Meus últimos dias foram bem estressantes com Yuri na minha cola. Ele ficava todo o tempo tentando coletar alguma informação sobre mim para repassar para meu pai- o que me deixava bastante irritada.Em casa, pude aproveitar o feriado de São João. Não sou de sair de casa nessa época, mas a Melissa gosta de frequentar as festas e, como as comidas típicas são divinas, acabo a acompanhando mesmo não gostando das músicas.Eu respeito o fato de ver as pessoas dançando e tal, mas eu não gosto simplesmente porque sou péssima dançarina e não quero passar vergonha na frente das pessoas.Ainda não tive coragem de perguntar ao meu pai sobre eu conhecer meu futuro sogro em São Paulo porque estou com medo de viajar e o Yuri descobrir algo para jogar contra mim- ou seja, contar para meu pai sobre quem o Otávio é neto.- Miranda, a Melissa está aqui- grita meu pai quando estou no quarto terminando de me arrumar- Falei para ela entrar. Vocês vão que horas para o arraiá?- tá bom pai. Daqui a pouco. O s
A dança parece que durou uma eternidade, mas pelo menos eu me diverti um pouco— pois ver o Yuri tentando dançar de forma correta foi engraçado.— Viu, não morreu em dançar por dez minutos- ironiza ele- o que acha de comermos algo? Eu pago.— Não, obrigada. Prefiro esperar minha amiga até às 21h do que estar na sua companhia.— Nossa! Eu sou uma companhia tão ruim assim?Não respondo nada, apenas reviro os olhos e ele sorri, exibindo seus dentes brancos.— tá bem! Mas que seja algo bom.— Ótimo. Venha, vou te levar numa barraca que você irá gostar.Ele me arrasta até a barraca onde vende maçã do amor- mas essa era vendida de formas diferentes- com cobertura de brigadeiro por fora, ninho e até com pasta americana.— Querido, finalmente você retornou- uma senhora de cabelos grisalhos chamou sua atenção- não vai apresentar a moça bonita?— Prazer senhora, eu me chamo Miranda. Sou a...- mas ele me interrompe.— Ela é a filha do meu chefe.— Que maravilha!- ela exclama feliz- fico honrada e
Yuri realmente disse a verdade quando falou que era uma boa pessoa. Sua avó estava acordada quando chegamos, mas ela não lhe deu uma bronca. Pelo o contrário, lhe esperava com uma vasilha de biscoitos caseiros e leite morno.— Vó, eu os trouxe porque já estava muito tarde para irem para casa— ele tenta se explicar, mas ela o interrompe.— Tudo bem querido, se são os seus amigos, não vejo nenhum mal em querer ajudá-los.— Obrigada vovó— respondo e ela sorri— onde fica o banheiro? Eu gostaria muito de poder tomar um banho.— Que bom que você está aqui Miranda— ela exibe um sorriso sincero— você pode usar o meu banheiro. É a primeira porta à esquerda no segundo andar. Venha, vou lhe mostrar o caminho e fiquem à vontade.Sua casa era aconchegante, mas não muito grande. Os quartos cabiam pelo menos três pessoas em cada, mas o importante é que estava em bom estado. As paredes eram pintadas de branco, os pisos invernizados com madeira e o teto forrado de branco.O banho foi muito relaxante —
Quando despertei pela manhã, não imaginava que fosse me estressar com as palavras do meu pai— já que não somos de brigar um com o outro— mas o que ele descobriu acabou com as minhas espectativas de conhecer o pai do Otávio em São Paulo.— Miranda, quero que venha até o meu escritório imediatamente— a voz alta do meu pai ecoou pela casa como um estrondo, me deixando nervosa.— Claro pai, irei comer algo e te encontro aí.— Nada disso, você terá tempo para comer depois. O que tenho para lhe contar é de extrema importância e não irei repetir o assunto.Me levanto rapidamente, troco de roupa e vou até o seu escritório. Sua expressão estava seria, mas ali também continha mágoa. No seu copo havia uísque e seu computador estava ligado, mas no momento em que eu me sentei, ele virou a tela para mim, exibindo ali a imagem do avô do Otávio.Eu não estava entendendo nada até ele se virar para mim e falar:— Como você pôde namorar o neto do cara que matou a sua mãe? Não a ama o suficiente? Eu quer
