Joe
Abaixo meus olhos para absorver sua expressão. Seus olhos estão vermelhos e cheios de lágrimas, sua boca está tão vermelha que ela parece ter mordido bem forte, minha... Isso está tão perto de acabar, sei que algum dia ela terá que lidar com a verdade, e isso a libertará do amor que sente pelos que dizem ser seus pais. Emílio Antonelli e Fiorella Delphinne são vigaristas e tem uma vida suja com muitos segredos sórdidos.
Afirmo com toda certeza que quando ela tiver de enfrentar a realidade, ela irá repensar sobre essa devoção ridícula aos pais dela.
"Eu preciso que me diga, o que quis dizer com isso?" Ela insiste limpando as lágrimas de seus olhos.
Se ela insiste.
"Já que insiste bella. Seus pais compraram você, assim como todos os seus irmãos, foi dessa vez q
EmíliaVejo ao longe meus pais entrarem em casa, meu coração está tão acelerado que eu mal consigo respirar com facilidade. Estou com medo do que irei ouvir, estou destruída, destroçada e infinitamente magoada por dentro. Saber que minha vida toda foi uma mentira, dói. Dói tanto que meu coração quase não aguenta. Já não tenho mais lágrimas, minha cabeça dói tanto, minha mente está girando. Estou perdida.Quando entro em casa percebo que a porta do escritório está fechada, entro por ela sem bater e encontro os dois me olhando com surpresa. Jogo a pasta encima da mesa a frente deles e cruzo meus braços. Nenhuma palavra foi dita, não é preciso e não tenho nada para falar até que vejam o que descobri.Quando terminam de folhear os documentos freneticamente, Emíl
JoeEstou sem acreditar no que acabei de ouvir, estou surpreso é claro. Porque com minha tamanha inteligência, não me ocorreu que ela poderia me deixar se parasse de se importar com os pais? Se sua devoção e amor por eles acabasse? Condenação! Eu perdi a noção de tudo.Nesse espaço de quase um mês juntos, ela me enlouquecia na cama, assim como eu a ela, eu nunca senti tanto prazer com uma mulher como senti com Emília, eu fui o primeiro homem de sua vida, mesmo que por um acordo, e eu não consigo suportar a ideia de que acabou, que eu não a terei mais.Nós fizemos sexo, muito sexo, com ela eu fazia questão de ser um amante carinhoso pensando totalmente em sua felicidade na cama. Diminui até minhas jornadas fora da cidade, nas quais eu sempre ficava dias. Ela não era hipócrita e sempre dizia que gostava, al&ea
EmíliaMe encolho cada vez mais no banco do carro, estou quase fazendo parte do couro que reveste o assento, tapo meus ouvidos quando me assusto com barulhos altos, estalos secos, devem ser tiros, são muitos e a cada momento vão ficando mais alto. Meus olhos estão lacrimejando com o medo intenso que cresce dentro de mim.Céus, nunca estive em uma situação assim. Minha vida era tão calma e monótona antes de conhecer Joe. Isso parece mais um filme de terror e olha que eu estou apenas ouvindo. Seguro firme a arma que Franco me entregou, ele disse para eu atirar em qualquer pessoa que se aproximasse, não sei se terei coragem de apertar esse gatilho alguma vez. Vasculho o porta luvas do carro e encontro um canivete, ótimo. Talvez eu precise, cortar é mais fácil do que atirar.Passados alguns minutos que pareciam ser horas, alguém abre a porta do
JoeAcordo com uma dor estridente na cabeça. Parece que sou um adolescente de dezessete anos e teve sua primeira ressaca. Não consigo movimentar muito minha cabeça, mas sinto alguém apertando a minha mão como se fosse uma corda de salvamento."Você acordou." Uma voz suave sussurra.Vejo o rosto de Emília aparecer para mim, em seus olhos vejo alívio e lágrimas. Seus cabelos bagunçados caindo sobre o rosto e ombros, seu rosto com algumas manchas de sangue e pequenos arranhões, quando devia parecer menos atraente é quando eu acho-a maravilhosa."Quanto tempo fiquei desacordado?" Pergunto."Não sei ao certo, foram algumas horas." Ela responde e eu reconheço que ela está vestindo as mesmas roupas sujas de antes."Ficou comigo todo o tempo em que estive dormindo?""Claro que sim." Sorrio satisfeito."Voc&e
