Emília
Me encolho cada vez mais no banco do carro, estou quase fazendo parte do couro que reveste o assento, tapo meus ouvidos quando me assusto com barulhos altos, estalos secos, devem ser tiros, são muitos e a cada momento vão ficando mais alto. Meus olhos estão lacrimejando com o medo intenso que cresce dentro de mim.
Céus, nunca estive em uma situação assim. Minha vida era tão calma e monótona antes de conhecer Joe. Isso parece mais um filme de terror e olha que eu estou apenas ouvindo. Seguro firme a arma que Franco me entregou, ele disse para eu atirar em qualquer pessoa que se aproximasse, não sei se terei coragem de apertar esse gatilho alguma vez. Vasculho o porta luvas do carro e encontro um canivete, ótimo. Talvez eu precise, cortar é mais fácil do que atirar.
Passados alguns minutos que pareciam ser horas, alguém abre a porta do
JoeAcordo com uma dor estridente na cabeça. Parece que sou um adolescente de dezessete anos e teve sua primeira ressaca. Não consigo movimentar muito minha cabeça, mas sinto alguém apertando a minha mão como se fosse uma corda de salvamento."Você acordou." Uma voz suave sussurra.Vejo o rosto de Emília aparecer para mim, em seus olhos vejo alívio e lágrimas. Seus cabelos bagunçados caindo sobre o rosto e ombros, seu rosto com algumas manchas de sangue e pequenos arranhões, quando devia parecer menos atraente é quando eu acho-a maravilhosa."Quanto tempo fiquei desacordado?" Pergunto."Não sei ao certo, foram algumas horas." Ela responde e eu reconheço que ela está vestindo as mesmas roupas sujas de antes."Ficou comigo todo o tempo em que estive dormindo?""Claro que sim." Sorrio satisfeito."Voc&e
EmíliaAcordo de um cochilo com meu pulso doendo. Como eu pude um dia me apaixonar por Joe? Olho para a algema em meu braço e penso se sou alguma criminosa para viver assim. Só de lembrar que eu poderia morrer se ele não sobrevivesse, que eu viveria deprimida e infeliz, condeno-me por isso.Eu já entendi o seu jeito, ele gosta de estar no controle o tempo todo, gosta de saber e sentir que ele é quem manda, que coloca o terror. Joe quer que todos o temam, ele gosta de ser ruim e pessoas assim não tem jeito, não existe uma solução para ele. E penso que se talvez ele não fosse assim, eu teria me apaixonado?Eu sou uma masoquista que se apaixona por assassinos que gostam de ser malvados?Se eu fosse uma pessoa totalmente normal, eu não o amaria, eu ainda não sei se algum dia poderei perdoá-lo pela forma como me tomou, atravé
Emília"E então? Vai continuar comigo?" A voz de Joe me traz de volta do meu universo de prazer."Sim." Dou a única resposta que poderia.Ele disse que não lhe devo mais nada, isso significa que ele sabe que o que fez comigo, que eu estava com ele apenas por causa do acordo, ele sabe que foi algo muito sujo e imoral. Ele se desculpou? Não, ele não se desculpou e nunca se desculpará, para ele não há motivos para isso. Mas eu ainda o quero, Joe me quer e não vai me deixar, e eu não quero que ele me deixe.Nada mais importa agora."Preciso ir ver meus irmãos." Falo lembrando-me deles e sentindo uma onda violenta de preocupação de repente."Eu vou com você." Diz se levantando."Não. Fique aqui, você ainda não está cem por cento, ainda mais depois do esforço que fez." Sorrio.
