Alana:O mundo parou. Meu corpo ficou rígido, como se meu sistema nervoso tivesse sido desligado de repente. O vestiário masculino, antes apenas um pano de fundo sem importância, agora parecia uma cena de pesadelo. O cheiro de desodorante misturado ao suor dos atletas, os armários metálicos alinhados contra a parede, o som distante das comemorações no ginásio... tudo se tornou um borrão indistinto.O que estava nítido, absurdamente nítido, era a visão do meu namorado, Jack Gardner, e da minha irmã mais nova, Amanda, se beijando como se fossem os únicos no mundo. As mãos dele, que tantas vezes seguraram as minhas, agora percorriam o corpo dela com a mesma intimidade com que já me tocaram. Os lábios que me prometeram amor eterno estavam devorando os dela.O buquê de girassóis escorregou dos meus dedos, despencando em câmera lenta até o chão. As pétalas amarelas se espalharam sobre o piso de azulejos frios, como um símbolo da ruína dos meus sonhos.Minha mente se recusava a processar. Aq
Alana:O buquê de girassóis deslizou das minhas mãos, caindo no chão e levando junto os meus sonhos para o futuro.Jack olhou para mim assustado e se afastou rapidamente de Amanda.— Alana, eu posso explicar...— Aposto que sim! — Adam sibilou irritado — Então, era com esse idiota que você estava fazendo planos, Alana?— Há quanto tempo? — questionei limpando as lágrimas do meu rosto — Há quanto tempo estão fazendo isso pelas minhas costas?— Meu amor, Alana, me escuta, não é bem assim que...— Há quanto tempo? — gritei furiosa — Há quanto tempo você e a minha irmã mais nova estão me traindo?— Alana, eu...— Quatro meses! — Amanda respondeu despreocupadamente — Estamos saindo há quatro meses .— Quatro meses? — senti como se uma flecha perfurasse meu peito — Quando você me pediu para te dar cobertura para sair com um cara meses atrás, era com ele que estava saindo?— Sim! — ela respondeu simples e direta — E sim, fizemos mais do que dar uns amassos.— Amanda, você não tem vergonha? —
Alana:Toquei o lugar onde ardia na minha face e senti meus olhos lacrimejarem novamente, mas desta vez eu não deixaria que as lágrimas caíssem, nunca mais eu iria chorar por uma traição novamente.— Como ousa falar assim da sua irmã mais nova? — ela interrogou irritada — Você não tem o mínimo de decência?Como sempre, ela estava do lado da Amanda, sua filha favorita.Sorri amargamente ao perceber que ela nunca olharia para mim como olhava para ela, que nunca me defenderia como defendia ela, que sempre fecharia os olhos para os erros da minha irmã mais nova.— Mas que droga de mãe é você? — questionei furiosa a olhando nos olhos — Como pode continuar favorecendo a Amanda, mesmo quando ela está errada?— O que? — ela perguntou confusa e atordoada por me ouvir respondê-la.Normalmente eu não faria algo assim, eu nunca fazia ou falava nada, nunca, eu apenas ficava em silêncio, aguentando tudo, mesmo sabendo como era injusta a forma distinta com que ela nos tratava.— Eu acabei de dizer
Alana:— Coloquem ela mais alto! — ordenei enquanto suspendiam a modelo pelo fio — Tudo bem. Assim está ótimo.Me aproximei do fotógrafo e olhei bem para a lente de sua câmera.— Ajeite o ângulo, quero a foto perfeita! — ordenei — Ela deve parecer um anjo, mesmo que esteja despencando do céu.— Mas, quem caiu do céu foi Lúcifer! — ele disse me encarando.— E eu te perguntei alguma coisa sobre o diabo? — cruzei os braços e franzi o cenho.— Não senhora! — ele respondeu um pouco nervoso.— Concentre-se no seu trabalho! — ordenei.A Megera, era assim que eles me chamavam quando eu não estava olhando, mas corriam como gatinhos assustada quando eu dava uma ordem.Ser a megera da CG Magazine não era tão ruim, além do medo que causava neles, eu era a CEO da revista, a presidente adorava meu trabalho e eu sempre recebia um salário grande, que me permitia viver uma vida confortável e bem luxuosa em Manhattan.Era quase o paraíso.Eu era boa no meu trabalho, mais do que boa, era a melhor, insub
