Christopher rolou em sua cama, tirando o travesseiro do rosto de seda. Mais uma noite ruim de sono, não importava quantos malditos fios egípcios tivessem seus lençóis, tem momentos que a cabeça de um homem é sua maior inimiga e a principal aliada da insônia. Essa coisa de arrumar uma noiva estava mexendo com sua sanidade. Também, não era para menos, porque acabou abrindo sua boca grande demais e falou uma besteira enorme para sua mãe.— Como a Senhora não sabe se eu tô com alguém? Nunca perguntou, fica só imaginando o que quer… — questionou-a, erguendo uma das sobrancelhas e dando a entender que estava namorando.Sua mãe quase deu pulinhos no lugar, dizendo um simples, “tudo bem”. Ela tinha virado o corredor e saiu gritando por Marcus, fazendo os empregados correrem para encontrar o Imperador pela grande casa real. O clima entre ele e sua mãe tinha sido completamente diferente na noite anterior. Se soubesse que ela iria reagir assim, talvez tivesse dito algo do tipo há algum tempo.
Madelaine caminhava pelo departamento de Letras com calma. Trocava um aceno ou outro com algum colega ou amiga. Estava próxima de terminar seu curso, então conhecia muitos estudantes que frequentavam as dependências. Muitos como ela, que cursavam letras, começaram por serem apaixonados por livros. Era comum que os alunos lotassem as aulas sobre estudos literários, escrita criativa, análise de clássicos e outras que conversavam com essa parte do programa de estudos. O sonho de Mady era dar aulas, quando começou a faculdade, mas agora, ela se sentia super impulsionada a tentar vagas em editoras, para ajudar na disseminação da leitura pelo reino. A jovem até pretendia estudar como caso um livro que foi sucesso de vendas na área do infantojuventil. Precisava só conseguir um orientador, mas sabia que talvez tivesse a resposta da senhora Gomez em breve. — Madelaine! — Chamou uma voz conhecida, fazendo a moça virar seu corpo em direção à garota. Quem estava chamando era Minzy, uma coleg
As costas de Christopher eram mais rígidas do que pedra. Ele tentava ao máximo se concentrar no trânsito que estava um pouco agitado por conta do horário. Tinha parecido fácil pensar em como falar com Madelaine sobre seu plano de fingirem estarem juntos e ela aceitar se casar com ele para valer, mas quando ele a viu, não conseguiu disfarçar um nervosismo que não sabia que iria sentir. Por isso estava tão calado. Com ela na garupa de sua moto, iam em direção a um dos parques da capital. Pela manhã, tinha dado ordens de prepararem um almoço para eles comerem juntos e solicitou que entregassem os quitutes lá. Tinha pedido também que a área onde iriam comer fosse isolada, uma das regalias de ser o príncipe herdeiro do império.Não sabia como aquela conversa iria acontecer e era algo completamente restrito a sua vida e a dela. Seria uma catástrofe se alguém ouvisse e outra aida maior se fosse flagrado o momento de Mady tirar suas bolas com as unhas, opção que o príncipe ainda não havia d
— Uma cerimônia, você assumiria o título de princesa e viveríamos juntos. Também teríamos que seguir o contrato nupcial. Existem várias cláusulas e algumas são passíveis de mudança. Resumindo, com tudo que tem direito.Ela ainda estava pasma com esse pedido. Jamais tinha imaginado algo assim, porque sempre sonhou com um amor tranquilo. Ele desenhou como se estivesse contando um roteiro de um dos muitos livros de romance natalinos que Mady lia quando chegava em dezembro. — Em todos os anos que somos amigos, eu sequer…— Pensou no meu título ou quem eu era — Completou ele o pensamento dela. — Mas é quem eu sou. — Christopher afirmou, porque ele poderia ter qualquer defeito, menos nojo de sua posição privilegiada. — O seu melhor amigo e o herdeiro real são a mesma pessoa. Nunca houve uma dissociação. — Tem certeza de que você não está cometendo um erro? Eu não tenho cacife para isso, Chris. Gosto de pintar as minhas unhas uma de cada cor e só ouço Lana Del Rey, isso não tem senti
