Um rangido e dois sentidos: a porta da frente e a dos meus pais.
Nesse momento eu sinto vontade de fugir, é uma vontade maior do que a última que tive, mas quero senti-la, eu quero ir... quero sentir que posso ser muito mais que um silêncio, quero sentir algo...
Eu quero fugir... Para onde? Eu não sei, eu diria para qualquer lugar, pois tudo vai doer em tamanhos absurdos até que não seja mais nada, o seu corpo vai doer, seu cérebro ... basicamente tudo.
Você já sentiu esse sentimento? Que o seu corpo doeu e você não sabia qual era o motivo dessa dor? Eu me sinto assim todos os dias. Quando eu me levanto pela manhã e escuto os meus pais discutirem na cozinha sobre o meu irmão ou sobre mim, quando suas conversas se transformam em brigas, sinto que é minha culpa.
De alguma forma, o meu cérebro sempre me diz que tudo o que faço é insuficiente e que estou fazendo as coisas darem erradas.
Eu ando pela cozinha e na sala de estar, eles não me viram sair, a minh
Durante a sessão de fotos, notei como as pessoas são capazes de disfarçar suas dores quando são fotografadas, um exemplo disso é a Eleanor, que vomitou no banheiro 15 minutos antes de ser chamada para a tela preta e conseguiu fazer que todos acreditassem que as coisas estavam bem quando de fato não estavam. Eu aprendi que os adultos não são os únicos capazes de mentir, nós, os adolescentes, também o fazemos muito bem.Quando chegou a minha vez, o profissional fotográfico me fez sentar em uma cadeira no meio de um fundo preto e me pediu para virar minha cabeça sem cair, para endireitar meus cabelos sem cobrir o meu rosto e sorrir sem parecer falso. Eles me deram uma placa com o ano em que estávamos e peguei três fotos: Uma com a placa de 2017, outro sem a placa e o último com um sorriso falso publicitário de televisão.Todos nós estávamos assistindo a um show realmente ruim onde sair bem em uma foto foi o principal objetivo. Não importa se alguém em sua família morreu, se
Ao chegar nas penúltimas páginas do livro, acabei percebendo que fazia horas desde a última vez que ouvi um zumbidos vindo lá de baixo.A minha mãe desistiu de me deixar sair do quarto, porque sabia que tinha perdido o contato comigo quando ela me bateu.A leitura me fez pensar em coisas, coisas que eu pensava que nunca pensaria. Como, por exemplo, minha vontade de fugir de casa.Como no livro, houve um tempo em que o Charlie teve que fazer escolhas e eles fizeram dele quem ele era. Ele conheceu amigos, se apaixonou pela Sam, se envolveu com o Patrick ..., Mas de vez em quando, assim como eu, o Charlie deixou alguém tomar decisões por ele. Porque sempre foi assim, desde que sua tia Helen morreu, ele sempre se sentiu como um ponto no meio do nada, sendo movido com a pessoa que o escondeu.Os meus pais são como a tia Helen do livro. Eles são extremamente importantes para mim, mas, ao mesmo tempo, eles são extremamente sugadores da minha liberdade.Não pos
Não sei com certeza por quanto tempo fiquei trancada no meu quarto, acabei acordando no chão, embrulhada em posição fetal e com os olhos vermelhos de tanto chorar.Eu sempre tive uma imagem doce e carinhosa de minha mãe, embora ela fosse muito protetora, nunca pensei que ela me machucaria. O amor, quando não é medido, pode se tornar uma obsessão. Para mim, quando duas pessoas realmente se amam, esse sentimento gera coisas boas e não ruins. Quando duas pessoas se amam verdadeiramente, pensam umas às outras e não só em si mesmas.Francamente, às vezes acho que minha mãe ficou cega pelo meu pai. Ele não é a soma total dos nossos problemas, mas é a base. Tudo gira em torno dele. Muito antes de eu nascer, desde que namoravam, ele sempre foi o"porque"da minha mãe.Levantei-me um pouco tonta, caminho até o banheiro e encaro meu rosto no espelho.Eu dormi por muito tempo, é normal que os meus olhos estejam inchados e que haja marcas do pi
