“Por Sean Gallagher”Em frações de segundos, enquanto o abraço inesperado me surpreende, noto o olhar curioso de Zoe alternando entre mim e a pessoa que permanece com os braços em meu pescoço. Logo, ela retoma sua compostura habitual.Beatrice solta uma risada divertida ao perceber minha hesitação e se afasta do meu pescoço, permitindo-me finalmente levantar para cumprimentá-la.— Beatrice, que surpresa! — exclamo, surpreso pelo encontro inesperado com uma antiga amiga. Ao me soltar de seu abraço apertado, pergunto: — O que faz aqui?— Você não é o único que possui parentes americanos, se esqueceu? — ela responde, abaixando o olhar. — Mas e você, o que faz aqui? Você não deveria estar em Nova York?— Sim, mas o trabalho me exige algumas viagens. — afirmo, voltando meu olhar para Zoe, que permanece sentada esboçando um olhar desconfortável. — Beatrice, essa é a Zoe, minha assistente pessoal. Zoe, essa é a Beatrice, uma… amiga.— Ah, Sean! Acho que depois do que aconteceu entre nós em M
Após a saída de Beatrice, permaneço em silêncio, evitando que meus pensamentos voltassem ao passado, quando Elena mostrou que estava comigo por dinheiro e me fez passar pelo inferno. Zoe tenta disfarçar, mas seu olhar curioso se fixa em mim diversas vezes, o que só aumenta minha irritação.— Há algo errado? — ela pergunta, visivelmente incomodada com o silêncio que se estendeu desde a sua volta.— Mesmo se houver algo errado, isso não te diz respeito, Srta. Adkins. — afirmo, num tom seco. Zoe desvia o olhar para a taça na mesa, parecendo se encolher em seu assento.O silêncio volta a pesar entre nós, tornando o ambiente quase insuportável. Sei que prometi manter as coisas mais leves, mas a imagem de Elena surge a cada momento, trazendo dores e sensações que eu gostaria de nunca mais sentir.Um tamborilar de dedos, o barulho do garfo raspando o prato enquanto ela mexe na comida sem realmente comer… tudo parece intensificar meu mau-humor.— Pare com isso, porra! — vocifero, recebendo se
“Por Zoe Adkins”Confusão. Uma palavra simples, mas que resume exatamente o que Sean me causa. Algumas vezes, Richard comentou sobre seu filho: as conquistas, a idade, as formações acadêmicas… Mas ele nunca mencionou que seu herdeiro sofria de bipolaridade. Afinal, não é possível que alguém em perfeito estado de juízo demonstre tantas oscilações de humor.Enquanto tentava atravessar a rua, com o coração acelerado e as emoções à flor da pele, quase fui atropelada por um carro que surgiu do nada. Senti um calafrio percorrer minha espinha ao ouvir os pneus frearem bruscamente.Após uma discussão inútil com o motorista e um surpreendente pedido de desculpas de Sean, sem palavras, sinto a necessidade de fugir de sua presença. Mas antes que eu pudesse sair, sinto seus braços me segurando pelas coxas e, abruptamente, sou jogada sobre seu ombro.Surpresa, me debato nos braços de Sean enquanto ele me carrega como um saco de batatas. Minhas mãos batem em suas costas em um esforço inútil de me l
Pela manhã, após passar a noite virando de um lado para o outro na cama, relembrando aquele beijo a cada minuto, sinto o cansaço tomando conta do meu corpo. O resultado da noite mal dormida se faz evidente. Com um suspiro frustrado, levanto-me para fazer minha higiene pessoal.Depois de alguns minutos, pego o celular para conferir as horas e encontro várias mensagens de Ellie, lembrando-me de que desde o almoço com Benjamin não respondo suas mensagens. Vejo também uma notificação de Sean, avisando sobre o adiamento da próxima reunião. Decido ligar para minha amiga.— Zoe Adkins, — ela começa assim que atende —, você faz ideia do sufoco que me fez passar? Juro que estava quase indo atrás de você.— Me desculpe, amiga. As coisas saíram do controle e acabei me esquecendo.— O que aconteceu? — Ellie indaga, claramente preocupada.— Nem sei por onde começar. — respondo, soltando um suspiro pesado enquanto tento organizar os acontecimentos em minha mente.Durante alguns minutos, atualizo mi