Depois de conversar mais com Christopher, Madelaine foi deixada em casa pelo rapaz e desceu da moto sem ao menos se despedir. A ficha estava realmente caindo, porque seus pés foram mais trôpegos do que de costume até a entrada de casa. Encaixou a chave na fechadura no automático e teve de olhar sobre o ombro para garantir que havia mesmo fechado a porta. Não estava em seu juízo perfeito, ou talvez, fosse seu juízo perfeito que estivesse em alerta para o almoço que teve e o choque ainda reverberava por seu corpo.Seu melhor amigo tinha pedido a moça em casamento e ainda por cima ela se tornaria princesa. A situação parecia tanto com os livros românticos que ela lia que seria algo cômico, se não fosse trágico. Nos livros, as mocinhas apaixonadas tinham duas opções viáveis: aceitar e tentar viver o seu “felizes para sempre” e “ou deixarem de lado para que o destino desse um jeito de colocá-las na frente de sua má escolha, que no caso, era não aceitar o pedido e quem sabe, nos finais abe
— Madelaine? Aconteceu alguma coisa? – Perguntou Christopher, surpreso por ela ter ligado. Fazia dias que não se falavam, sua amizade era assim, mas depois do almoço no parque e do pedido, tinha decidido dar espaço para ela. Acabou percebendo que talvez tivesse feito uma besteira, mas não conseguiu voltar atrás. Chris até tentou pegar o celular algumas vezes e mandar uma mensagem pedindo para que ela esquecesse tudo o que ele lhe pedira, mas o príncipe não conseguiu.Simplesmente não podia. — Estou indo aí! — Ela sabia que ele estava em casa, aos sábados a família Imperial almoçava junta quando o Imperador estava no Audrelix. – Pode ser?— Quer que eu vá buscá-la? – Perguntou o rapaz, pronto para se levantar, fazendo o tatuador parar de tocar em sua barriga. Estava vendo onde o desenho de sua tatuagem iria ficar em um estúdio de tatuagem montado em sua casa.— Não, eu... estou chegando já. – A voz dela estava séria e o maxilar dele estava tenso, sabendo que a conversa que teriam se
Ao ouvirem a porta fechar com um clique delicado, Madelaine e Christopher nem precisaram olhar para trás para verem que a Imperatriz tinha chegado. Os passos dela, mesmo suaves, eram audíveis, mas sua voz era o que tomava o recinto:— O que vocês estão fazendo ajoelhados? — Ela andava rápido e parecia um furacão. Ela caminhou até o marido e este pegou em sua mão, em sinal para que ela se acalmasse. – Estou esperando alguém dizer alguma coisa! — A Imperatriz os observou no por mais uns instantes e viu o anel que era dela brilhar na mão de Mady, além que ela não demorou pra entender aquele gesto dos jovens. — Vocês não.. não!— Vamos sair! – Disse Marcus, apertando a mão de sua esposa. – Iremos até a casa dos Carter. Acho que estes jovens devem ter a mesma conversa para todos nós.Era com Madelaine com quem Christopher estava todo esse tempo? A ruiva pensou, vendo suas mãos unidas no chão. Tinha visto aquela garota crescer e frequentar sua casa, mas não tinha nenhuma inclinação par
Madelaine sempre soube que dinheiro movia o mundo numa velocidade que ela não conhecia, mas teve essa certeza de forma inquestionável ao se dar conta de que isso dependia de quanto dinheiro estava disponível para tal. Estava noiva do Príncipe Imperial de Audelix há exatamente 14 dias e no mesmo dia que noivou, soube que se casaria 15 dias depois. Estava tudo uma loucura sem tamanho, já que seria o casamento do ano pelo circuito europeu de monarcas e o casamento do século no Império. Após o Imperador aceitar seu noivado e uma conversa a portas fechadas de seu pai, Christopher e Marcus, ela entrou realmente de cabeça no papel de noiva. As perguntas de sua mãe e da Imperatriz a bombardearam e ela, mesmo nunca tendo feito uma aula de teatro sequer, pensou com amargura que poderia ser contratada por algum diretor de cinema famoso por sua incrível atuação, ao responder todas as perguntas como se ela e Christopher fossem realmente namorados. Depois, jantaram todos juntos e o clima não po