Em seu escritório Ellis se recosta na cadeira e remexe uma caneta em suas mãos, se põe a pensar, seus pensamentos estão longe. A cada dia que passa sente cada vez mais a sensação amarga de ver tudo que ama ir embora, tudo se acabar, desde que morreu e deixou o lugar onde estava para trás, vê a vida passar e ele continuar. Sua morte não foi acidental e muito menos inesperada, o tempo passou e ele se foi, como todas as pessoas, causas naturais, esse foi seu fim. E quando tomou consciência novamente não estava no hospital, estava em um lugar estranho, a última coisa que se lembra foi aquela caveira vestida de túnica e capuz preto lhe estendendo a mão. É uma lembrança que lhe causa desconforto, pois quando a segurou sentiu o algo gelado lhe subir pela espinha, além aqueles olhos amarelos e sombrios.
-Quem é você? – perguntou Ellis.
E nada
Irina caminha pelo solo árido, bate o açoite levemente contra a perna, observa os dorsos nus se contorcendo a sua frente, os punhos amarrados em algemas no topo dos troncos e os gritos de lamento. Outras pessoas correm o mais rápido que podem, trovões são vistos com frequência e novos corpos são arrastados para todos os lados. Seus olhos comtemplam a imensidão, mas os gemidos de dor quebram o silêncio constantemente. O sol arde sem dar trégua, nesse lugar, onde estão as almas não tão boas para subir e nem tão más para descer, como ela mesmo diz, tudo é um constante castigo para aqueles que a morte condena. Ela não acha que é um lugar pior que o andar de baixo, lá pode-se um dia se tornar um demônio sedento pelo cheiro do sacrilégio, é como uma droga, e cada vez que eles provam, sempre querem mais. Ali não há regras, n&at
Sarah leva Adam para casa, ao abrir a porta ele atravessa a sala e senta-se no sofá preto de couro, senta-se no mesmo lugar de sempre, perto da janela, seus olhos se mexem rapidamente procurando, é claro, o controle remoto. Nem parece que ficou semanas fora de casa, olha para Sarah e abre um sorriso ao mesmo tempo que aperta os botões rapidamente. Seus dedos parecem ser treinados para fazer aquilo, e com poucos toques seu canal favorito aparece na tela, o canal de desenhos animados, pouco importa qual seja o desenho, Tom e Jerry, Looney Tunes, não faz diferença. Mal se passam dois segundos e seus olhos fixam na tela, parece hipnotizado pelos desenhos, como sempre foi. - Quer um pouco de cereal? – pergunta Sarah parada no meio do corredor com a caixa levantada, e ela já sabe a resposta para essa pergunta, é um sim, basta ela esperar um pouco, até o som da sua voz chegar aos ouvidos dele. - Sim! – responde quase imediatamente sem tirar os olhos da televisão, m
Na rua Paddie, 832 na esquina com a Annfield fica a igreja de Elbor, tem apenas uma na cidade, mas ela é grande o bastante para todos os que quiserem visita-la. Sua torre central tem altura considerável, as crianças precisam levantar a cabeça se quiserem olhar o sino quando estiverem no jardim frontal. Pintada de branco e com mais de cinco janelas frontais que chamam bastante atenção, porém não mais que a porta de entrada, parece ser bem antiga, de madeira maciça e grossa. Ela sempre precisa ser aberta por mais de uma pessoa, todos as terças e sábados, que são os dias que tem missa o jovem John Walcott e seus amigos apostam que ela não abrir, até hoje os garotos não chegaram a uma conclusão de quantos quilos ela tem. Fazem sempre a mesma aposta, se sentam do outro lado da rua e esperam ela ser aberta, John sempre acha que ela não vai abrir, porque tem mais de