EmíliaOlho com os olhos inundados em lágrimas o avião que decola já no céu. Dentro do aeroporto eu me sento colocando as mãos no rosto e soluço com o coração partido. Minha família estará tão longe agora, até o Crowley foi junto, mas eu sei que foi o melhor para mim e para eles também, e isso é tudo que importa. Custou para que eu os deixasse entrar no avião, primeiro precisei de vários minutos com cada um deles, dei palavras de conforto e minha promessa de nunca abandoná-los.Em seguida chamei um táxi e voltei para casa. Quando chego já avisto ao longe um carro preto, certamente de alguém que Joe deixou para me vigiar, do outro lado vejo o carro que reconheço ser o de Malvina. Desço do táxi e pago-o."Ainda bem que chegou." Malvina diz vindo eufórica ao meu encon
EmíliaAinda não sei quantos dias fazem. Mas sei que são mais de três, eu acabei perdendo a conta e a noção quando eu passo a maior parte do tempo dormindo. Eu estou presa em uma casa diferente, pelo menos o quarto onde fico o tempo inteiro é distinto para mim.Desde o dia em que Joe me disse que eu fui apenas uma aposta e que o que sente por mim é pura obsessão, sentimento de posse, eu nunca mais o vi. Ele me drogou e me trouxe para um lugar diferente, depois disso desapareceu da minha vista, o único que vem me ver é Franco, me dá comida, roupas novas e traz livros para que eu leia.Quando não estou dormindo, estou chorando, as vezes me canso de tanto chorar e vou ler um livro que Franco trouxe, nem sempre como toda a comida, não sinto muita fome. A tristeza dentro de mim é grande e profunda, talvez seja necessário anos para q
JoeNo momento em que Franco me interrompeu no meio de uma caçada, eu estava perseguindo um homem acusado de matar três pessoas, ele estava num hotel, portanto me hospedei no mesmo e aguardei seus próximos passos, era peixe grande, eu estava salivando por aquilo. Todavia, a única coisa no mundo que consegue me tirar do sério, que consegue mexer com todos os meus neurônios mesmo sendo tão pequena, também é a única coisa capaz de me fazer voltar correndo.Franco me disse que ela estava doente, da noite para o dia ela pegou uma febre forte e estava tendo calafrios por todo corpo. Porra, eu fiquei apavorado quando ele me disse isso, voltei feito um louco e agora vejo-a, Emília deitada debaixo de um cobertor coberta de suor e com seu corpo gelado.Já faz alguns minutos que cheguei, mandei chamarem o médico que veio sem tardar, enquanto observo o mesmo ex
EmíliaComo sempre, Joe está de tirar o fôlego, ele é tão bonito que eu não me importaria de passar horas apenas olhando-o. Ainda impossibilitada de raciocinar direito o que ele acabou de dizer, eu só consigo chorar de emoção e parcialmente de raiva por ceder tão rapidamente a sua declaração.Joe me ama, ele me ama assim como eu o amo. Eu só posso estar sonhando."Eu quero que diga alguma coisa." Ele exige e eu sorrio."O que quer que eu diga?" Indago na intenção de provocar nele o que senti quando soube que fui apenas uma vingança em sua cama."Não precisa dizer nada então." Da de ombros e eu me chateio por não conseguir algum efeito com isso. "Você algum dia pode me perdoar pelo que fiz à você?" Surpreendo-me com sua pergunta."Não sei." Respondo sincera e ve
JoeFinalmente eu a trouxe de volta para casa, Emília está prestes a se tornar mais minha do que nunca, estou tão satisfeito e radiante com isso, eu nunca fui do tipo que anela tanto por um coisa ou que quer e não consegue, ela é assim para mim, minha conquista que eu nunca imaginei querer conquistar."Ela está no quarto, quero que a deixem ainda mais espetacular do que ela já é." Dou as ordens para um grupo de mulheres que contratei para que deixassem minhaamatapronta para se casar comigo.Não quero perder mais nenhum dia, ela já aparenta uma grande melhora, acho que o que ela queria mesmo era minha companhia, minha presença ao seu lado, ela estava se sentindo sozinha e penso o que teria sido de mim se algo pior acontecesse com ela, eu não responderia por mim, certamente enlouqueceria e agiria por impulso, podendo prejudicar meu dis