Katherine
- O que? Você só pode estar ficando louca. - Levanto-me da cama e começo a andar em círculos pelo quarto. - Como assim? Como você falou, não existem mais magos, então...
- Pare de andar tão rápido, está me deixando tonta. - Antônia reclama, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos novamente.
Para não piorar a situação da vampira, empurro as pesadas cortinas de veludo para o lado e saio para a varanda, grata pelo ar gelado que bate em meu rosto e agita minhas roupas e meus cabelos. Respiro fundo e fecho os olhos, tentando clarear a mente e pensar de forma coerente.
A vista daqui de cima é linda. Consigo ver um pedaço do labirinto, os portões da frente e a encosta íngreme que é
Lorenzo- Consegue ouvir alguma coisa? - Pergunto para Eduardo, que está sentado no chão, ao lado da porta do quarto onde Antônia está repousando, com a cabeça entre os joelhos. - Faz exatos cinco minutos que você me fez essa mesma pergunta e a resposta continua idêntica à anterior, Lorenzo, eu estou ouvindo tanto quanto você, ou seja, nada. - Suspiro, parando de andar pelo corredor e me sentando ao seu lado no chão. Nunca fui conhecido pela minha paciência, mas, depois de tudo o que aconteceu no Baile de Primavera, somado a tudo o que minha mãe nos contou, não sei como é possível Eduardo estar tão calmo. Assim que saímos do quarto, Alicia se desesperou, desvaindo-se em lágrimas, então Jaxon foi passear com
LorenzoNão é muito fácil surpreender um vampiro, visto que já vimos quase de tudo, mas essa revelação, saber que Katherine é um ser dotado de uma magia rara e infinitamente poderosa, faz com que eu fique mudo, como se tivesse perdido minha habilidade de raciocinar direito. - Não, espera um instante. - Dou um passo para trás, balançando um dedo no ar em negativa. - Você está me dizendo que é uma maga? Tipo, igual a Merlin, O Mago? - Katherine enxuga as lágrimas, um leve sorriso iluminando seu rosto perfeito. - Sua mãe me disse, na verdade. - Katherine cruza os braços sobre o próprio peito, em uma tentativa, percebo, de manter-se inteira e focada. - E eu meio que... Nossa, Lorenzo, eu curei ela. - Naturalmente, as ninfas são as curandeira
KatherineDesde que Merlin invadiu o castelo, as coisas estão tão caóticas que eu mal consigo pensar. Há uma infinidade de pessoas correndo de um lado para o outro nos corredores e tantas reuniões entre o concelho de Ravengarden e o de Lallybroch, que ninguém sequer perguntou como Antônia se curou, apenas a colocaram para trabalhar. O que é um alívio, pois eu simplesmente não sei explicar o que eu fiz, muito menos como eu fiz. Ando pela enorme biblioteca privada de minha mãe, que fica ao lado de seu quarto, aproveitando, com gratidão, o momento, visto que é o primeiro desde o Baile de Primavera em que consigo ficar sozinha, sem Jaxon, Gustavo ou Eduardo perambulando a minha volta, provavelmente a mando de Lorenzo que, assim como eu pedi, tem se mantido longe. Já Alicia... Bem, digamos que ap&
KatherineA viagem de carro foi tão ruim quanto eu imaginei. Por diversas vezes, tentei conversar com Lorenzo, mas ele apenas agia como se eu não estivesse ali, recusando-se a me responder e a sequer me olhar quando chamava por ele. Então, depois de algumas horas tentando, resolvi que dormir seria uma alternativa melhor do que continuar insistindo no assunto. Não sei ao certo por quanto tempo dormi, mas acordo em um quarto escuro e estranho. Levanto da cama, assustada e ando em direção a uma porta de vidro que fica a um canto do quarto. Ao abri-la, noto que dá para uma ampla sacada com vista para a praia, e então percebo que estou na casa de Eleonora, minha avó, no lugar onde Celine e Celeste foram criadas e viveram durante sua infância. - Sério Filipe? - Ando pela sacada e apoio meus
LorenzoDepois de Katherine quase se afogar na areia da praia, onde as ondas quebram e tem apenas um palmo de água, eu a trouxe para dentro da casa e a ajudei a se aquecer. Inicialmente, ela pareceu muito quieta, quieta demais levando-se em conta que, desde que a conheci, o que ela mais faz é falar sem parar, mas assim que Kat parou de tremer, desandou a falar sobre as cavernas dos antigos que rodeiam a casa, ou seja, já voltou ao normal. - Não estou entendendo o motivo de você não querer me levar até lá. - Katherine se joga no sofá, fazendo beicinho e parecendo mais uma criança do que nunca. Ela é tão pequena, tão delicada... Não, não vou pensar nisso agora e, de preferência, não vou pensar isso nunca mais. - Já falei, Katherine, não vou
LorenzoPisco, confuso com a repentina luz que castiga meus olhos. Passei tanto tempo dentro de minhas lembranças que o sol agora já está alto no céu, iluminando a praia e banhando a cozinha com uma luz dourada acolhedora e quentinha. Olho para Katherine, que dorme serenamente em meu ombro, e sinto um sorriso se formando em meus lábios. Não tento evitar esse sorriso, não porque eu esteja sozinho no momento e ninguém possa vê-lo, mas porque, ao constatar que de fato a amo, sinto como se estivesse livre para finalmente demonstrar isso. Pego Katherine no colo, delicadamente, com a intenção de levar ela para um dos muitos quartos que tem pela casa, onde ela poderá dormir confortavelmente por algumas horas, mas Kat acorda imediatamente, sobressaltada. - Me larga... - Ela g
KatherineJá fazem horas que estou tentando executar com perfeição a tarefa que minha avó me passou. Quando ela disse que queria que eu controlasse a água do riacho a nossa frente, imaginei que seria fácil, mas, conforme o tempo vai passando, vou percebendo o quão difícil, se não impossível, é controlar águas que nunca foram e nem quererem ser controladas. - Consigo ouvir seus pensamentos daqui, Katherine. - Eleonora, sentada nas grossas raízes de uma árvore que fica nos fundos de nossa casa, com um livro em seu colo, me repreende. - Já falei que praticar magia não é ficar repetindo a teoria em sua mente, é sentir o poder fluindo atrás de você, fluindo de você, e fazendo o que você quer que ele faça. - Ainda sem olhar para mim, ela faz
Katherine- Por que nada aconteceu ainda? - Ouço a voz de Lorenzo, vindo de algum ponto atrás de mim, e congelo. Que merda, não era para ele estar aqui, presenciando meu fracasso de camarote, e sim em cima da casa. - Não estou conseguindo. - Suspiro, frustrada, enquanto fecho os olhos novamente e volto a me concentrar com todas as forças. - Você está pensando demais. - Ele fala, se aproximando de mim tão lentamente que seus passos não produzem nem um som sequer contra o chão coberto de folhas e cascalhos soltos ao lado da casa. - Não estou pensando demais. - Me defendo, começando a ficar irritada com ele. Por que é tão fácil me irritar com Lorenzo Lallybroch? Você está irritada com ele porque, minha que