Alana:Connor Mackenzie?O amigo de infância do Adam? Seria ele mesmo?Aquele homem vestia uma camisa xadrez com os botões totalmente abertos, em sua cabeça estava um chapéu, e em seu ombro estava pendurada uma cela.— E aí? — Ramona perguntou ansiosa — Ele não é um espetáculo?— Temos modelos mais bonitos aqui na CG Magazine! — declarei desviando os olhos da página do calendário. — Não é desse tipo de beleza que estamos falando, Alana! — Ramona negou — Os nossos modelos tem uma beleza padrão, influenciada pela carreira, produtos de beleza e maquiagem. Não são como esses homens rústicos do calendário, eles tem uma beleza exótica, um charme que não dá para ser encontrado em nenhum homem de New York.— Talvez ele seja razoável! — falei.— Ouça, temos que fazer um ensaio com esse homem! — ela disse — Vai ser fabuloso, um estouro se esse homem rústico e extremamente sexy for capa da CG Magazine.— Ele não é o padrão dessa revista! — argumentei — Somos uma revista de moda, não de produtos
Alana:— Olha só, se não é a filha pródiga retornando ao lar! — uma voz masculina grave ecôou, fazendo os pêlos do meu corpo se eriçarem — Como vai, Alana Wayne?Por que aquela voz era tão familiar?Me virei lentamente e encarei o homem atrás de mim.Era ele. Connor Mackenzie.O cowboy do calendário da Ramona.Mas, não era só isso, não é? Tinha mais coisa aí. Ele também não era alguém que eu já conhecia?— Bem vinda de volta ao Tenessee! — ele disse cruzando os braços.— Desculpa, você me conhece? — perguntei.— Óbvio que sim. — ele sorriu de canto — Eu não teria vindo até Knoxville para te buscar se não conhecesse você. Até trouxe a minha limosine para levar você, princesa exigente.Ele apontou para a caminhonete azul e branca com motor a diesel. Onde eu já havia mesmo vídeo uma caminhonete parecida com aquela?— Por que você viria me buscar no aeroporto? — perguntei confusa — Você é amigo do meu irmão?— Sim. Connor Mackenzie. — ele sorriu e estendeu a mão para mim — Se lembra de
Alana:Todos à nossa volta nos encaravam sem nem piscar ou ao menos disfarçar. O motivo era óbvio. Eu havia retornado a aquele fim de mundo.Soltei um longo suspiro.— Parece entediada! — Adam observou — É assim que você age ao reencontrar o seu irmão mais velho depois de tanto tempo?Apenas arqueei a sobrancelha e o encarei em silêncio.— Tudo bem! — ele levantou as mãos em rendição — Que atitude eu deveria esperar da megera de New York.Um sorriso irônico apareceu em seu rosto.— Não é assim que eles te chamam? — ele questionou — Megera?— É divertido para você? — questionei — Já debochou o suficiente?Ele pigarreou sério e abaixou a cabeça.— Desculpa! — ele disse.Descruzei os braços e olhei em volta, a velha lanchonete do Dock continuava a mesma. O mesmo lugar velho, os mesmos balcões metálicos com detalhes vermelhos e os mesmos papéis de parede amarelados e surrados, até mesmo a Joy continuava ali. Quantos anos ela já deveria ter? Uns quarenta?Eu me lembrava bem de como ela faz
Alana:Caminhamos pelas ruas da cidade sentindo a brisa da noite e ar puro preenchendo nossos pulmões.Eu tinha me esquecido de como a vida em Erwin era mais sossegada, mesmo quando se estava na cidade e não na fazenda.— Está sentindo o cheiro de grama verde? — Adam questionou — Não é agradável?— Sinto cheiro de estrume! — resmunguei — Isso é agradável para você?— Por que voltou se odeia tanto Erwin? — ele questionou.— Por sua causa! — respondi simples e direta — Achei que deveria estar presente no seu casamento.— Bem, então eu tenho que te agradecer! — ele sorriu animado.— É bom que saiba disso! — sorri — Já posso retornar para o hotel? Tenho trabalho a fazer!— Trabalhar? — ele questionou surpreso — Não veio para o meu casamento?— O meu trabalho não acaba só porque eu viajo! — contei — Vamos indo!Antes que eu me virasse para sair ele segurou meu braço e me arrastou em direção a adega do cowboy.— Para onde está me levando? — questionei.— Antes de você retornar ao hotel, vam