POV: AIRYS
Abri os olhos de súbito, arfando como se tivesse emergido debaixo d’água. O peito subia e descia em um ritmo frenético. Estava suada, a roupa grudando no corpo, o coração batendo tão forte que parecia prestes a rasgar o peito.
Olhei em volta, confusa. Meu quarto. Mas algo estava errado. Tudo errado.
— Meus filhos... — sussurrei, cambaleando ao me levantar. As pernas mal me sustentavam. Levei a mão à cabeça, que latejava com força.
Fui até a porta. Trancada. Tranquei os dentes, enchi o peito de ar e comecei a bater com os punhos.
— JACK! — gritei, furiosa. — Eu sei que você está aí, desgraçada! — socava, empurrava, usava o ombro tentando arrombar. — Por quê?! Por que tá fazendo isso?!
Lágrimas
POV: AIRYS— Fugir? O que ficar com você tem a ver com os meus filhos? — questionei, confusa, o coração batendo com força, descompassado. — O que fizeram com eles?! Onde estão?! Me fala, Colen, por tudo que você ainda sente! Eles devem estar apavorados!Minha voz embargou. Meus olhos se encheram de lágrimas de novo. Um desespero sufocante me engolindo.Avancei, agarrando a camisa dele com força.— Por favor, eu imploro... fala onde eles estão.Ele arregalou os olhos com minha aproximação. Por um segundo, vi a hesitação. Vi o homem que fingiu ser.Então... ele me puxou.Suas mãos agarraram minha cintura e me colaram contra o corpo dele com força. Ele inspirou fundo, rente ao meu pescoço, inalando meu cheiro como um
POV: DAIMON— Alfa, tem certeza disto? — Symon caminhava ao meu lado enquanto atravessávamos o salão principal. Seus olhos varriam documentos, atentos aos pontos marcados com precisão. Mesmo com a voz controlada, a tensão se infiltrava em cada sílaba. — Este plano é arriscado demais.Não respondi de imediato. Os passos firmes ecoavam sobre o piso de mármore, ritmados com meu estado de espírito: impaciente. O peso dos anos queimava sob minha pele. A ausência dela era uma ferida aberta que o tempo se recusava a cicatrizar.— O inimigo está se escondendo bem, Beta. — Rosnei baixo, grave, deixando a voz arranhar em meu peito. — Precisamos tirá-lo da toca. O baile será a oportunidade perfeita para me “verem vulnerável”.Fenrir rosnou com sarcasmos dentro de mim. O lobo se mant
POV: DAIMONVestido preto, justo, abraçando suas curvas como se tivesse sido moldado direto no corpo dela. A abertura lateral deixava à mostra a pele pálida da coxa, convidativa. O decote sutil delineava os seios de forma delicada, mas provocante. Os cabelos castanhos soltos, levemente ondulados, caíam pelas costas com naturalidade, enquanto uma máscara negra escondia parte do rosto, revelando apenas os olhos... verdes, intensos, expressivos. Um contraste absurdo com os lábios vermelhos que pareciam ter sido desenhados para a perdição.Inclinei levemente a cabeça, repousando o cotovelo no braço do trono e o queixo na mão, enquanto meus dedos vagavam distraidamente pelos lábios úmidos de uísque. Meu cenho se franziu. Ela caminhava como se o mundo ao redor não importasse. O salto dos pés marcava o chão com elegância e precisão.
POV: AIRYSMe encarei no espelho mais uma vez. O corpo tremia, mesmo que eu tentasse manter o controle. As mãos suavam, e o ar parecia denso demais para os meus pulmões. Suspirei, longa e profundamente, tentando me centrar, enquanto finalizava a maquiagem com dedos trêmulos. Ajustei o colar firme em meu pescoço. Ele não podia me reconhecer. Ninguém podia. Não agora.Eu precisava me infiltrar. Precisava descobrir onde estavam os meus filhos. Precisava saber o que ele fez com eles.A simples ideia de me aproximar de Daimon Fenrir fazia minha pele arrepiar. A lembrança do seu olhar dominador, do seu toque feroz, me deixava dividida entre o medo e o desejo. Um desejo maldito que eu odiava sentir, mas que ainda latejava, vivo, em algum canto obscuro do meu peito.O baile estava prestes a começar. Um evento como aquele, mesmo em tempos de guerra, era uma afro
POV: AIRYSE sorriu.Aquele maldito sorriso de canto, arrogante, presunçoso. O mesmo de sempre. Como se soubesse exatamente o que causava em mim. Como se fosse dono de cada suspiro, de cada tremor.Sim, ele sempre foi assim. Sempre me desmontou sem precisar de força. Só com o olhar. Só com a presença. Só com um toque.Mas eu não estava ali para me render.Ou estava?Engoli em seco ao ser conduzida para o centro do salão. Sua mão se firmou em minha cintura com força, em um aperto possessivo e autoritário que me arrancou um leve arquejo. Meus olhos correram o salão com um misto de surpresa e alerta. Todos nos observavam. Mas o calor do corpo dele se colando ao meu me tirou do foco. Estava perto demais. Intencionalmente próximo. Sufocante.Senti seu hálito quente roç
POV: AIRYS— Como você… — murmurei, mordendo o interior da bochecha para conter o nervosismo que me consumia.— Você ainda não aprendeu a controlar o seu cheiro. — Seus olhos estavam cravados nos meus, escuros, semicerrados, intensos. Sua respiração estava pesada, o corpo quente demais, a testa úmida, não parecia bem.— Mas o colar… — toquei o pingente no meu pescoço com a mão livre, ainda tentando entender. — Ele deveria camuflar meu cheiro…— Mas não o cheiro das suas emoções. — Ele sorriu de canto, predador e certo da vitória.Seu rosto se aproximou mais uma vez. Os lábios a centímetros dos meus, e eu sentia o calor da respiração dele se misturar à minha. Meu corpo inteiro implorava por fuga ou
POV: AIRYS— Ah, Airys… — ele riu, e o som foi cruel, provocador. — Foi você quem criou essa dúvida. Não confiava no homem ao seu lado, então deduziu que era ele quem te caçava naquela noite.Senti meu corpo estremecer. Um tremor involuntário me percorreu.— Poxa, Alfa… — o lobo continuou fingindo pesar. — Você não deu motivos para ela confiar em você?— Eu vou arrancar sua língua, seu maldito. — rosnou Daimon, avançando meio passo antes de vacilar de novo. Sua testa se franziu, confusa, o olhar perdido por um instante. — Não sinto… Fenrir.Meu estômago afundou.— Ah, sim… — o lobo ergueu o queixo, orgulhoso de sua perversidade. — Sou culpado, confesso. O veneno na sua bebida… foi f
POV: AIRYSCom esforço, conseguimos nos afastar do salão, indo em direção à floresta. Vi, de relance, Stephan se levantar, ferido, porém firme, agarrando dois lobos que vinham atrás de nós e nos dando tempo para escapar. O caos se espalhava por toda parte, convidados em pânico, gritos, rugidos, corpos se transformando em pleno ar, correndo, lutando. O céu desabou de vez.Relâmpagos romperam o céu escuro, e a chuva intensa caiu com força, misturada à neve fina que começou a se formar. O frio queimava a pele, mas eu mal sentia, a adrenalina tomava conta.Nos escondemos atrás de uma árvore larga, entre rochas cobertas de musgo. Daimon se encostou no tronco, arfando, tentando manter-se em pé. Ajeitei seu corpo ali, firme, e me abaixei ao lado dele.— Fica quieto. — sussurrei, a respir