O Andy ligou a rádio.“O que você gosta de ouvir?” ele perguntou, procurando por alguma coisa boa.“Na verdade, eu escuto muitas músicas.” Respondi, reparando nos chaveiros dele.“Então, você não tem um gosto único? Algo que seja só seu?” o Andy traçou o botão, parando em uma estação na rádio.“Como é ter uma coisa só sua?” Perguntei. “Porque, bem, uma música não pode ser apenas sua. Haverá outras pessoas que a escutem também.”“Você tem razão, mas eu me refiro ao que ela te faz sentir.” ele diz."Minha cabeça é uma lista de reprodução aleatória." Digo, mantendo-me encostada na janela.Ele gira o botão novamente e para em uma estação. Ela estava tocando uma música chamada Serial Killer, da cantora Lana Del Rey.“O que você sente quando escuta essa música?” o Andy balança a cabeça de acordo com a melodia.A música estava agitada e não consegui entender o que me fazia sentir, eu já tinha ouvido outras músicas da cantora Lana Del Re
Amigo- substantivo masculino;Pessoa com quem tem uma relação de amizade, carinho, companheirismo: alguém em quem você confia. Quem defende um certo ponto de vista ou tem admiração por algo ou por alguém.O Andy e eu somos amigos.Esse sentimento é diferente, um pouco estranho, para ser honesta, mas eu gosto de pensar que somos alguma coisa, de que temos algo com o qual podemos nos relacionar.Eu gosto de estar com ele, gosto de ser amiga dele."Está com fome, agora?" Ele perguntou, oferecendo um pouco de biscoitos.Balancei a cabeça em negativo e retirei meu cabelo do rosto."Hei, como é na sua casa?" o Andy tocou no assunto, os olhos dele me encaravam com brilho. “Eu quero dizer, você me parece uma boa filha, mas nunca vi seus pais te levarem para escola. E bem, também tem as coisas que você escreve no jornal da escola...""Ah, minha família é perfeita." Forcei um sorriso. "Os Meus pais, eles...os meus pais se
Depois naquela noite- exatamente três dias depois- eu fugi numa tarde tranquila, deitei-me no tapete da cabine secreta de Andy e li as últimas palavras de Charlie, que foram:“somos infinitos”. Então, acho que essa é a resposta que eu estava procurando... Somos infinitos, cheios de pensamentos infinitos e sentimentos infinitos.Por enquanto, há uma razão pela qual eu quero lutar. Talvez ele também queira lutar por mim, eu não sei, mas é o que parece.Nas suas palavras, o Charlie disse:“Eu sei que tudo isso serão histórias algum dia, que nossas fotos ficarão velhas e que todos nós seremos mãe e pai. Mas agora, exatamente agora, esses momentos não são histórias. Eu posso ver. Está acontecendo. E nesse momento, nós somos infinitos.”Eu preciso dizer a Andy
A mamãe e eu fomos ao supermercado esta manhã, ela queria cozinhar algo diferente para o meu pai e decidiu que precisava de mim para ajudar com as sacolas.A barriga dela está enorme, o que indica que estamos nos aproximando do fim... Quando meu irmão nascer, bem, eu não sei como as coisas vão ficar.Desde que ela me atingiu, nunca mais tocamos no assunto. Às vezes eu me pergunto se ela pelo menos olhou para mim, bateu na minha porta outras vezes, ou simplesmente agiu como se nada tivesse acontecido. Naquela noite, quando o Andy me levou para casa, subi a árvore de volta e atravessei a janela aberta. Era tarde. Tudo parecia normal, e mais uma vez, meu cérebro concluiu que talvez meus pais não sentissem muita falta de mim.Ontem, quando cheguei tarde da escola, tive a mesma sensação.Depois da aula, o Andy e eu fomos ao esconderijo, comemos biscoitos e terminei de ler o livro que ele me emprestou. Então, quando cheguei em casa, às 2:00 da tarde, era como
O Noah passou a mão esquerda no meu ombro e com a outra ergueu-me a postura."O que aconteceu?" Ele perguntou.Diante de mim está o Noah Alanho, um garoto bonito e popular, muito bom em matemática e pinturas, excelente jogador de basquete e péssimo em pensar por si mesmo. Ele está um pouco diferente do habitual, usa camisa branca larga, cabelo raspado, olhos fundos e jeans escuro. Noah não está usando uma jaqueta descolada com o número 8 nas costas, sapatos descolados ou sorriso programado. Ele está alvo, mas não comum.Há uma certa magreza em seu corpo, os músculos dos braços não são mais tão visíveis e o maxilar aparenta-se socado.Drogas.Ele está usando drogas?Suas mãos massageiam meu ombro e eu sinto uma onda de preocupação e repulsão me invadir. Então ele suspira e me pergunta novamente:"O que aconteceu?"Quero dizer o que vi quando Andy e eu paramos naquela rua, sobre Stéfany, sobre o nosso beijo - que eu pensei que tinha esqu