O lugar é muito bonito e tranquilo. A casa, situada no canto da praia, tem suas paredes externas batidas pelas ondas suaves da baía. A decoração é simples, porém as acomodações são bastante confortáveis e aconchegantes. A continuação da garagem permite acesso ao mar e serve de rampa para pequenas embarcações. Até alguns anos atrás, funcionava como escola e base de mergulho. Na temporada de verão era usada como pousada, uma vez que os quatro ambientes são independentes e completos. O ponto forte mesmo é o sossego. Não há vizinhos embora seja perto dos comércios mais importantes do lugar.
A pequena piscina, no canto do pátio, é perfeita para depois do banho de mar. De um lado, uma decoração com arbustos e plantas ornamentais, do outro, a vista da baía e suas águas calmas e cristalinas.
A região é farta em espécies de peixes e crustáceos disputados pelos melhores restaurantes. Costumava praticar caça submarina perto dali. Garoupas e lagostas são abundantes nos costões. Comida não faltaria.
Comprei algumas garrafas de vinho, tinto e branco. Para não errar, levei um Pinot noir, um Riesling e um Cabernet italiano muito saboroso. Com isto estava garantido um bom acompanhamento para o almoço e o jantar. As duas garrafas de champagne Dom Pérignon Brut seriam para comemorar alguma coisa. Imaginei que pensaríamos em uma desculpa qualquer.
Mesmo tendo garantido que viria, eu estava preocupado com uma possível súbita desistência. Ela já havia comentado de seu relacionamento com um colega de trabalho, mas que passavam por certas dificuldades e, segundo ela, outros ares lhe faria bem. Se eles voltassem a se entender, não creio que o sujeito gostaria que ela viesse para cá.
Fiquei sabendo do cara através de uma brincadeira e um jogo de palavras. Ela tem uma cadelinha muito querida e apegada a ela, a Zira, que em uma de nossas conversas, brinquei ser parte de um triângulo amoroso. Só tive certeza do seu relacionamento quando ela me corrigiu e disse que, se nos relacionássemos, seria um quadrilátero amoroso. Fiquei até um pouco abalado. Sinceramente, não esperava um problema de geometria naquele momento. Passei a chamá-lo de “o quarto elemento".
Na verdade, não sou um cara ciumento, mas também não sou burro. Minha visão de administrador não me abandona nem quando se trata de relacionamentos. Se ela fosse parecida com o que mostrava ser online, valeria lutar para começar uma relação e não apenas uma aventura. Sem querer parecer ser drástico, penso em um concorrente como um adversário que deve ser eliminado sempre que possível. Minha ideia é fazer deste encontro algo inesquecível para ela e desastroso para ele.
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Combinamos às 13:00 horas e já se passava mais de meia hora do horário marcado. Minutos e mais minutos de intensa agonia. Foi minha última experiência com a relatividade, pois aquela meia hora pareceu meio ano. Ainda bem que não tardou muito mais para que ela chegasse.
Estava realmente linda. Usava um chapéu tipo Havana e óculos escuros. Seu sorriso chamava a atenção pela sinceridade e alegria contagiante. Vestia uma calça jeans, daquele modelo puído e rasgado de fábrica, e uma blusinha leve, decotada e com pequenas estampas coloridas. Aproximou-se de mim tirando os óculos e o chapéu. Só então reparei nos longos cabelos pintados de loiro que, aliás, ficaram perfeitos nela.
Percebi em seu olhar, que enfrentava com valentia uma timidez nunca abandonada. Os olhos castanhos, mesmo que vivazes e brilhantes, sutilmente demonstravam isso. Encontrei uma mulher forte e decidida que correspondeu com um carinho delicioso o meu abraço apertado. Com o beijo no rosto, pude sentir o suave perfume de jasmim que denunciava seu bom gosto e estilo próprio.
Fiz o elogio padrão sobre sua aparência e tentei fixar meu olhar no dela. Confesso ter ficado um pouco embaraçado. Mais pela sua beleza surpreendente do que pela situação em si. Fiquei fascinado. Não imaginava ela tão bonita ao vivo. Só me restou desviar o olhar e apanhar a bagagem no carro.
