redor sem sequer prestar atenção na história que teima ler para ela.
Sua mãe volta com o café e alguns bolinhos que prepara rapidamente enquanto fervia água.
Neste instante seu pai entra na sala cantarolando feliz com o chapéu e o paletó na mão, mais para estático ao ver que tem visita em casa.
Papai veja esta é minha professora!
Desculpe-me não sabia que tinha visita.
Não se preocupe esta tudo bem, deixe-me apresentar.
Meu nome é Vera e adoro sua filha.
Que bom que a minha princesa é querida pela professora.
Dona Diva os interrompe, venham tomar o café que esta fresquinho acabei de passar, e aproveitem para experimentar os bolinhos também.
Larissa o pai a mãe sentam-se a volta da mesa e começam a se servir, quando ouvem os passos de Miguel e Rafael que entram correndo pelo recinto.
SEGUNDO CAPITÚLOO Pai grita com os meninos, calma garotos temos visitas e precisam mostrar que são bem educados.Os meninos se calam e aproximam da mesa onde a mãe pede a elas que lavem as mãos e voltem para tomar o café.Larissa esta toda animada e começa a contar a mãe que hoje lera um texto completo na escola, e que todos a elogiaram.A professora não perde tempo e aproveita para acrescentar, Larissa é uma excelente garota e sei que em breve será a melhor a
TERCEIRO CAPITÚLOAo entrar no quarto Pietra segura entre as mãos o rosto de Larissa que esta todo avermelhado com pequenas manchas escuras.Ela grita seu João corra buscar o Dr. Mario, pois eu acho que a menina esta morrendo.Seu João sai apressado apanha o cavalo na cocheira e segue a todo galope para o povoado que fica a uns dez quilômetros dali.Mas ele sabe que será inútil, pois nunca virá nada parecido com aquilo.Pietra, no entanto reza baixinho pedindo ajuda de DEUS e dos anjos para que não deixe nada acontecer a Larissa.Maria volta sorrateiramente e entra no quarto sem que a mãe perceba e atrás da cortina presencia toda a cena que sua mãe mesmo
QUARTO CAPITÚLOMaria, Jane e Chico seguem a mãe que leva Larissa pela mão ate a cozinha a fim de preparar algo para ela comer.Puxa uma cadeira coloca a menina sentada e volta-se para o fogão atarantado em fazer o lanche para a garota.Prepara rapidamente um lanche um suco e quando se vira fica surpresa, pois cadê a garota.Caminha ate a porta e ao olhar para fora vê a cena, mais incrível de sua vida, sentada embaixo de uma enorme arvore esta Larissa brincando alegremente com algumas borboletas que voam sob sua cabeça.Ela vai ate a menina e entrega a comida virando-se em seguida para retornar para dentro de casa simplesmente extasiada, pois o que acabara de ver estava lá no desenh
QUINTO CAPITÚLOOs três saíram correndo em meio as jardim rindo das borboletas que flutuam livremente por entre as flores, Jane e Chico disfarçam a tensão do momento, pois sabiam que aquilo nada, mas era do uma lição de vida. E sabiam que Maria na sua inocência não iria entender que certos fatos que acontece na vida, já trazemos conosco ao nascerE que o tempo aqui no chão nada mais é do um aprendizado e muitas das vezes podemos amenizar, mas jamais mudar o que já veio de outra vida.Assim nascemos e assim morremos como seres vivos que trazem o seu caminho na bagagem quando aqui chegam.E este era o destino de Larissa uma linda menina que nasceu numa casa feliz
SEXTO CAPITÚLOE bem ai que começa o martírio de Larissa e sua mãe que passam a ser tratadas como escravas de Vera e do próprio pai.Sorrindo os dois sentam-se perto de Diva desmaiada no chão e aguardam pacientemente que ela desperte.Larissa encolhida num canto da cozinha soluça copiosamente seu medo, seu pavor, todo o horror daquela cena que fere tudo de bom que havia vivido todos os primeiros anos de sua vida.Os dois sorriem felizes e cientes das maldades que certamente iram fazer contra as duas.Larissa tenta se aproximar da mãe, mas é impedida pelo pai que a ameaça dizendo:Nem tente se aproximar desta ai ou será pior para as duas.Depois de algum tempo
SETÍMO CAPITÚLOAs duas se apressam, enquanto uma cuida de limpar as sujeiras feitas pelos seus carrascos, à outra vai para cozinha cuidar da comida.A ansiedade as faz trabalhar sem reclamar sem sequer sentir canseira, Larissa lembra-se dos dias que passará na casa de Pietra e sorri ao se lembrar do rostinho de Maria que dizia que seu anjo estava sempre presente cuidando dela.Lembra-se também do papagaio e de Jane que nunca fala nada, mas que Maria dizia que ela sabia de tudo.Então der repente sua mente começa a analisar tudo que aconteceu nos últimos tempos, de tudo que tem vivido e uma imagem surge do nada em sua cabeça.Em meio aos gritos do pai que entra neste momento e a vê parada aparec
OITAVO CAPITÚLOMaria, Maria acorde, vamos Maria acorda, anda, rápido veja o que esta havendo!Hã... Hã... O que foi, deixe-me dormir!Maria acorda, vamos deixa de ser preguiçosa e acorda, vamos menina temos uma missão para cumprir.Maria abre os olhos vagarosamente, espreguiçando toda sobre a cama, mas novamente ouve a vozinha de Jane que grita.Vamos Maria, não temos muito tempo, venha depressa, tem que ser agora. Vamos Maria antes que seja tarde demais.Maria senta na cama esfregando os olhos e olha para a boneca do seu lado que continua falando na sua linguagem, venha Maria eu sei que você me ouve, e me entende, portanto não se faça de boba e venha comigo agora.
NONO CAPITÚLOChico voara algum tempo em busca de um lugar seguro para passarem a noite e acabara na cabana, ou melhor, no que sobrara da cabana e dá de cara com Maria dormindo suavemente, feito um anjo com a pequena Jane nos braços. Acomoda-se ao lado da garota mansamente procurando não acordá-la, pois percebe que ela esta muito cansada e precisa descansar.Logo depois nota que tem mais alguém ali, além deles surpreso vê os garotos deitados logo adiante enrolados num cobertor, bem no meio da cabana.Chico vai ate lá e fica emocionado ao lembrar-se da cena desenhada por Maria do fogo que consumia a cabana e da nuvem que cobriu todo o lugar com a neblina branca, salvando a vida