Katherine
Minha avó, Eleonora, era obviamente uma senhora bem excêntrica, fato este que não escapava aos olhos de nem mesmo uma pessoa sequer que já a conheceu, mas eu não tinha noção do quão excêntrica ela era até encontrar essa caverna.
Ao que parece, Eleonora era dotada de uma magia muito poderosa, que fluía livremente entre as trevas e a luz, com uma naturalidade quase alarmante, e isso não poderia ser tão claro, tão óbvio de se perceber, quanto ao examinar esse lugar, pois aqui ela com certeza agia livremente e não se importava de esconder o quanto amava as trevas que nela habitavam.
Aqui há flores e ervas secas, pós brilhantes, frascos com líquidos de cores alegres, olhos de bichos, frascos com coisas mais do que esquisitas em conserva, ossos
KatherineAssim que o chuveiro atinge uma temperatura que considero adequada, quente, quase pelando, tiro minhas roupas imundas e entro debaixo do jorro de água, soltando um gemido de satisfação assim que ela começa a escorrer pelo meu corpo. A dor nos múltiplos cortes e pequenos arranhões espalhados por todo o meu corpo em nada se compara à deliciosa sensação de esfregar minha pele e ver a sujeira saindo de mim, escorrendo pelo ralo e indo para bem longe. Lavo meus cabelos com um shampoo que encontrei no armário do banheiro. Tem cheiro de rosas, o mesmo cheiro de minha avó. Lembro-me que, até nos seus últimos dias de vida, deitada em um leito branco de hospital, ela ainda tinha esse mesmo cheiro, ainda era minha avó. Depois de condicionar meus cabelos
KatherineSaio correndo do vestiário feminino e atravesso o corredor em direção à porta que leva ao campo de futebol. Estou muito atrasada para o jogo, talvez ele até já esteja próximo do fim, mas ainda assim corro, rezando para que a professora de educação física não tenha sentido, ou percebido, a minha falta. Minhas notas são altas ou altíssimas em todas, ou quase todas, as matérias escolares que estou cursando, o que é uma surpresa, levando em conta que eu tenho sérias dificuldade para entender a professora de química avançada. A excessão às minhas notas perfeitas é a máteria de educação física... Bom, digamos que eu sou muito melhor com uma espada do que correndo longas distânc
Lorenzo Escoro-me contra a grade de proteção da sacada do antigo quarto de Eleonora e fico parado, observando o topo da montanha de pedra ao longe, a mesma montanha que visitamos horas atrás, a que demoramos horas para chegar. Olhando para o topo da enorme pilha disforme e oca de pedra, pergunto-me, pela milésima vez, pergunto-me por qual motivo a velha senhora se deu ao trabalho de criar uma coisa dessas ao lado da sua casa se nem ao menos a coisa em si é útil. Eleonora era uma senhora um tanto quanto peculiar. Não apenas por sua magia, que nunca era apenas luz ou apenas trevas, mas também pelas coisas em que ela falava, pela forma como agia, pela forma como via o mundo ao seu redor. Lembro-me que, anos atrás, enquanto eu vagava por mais um dois muitos bailes dados pelo clã de Ravengarden em que Antônia me obrigou a participar, tive com Eleon
LorenzoHoras depois, quando o sol já está se pondo no horizonte, manchando o céu de lindos tons de laranja, vermelho, roxo e apenas um pouco de azul, em todas as variedades possíveis, ainda estou abraçado em Katherine, que choraminga em meus braços, sentado na cama, sobre os lençóis de seda branca manchados de vermelho.Passo as mãos pelos cabelos de Kat, que estão começando a ficar duros e grudentos à medida que o sangue seca, e beijo sua testa, sussurrando as mesmas palavras de conforto que venho sussurrando há tantas horas, mas elas não surtem efeito, não fazem com que o choramingo cesse ou que ela se acalme.- Por favor, Katherine, fale comigo. - Peço, praticamente implorando, quando parece que já estamos aqui há dias, e não horas.- Boonie... - Ela choraminga e enterra o ros
KatherineNão sei o que me deu, não sei por qual motivo fiz isso, não sei porque disse para Lorenzo Lallybroch que preciso dele e, muito menos, porque eu o beijei dessa forma... Só sei que eu gostei muito.Lorenzo é algo semelhante à uma incógnita em minha vida, nunca sei se ele estará em sintonia comigo ou em qual outra ele estará, nunca sei se hoje vamos discutir ou nos beijar ardentemente... Mas ainda assim eu preciso dele comigo, preciso dele ao meu lado, principalmente agora.- Lorenzo, eu... - Inclino-me ainda mais na sua direção.Estou prestes a abrir meu coração, a confessar o quão importante ele é para mim, não só nesse momento, mas em minha vida, mas a porta se abre repentinamente e nós nos afastamos. O momento está acabado. Voltamos a ser o casal de noi
Lorenzo- Não quero falar sobre isso, Katherine. - Digo, a mesma resposta que dou todas as vezes que ela me pergunta sobre Alya, a mesma resposta que dou para todo mundo que me pergunta sobre Alya. - Nesse ponto da história, Lorenzo, já não interessa mais o que você quer. - Kat grita, puxando uma mecha de seus cabelos longos e escuros com tanta força para trás que eu temo, por um breve segundo, que ela arranque os fios. - Estou cansada de toda essa merda. Estou farta das pessoas falando sobre isso o tempo todo e jogando na minha cara que, apesar de ser sua atual noiva, sou a única pessoa em Lorien que não sabe o que diabos aconteceu entre você e essa tal de Alya. - Ela vira-se de costas para mim, dando alguns passos mais para o interior da floresta, mas então para e me encara novamente. - Acho que cabe destacar qu
Lorenzo - Como assim “depois disso Alya morreu”? - Katherine se mexe do meu lado, parecendo desconfortável com o que acabou de ouvir. - Depois que me recusei a transformar ela em vampira, as coisas foram ficando cada vez mais difíceis. - Afasto delicadamente minha mão da de Kat, sentindo, repentinamente, como se não fosse digno de seu toque. “Como não tinha prática e, por tal motivo, não conseguia controlar sua transformação, Alya transformava-se apenas nas noites de lua cheia, uma semana por mês, mas era o suficiente para transforma a vida de todos no castelo um inferno. Após cada transformação, apesar de estar se tornando mais fácil, Alya implorava para que eu ou algum de meus irmãos a transformasse, para que, como ela amava falar, acabássemos com seu sofrimento. Eu não queria transformá-la, eu não podia transformar Alya pelo simples fato de que eu não aguentaria vê-la como uma de mim, como uma vampira, imorta
Lorenzo- Como assim “depois disso Alya morreu”? - Katherine se mexe do meu lado, parecendo desconfortável com o que acabou de ouvir.- Depois que me recusei a transformar ela em vampira, as coisas foram ficando cada vez mais difíceis. - Afasto delicadamente minha mão da de Kat, sentindo, repentinamente, como se não fosse digno de seu toque.“Como não tinha prática e, por tal motivo, não conseguia controlar sua transformação, Alya transformava-se apenas nas noites de lua cheia, uma semana por mês, mas era o suficiente para transforma a vida de todos no castelo um inferno.Após cada transformação, apesar de estar se tornando mais fácil, Alya implorava para que eu ou algum de meus irmãos a transformasse, para que, como ela amava falar, acabássemos com seu sofrimento.Eu não queria trans