Ellis nuca teve uma vida boa. Na verdade, sempre teve uma vida ruim. Seu principal passatempo era brincar com um baralho velho que tinha. Não era um baralho luxuoso e nem esses de mágicas. Sempre quis ter um Rambler, mas as moedas dos seus bolsos diziam que não. Sempre se contentou com aquele que tinha em casa, não sabe ao certo como ele foi parar ali, mas sabia que era seu. Ninguém mais queria aquele baralho. Apesar de bonito e luxuoso, não tinha mais a caixa, e faltavam algumas cartas. Mas para o menino Ellis, era o melhor baralho que poderia ter. Sempre levava o baralho para onde ia, para a escola, para a igreja, para qualquer lugar. Manuseava as cartas de vários jeitos, de cima para baixo ou vice e versa, as vezes tirando um pouco de baixo e colocando em cima. Cortava o baralho e tentava adivinhar que carta estava no topo. Quase nunca descobria, mas não parava de tentar. Na escola sempre foi bom aluno e tirava notas altas, sua mãe nunca reclamou muito disso, o que mais e
Quando Ellis levou o Santo Graal para o outro lado algo lhe dizia que tinha tirado a sorte grande. Ter achado o cálice mais procurado do mundo e ainda por cima saber que seu verdadeiro poder se manifestava no outro lado da vida lhe causava grande alegria. A única coisa que tinha em mente era que não poderia perder essa chance. A cada minuto que estava em poder do Santo Graal ele se sentia mais forte, seus músculos iam endurecendo e se tornava mais jovial. E a coisa mais importante que percebeu era que ele podia controlar qualquer coisa que tivesse vida. E foi em posse do Santo Graal que Ellis se tornou a pessoa mais poderosa daquela terra sem lei. E a coisa que ele mais queria era sair dali. Sempre falavam que quem tivesse um baú cheio de moedas poderia comprar sua volta a vida com a própria morte. Ellis ganhou muitas moedas, desafiou todos que pode. E em posse do cálice, controlava mentalmente os escorpiões e ganhava centenas de moedas todos os dias. Sempre dispensou os ded
Nos corredores da igreja podem-se ouvir passos a todo o momento, são pessoas indo e vindo das salas, e principalmente do escritório do padre Greene. Com certeza a morte do jovem John Walcott fez com que providências fossem tomadas. No telefone conversas calorosas e gritos nas diversas conversas telefonicas realizadas durante a tarde, fazendo com que o clima se torne pesado. O que mais chamou a atenção é a presença de três pessoas pouco vistas no dia-a-dia da igreja, e o que ninguém sabe é o nome dessas três pessoas. A única coisa que se sabe sobre eles é que são ajudantes pessoais do padre Greene, são dois homens e uma mulher, que usam roupas eclesiásticas e caminham em silencio pelos corredores da igreja.Durante todo aquele dia foram realizadas muitas conversas, e o que mais se pode notar era a impaciência do padre Greene. Seus ajudantes pessoais apenas concord
Em Elbor tudo parece estar em ordem, mas apenas para as pessoas normais que não podem ver além do próprio plano em que vivem. Para Sarah e a tropa de resgate as coisas estão extremamente fora do controle, não é mais tão raro ver pessoas brigando. O nível de criminalidade está nas alturas, tudo parece estar ruindo diante os olhos de todos. Alguns tem diversas explicações para o que está acontecendo, todas erradas, mas elas sempre têm uma explicação.Alguns dizem que isso tudo está acontecendo por causa da época do ano, pois já fazem nove dias que a chuva não dá trégua. Dizem até que isso tudo está acontecendo porque as pessoas apenas estão mais irritadiças com coisas que não costumavam estar, tais como velhos desentendimentos entre vizinhos, ou antipatias antigas. A vidente da cidade afirma que &eac
Sarah e Sipio caminham até as montanhas de Deerwood em busca do restante da tropa de resgate, durante o caminho foram perseguidos por uma manada de demônios. No topo da montanha os dois a observam com certa esperança o fato de poderem encontrar seus amigos, mas sem poderem se comunicar com os dois tem certeza que não será algo tão fácil assim.A montanha não tem uma subida íngreme, mas sim uma subida cansativa, e de certa forma os dois sabem que chegar ao topo será algo que vai demorar um pouco.— Vamos pela face norte Sarah, é menos cansativa — diz Sipio.Eles continuam caminhando, é uma trilha de mata fechada, com galhos e pedras por toda a parte. Andar um metro é algo que pode demorar alguns instantes, tornando o caminho lento e difícil.— Vamos passar por dentro daquela caverna — sugere Sipio — quando chegarmos do outro lado v