Apresentei a casa para ela e acomodei-a no melhor quarto de todos. O aposento é espaçoso e fica de frente para o mar. Dali poderia ouvir os sons da baía e observar o céu estrelado e a melhor vista do lugar.
5Primeira noite“Ainda pior do que a desilusão de um não ou a incerteza de um talvez, é a desilusão de um quase” Sarah Westphal Estirou-se novamente no sofá apoiada em mim. Ela se aconchegou em meu peito e parecia querer se entregar totalmente. Poderia adormecer que seus sonhos seriam os meus. À medida que relaxava também permitia um maior contato. Ela colocou suas mãos no peito e eu as segurei sentindo sua respiraç&at
Diário da KarinDia 1 – 14:30hUfa!! Estou aqui até que enfim! Ainda estou ansiosa por ter me atrasado. Quando cheguei, ele já estava me esperando do lado de fora da casa. O primeiro reencontro é sempre difícil, diversos sentimentos conturbados e confusos, mesmo assim, senti paz. Logo que desci do carro ele veio me receber com um abraço apertado. Desapareci dentro dele. Uau! Ele está maior do que eu lembrava ou eu sou menor que pensava. Tudo foi tão natura
3O passeio“Quantas vezes a gente, em busca da ventura, procede tal e qual o avozinho infeliz: em vão, por toda parte, os óculos procura tendo-os na ponta do nariz! ” Mário Quintana Entusiasmada pelo lugar e ávida por tomar sol, ela foi se trocar imediatamente. Voltou usando um biquíni florido com a parte de cima listada. Seu corpo estava perfeito para uma mulher que já era mãe de dois filhos. Jovens meninas olhavam com inveja a cor de sua pele e a elegância dos seus movimentos. Os homens então, n&atild
Diário da KarinDia 1 -19:00hNossa!!! Foi demais! O melhor dia dos últimos anos. Preciso descrever tudo, não quero esquecer um só minuto. Bom, nem sei se isso seria possível. Mas aprendi que escrevendo a gente pode viver cada sensação novamente. A praia estava vazia e o calor perfeito. Nem muito forte, nem nublado. Consegui ficar um pouco bronzeada sem me queimar, aquele toque dourado na pele, que eu sei que combina com os meus cabelos.
4Banho e dança“O que dá o verdadeiro sentido ao encontro é a busca, e é preciso andar muito para se alcançar o que está perto." José Saramago E a noite chegou por inteiro. Com ela a incerteza das próximas horas, das próximas sensações, das próximas surpresas. Ela saiu do banho, linda e radiante em um justo vestido branco que realçava sua silhueta. Quando nossos caminhos se cruzaram, tentando um c
Diário da KarinDia 1 – 20:00hEle está tomando banho e vou aproveitar para escrever mais um pouco. Preciso desabafar. Saímos da piscina bem ao final do pôr do sol. Estava demais. Ele ajudou a me enxugar e foi muuuuiiito bom. Como é bom se sentir cuidada. Às vezes ele encarava com aquele olhar único. Acho que estou sendo evidente demais do quanto estou gostando disso. Mas o que fazer? Estou com todos os sintomas de paixão fulminante. O coração dispara, frio na barriga, desejo, vergonha, ternura e tudo mais. Porém
Diário da KarinDia 2 – 6:00hImpressionante como o tempo passa rápido quando estou feliz. Gostaria de poder congelar alguns momentos e tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo. Acordei bem cedo e ele já não estava ao meu lado. Senti um vazio enorme. Imaginei então que ele tinha ido pescar. Já tinha me dito ser praticante de caça submarina e o barco não estava no trapiche. Não fiquei chateada, mas senti falta de olhar para o rosto dele na hora em que abri os olhos. Ontem, logo depois de sair do banho, sem mais nem menos, ele me deu um longo ab
6A pescaria“Corro perigo como toda pessoa que vive. E a única coisa que me espera é exatamente o inesperado” Clarice Lispector Sem conseguir dormir mesmo, levantei, fiz um alongamento e tentei pensar em uma maneira de esquecer a doída constatação sobre a noite passada juntos. Evidente que não significou tanto para ela como para mim e isto era perturbador. Precisava fazer algo diferente. Ser ú