Um silêncio tenso se forma instantaneamente, quase posso ouvir os pensamentos de Sean. Seu olhar se torna curioso ao perceber a toalha enrolada em meus cabelos, mas ao focar em meu rosto, que deve estar vermelho pelo choro recente, seu olhar se torna sombrio.O desconforto se espalha por mim enquanto ele parece decifrar os sinais, conectando os pontos e tirando suas próprias conclusões.— Sean, eu… — tento formular uma frase, mas as palavras fogem dos meus lábios ao ver seu maxilar travado. Ele me olha por um momento e então fixa o olhar em Benjamin.— Sr. Sinclair, parece que estou encontrando o senhor mais ao lado da minha assistente do que em assuntos realmente profissionais — Sean diz, irônico. Benjamin olha para mim e volta sua atenção para ele.— Há de concordar que encontros casuais, especialmente com a Zoe, são sempre mais agradáveis do que discutir números e projetos — Benjamin rebate, igualmente irônico.Percebo Sean cerrar os punhos, encarando-me brevemente antes de voltar
Sinto meu coração acelerar diante de sua pergunta, enquanto o nervosismo percorre meu corpo. Ainda de costas, tento pensar em uma desculpa convincente. Respirando profundamente, me viro para ele, tentando responder de forma convincente:— Ah, isso? Benjamin trouxe um presente para uma amiga em comum que acabou de ter um bebê e me pediu para entregar — respondo, mantendo o tom de voz firme. Mesmo que eu queira fugir do assunto, minha curiosidade sobre a opinião de Sean sobre bebês me impulsiona a continuar: — Fofo, não é? Certamente comprarei um desses quando tiver um bebê.— Quando tiver um bebê? — ele repete, levantando a sobrancelha. — Você pensa em ter filhos?— Por que a surpresa? Acredito que seja o sonho da maioria das mulheres que conheço — falo, tentando parecer casual. — E você? Já pensou em ter filhos?— Já tive um dia, hoje é algo que não está nos meus planos — ele responde, dando de ombros, indiferente. Sinto um nó se formar em minha garganta.— Egoísta. Exatamente como im
Após nossa conversa, os dias restantes em Chicago passaram razoavelmente bem. No entanto, talvez por nenhum de nós saber exatamente como agir fora dos compromissos profissionais, acabamos mantendo certa distância quando não tínhamos obrigações em comum. Para minha sorte, os dias turbulentos ao lado de Sean chegaram ao fim, e hoje retornamos a Manhattan no final da tarde.Descemos as escadas do jatinho em silêncio, enquanto Sean coloca os óculos escuros e desliza a mão pelos cabelos claros, uma cena que o torna ainda mais atraente. Um pensamento logo passa pela minha mente: “Definitivamente, a tentação em forma de homem.”Perdida em meus pensamentos, sequer vejo o momento em que ele se vira para mim, flagrando-me imediatamente. Desvio o olhar, tentando esconder minhas bochechas coradas, enquanto ele abre um sorriso satisfeito.— Posso auxiliá-lo em mais alguma coisa, Sr. Gallagher? — indago, tentando fingir que nada aconteceu.— Se eu precisar, sei como encontrá-la, Srta. Adkins — ele
“Por Sean Gallagher”A segunda-feira começou entediante, exatamente como tem sido desde que cheguei aqui: trânsito infernal, café amargo e uma pilha de documentos à minha espera na mesa. Minha mente tumultuada me faz desviar para a vista deslumbrante da cidade e me perder em pensamentos.— Um drink por seus pensamentos. — Ouço a voz de Stefano ecoar pela sala, trazendo-me à realidade. Respiro fundo, virando a cadeira para encará-lo. — Por que está tão quieto?— Uma pessoa não pode tentar se concentrar para resolver seus problemas?— Nossa, quanto mau-humor! — ele diz, irônico, sentando-se. — Caro, acho que está na hora de você desacelerar nos negócios e se divertir, porque o seu estresse está evidente.— Quantas qualidades, primo. Professor de etiqueta, detetive, conselheiro amoroso, advogado… — pontuo nos dedos, tão irônico quanto. Stefano revira os olhos.Respiro fundo, passando a mão nos cabelos enquanto resisto à tentação de concordar com ele. Naturalmente, o estresse sempre foi m