EmíliaAcordo de um cochilo com meu pulso doendo. Como eu pude um dia me apaixonar por Joe? Olho para a algema em meu braço e penso se sou alguma criminosa para viver assim. Só de lembrar que eu poderia morrer se ele não sobrevivesse, que eu viveria deprimida e infeliz, condeno-me por isso.Eu já entendi o seu jeito, ele gosta de estar no controle o tempo todo, gosta de saber e sentir que ele é quem manda, que coloca o terror. Joe quer que todos o temam, ele gosta de ser ruim e pessoas assim não tem jeito, não existe uma solução para ele. E penso que se talvez ele não fosse assim, eu teria me apaixonado?Eu sou uma masoquista que se apaixona por assassinos que gostam de ser malvados?Se eu fosse uma pessoa totalmente normal, eu não o amaria, eu ainda não sei se algum dia poderei perdoá-lo pela forma como me tomou, atravé
Emília"E então? Vai continuar comigo?" A voz de Joe me traz de volta do meu universo de prazer."Sim." Dou a única resposta que poderia.Ele disse que não lhe devo mais nada, isso significa que ele sabe que o que fez comigo, que eu estava com ele apenas por causa do acordo, ele sabe que foi algo muito sujo e imoral. Ele se desculpou? Não, ele não se desculpou e nunca se desculpará, para ele não há motivos para isso. Mas eu ainda o quero, Joe me quer e não vai me deixar, e eu não quero que ele me deixe.Nada mais importa agora."Preciso ir ver meus irmãos." Falo lembrando-me deles e sentindo uma onda violenta de preocupação de repente."Eu vou com você." Diz se levantando."Não. Fique aqui, você ainda não está cem por cento, ainda mais depois do esforço que fez." Sorrio.
EmíliaOlho com os olhos inundados em lágrimas o avião que decola já no céu. Dentro do aeroporto eu me sento colocando as mãos no rosto e soluço com o coração partido. Minha família estará tão longe agora, até o Crowley foi junto, mas eu sei que foi o melhor para mim e para eles também, e isso é tudo que importa. Custou para que eu os deixasse entrar no avião, primeiro precisei de vários minutos com cada um deles, dei palavras de conforto e minha promessa de nunca abandoná-los.Em seguida chamei um táxi e voltei para casa. Quando chego já avisto ao longe um carro preto, certamente de alguém que Joe deixou para me vigiar, do outro lado vejo o carro que reconheço ser o de Malvina. Desço do táxi e pago-o."Ainda bem que chegou." Malvina diz vindo eufórica ao meu encon
EmíliaAinda não sei quantos dias fazem. Mas sei que são mais de três, eu acabei perdendo a conta e a noção quando eu passo a maior parte do tempo dormindo. Eu estou presa em uma casa diferente, pelo menos o quarto onde fico o tempo inteiro é distinto para mim.Desde o dia em que Joe me disse que eu fui apenas uma aposta e que o que sente por mim é pura obsessão, sentimento de posse, eu nunca mais o vi. Ele me drogou e me trouxe para um lugar diferente, depois disso desapareceu da minha vista, o único que vem me ver é Franco, me dá comida, roupas novas e traz livros para que eu leia.Quando não estou dormindo, estou chorando, as vezes me canso de tanto chorar e vou ler um livro que Franco trouxe, nem sempre como toda a comida, não sinto muita fome. A tristeza dentro de mim é grande e profunda, talvez seja necessário anos para q