Meu pai continuava chateado comigo porque não trocou uma palavra enquanto jantávamos. Eu não fiz esforço para conversarmos porque não queria mais nenhum sermão vindo dele.Então, assim que terminei de comer, lavei o meu prato e fui me deitar, deixando a porta semi aberta para que ele não venha desconfiar de mim.Otávio continuou sem me enviar mensagem— o que me deixou preocupada dele não querer mais manter um relacionamento comigo.Sem ter com quem conversar, peguei na minha cômoda o controle da tv e a liguei num canal de filmes, porém, só haviam temas de romance e drama.Frustada, desligo a televisão e vou tomar um banho frio, de modo a relaxar minha mente e corpo.Mas logo escuto o toque de música vindo do meu celular e saio enrolada na toalha para verificar de quem se tratava e vejo o meu nome favorito na tela: "Otávio"Abro um sorriso, mas logo tento me recompor para não criar falsas espectativas e lá estava a sua mensagem, deixando o meu coração contente:"Oi meu amor, me perdoe
Minha aula foi tranquila e não tive nada de diferente. Melissa não havia ido a escola hoje e lhe mandei uma mensagem preocupada- porque dificilmente ela falta."Miranda: Bom dia amiga, está tudo bem? Não te vi na escola hoje- 10h45."Mas nada dela me responder. Preocupada, cutuco o Diego que estava sentado há duas mesas da minha:— Ei! Está tudo bem? Estou tentando falar com a Melissa, mas ela não me responde.Ele se vira para mim e diz:— Você não soube?— o observo sem entender— o pai dela a transferiu de escola. Fiquei arrasado quando soube. Ela disse que não iria te avisar para que não ficasse triste, mas que te mandaria mensagem hoje à noite.— Poxa. Como o pai dela foi fazer isso e por que ela não me contou? Ela sempre me conta tudo e independentemente de eu ficar ou não triste, ela sempre desabafou comigo sobre tudo.— Eu entendo a sua frustração, mas pelo o que eu soube, ela está de castigo ainda e só conseguiu me mandar mensagem porque a mãe dela permitiu que ela escrevesse pa
— Fiquei tão triste em saber se o seu pai tirou você da escola— os meus olhos já estavam marejados de chorar— não há nada que você possa fazer para reverter essa situação?— Você esqueceu como é o meu pai, Miranda?— ela revira os olhos chateada— a única forma de eu sair disso livre seria me casando escondida e indo morar em outro lugar, mas não tenho condições para isso no momento.— Olha, eu pensei numa ideia, mas precisaríamos da ajuda da sua mãe.— Ih! Lá vem você com as ideias— ela segura uma risada— o que você sugere?— Por quê não pedimos a sua mãe para preparar aqueles brigadeiros deliciosos e vendemos na quinta da boa vista? Com o dinheiro, você pode juntar para alugar uma casa e depois você mesma fazer para se sustentarem.— Olha, a ideia não é ruim amiga, mas se o meu pai descobrir que a minha mãe estaria me ajudando, provavelmente eles iriam discutir e a mãe já está triste com essa situação.— Eu entendo. Eu te mandei mensagem, mas você não me respondeu.— O celular está co
Narrado por Otávio:Namorar com a Miranda é como um poço de mistérios, pois a cada momento você descobre algo diferente, que irá te surpreender.Quando eu soube que ela morava numa comunidade, não fiquei chateado dela não ter me contado, mas triste por ela pensar que eu não a namoraria caso descobrisse isso.Mas saber que o meu avô foi o responsável por matar uma pessoa inocente foi demais para mim. Então, assim que ela me confidencializou, tratei de enviar uma mensagem para o meu avô:"Otávio: Vô, o senhor se envolveu em algum crime no morro do Complexo da Maré há 13 anos atrás?""Vô: Que história é essa Otávio? De onde tirou isso?""Otávio: Apenas me responde se sim ou não."" Vô: Sim Otávio, mas isso foi há muito tempo. O esposo de uma mulher matou um dos meus homens, então, eu fiz o mesmo com a pessoa que ele amava.""Otávio: E o senhor não se arrepende do que fez?""Vô: ninguém se importa com isso filho. Agora, vamos trocar de assunto. Quando você virá novamente? Abriu um restaur