Vivienne pousa suas mãos, delicadamente, sobre as dele, seus olhares se encontrando com uma intensidade que transcende o mero desejo físico. Ela se inclina lentamente em sua direção, seus olhos fixando-se nos lábios dele com desejo contido.— Senhorita, o cal… — Silvia começa, mas sua voz falha por um breve instante ao avistar Dominic. — O caldo está pronto, senhores. — Conclui, com a mesma discrição impecável de sempre, suas mãos unindo-se atrás das costas enquanto mantém uma postura respeitosa. Seus olhos desviam rapidamente, percebendo a proximidade entre os dois, mas ela não permite que qualquer emoção escape de seu semblante profissional. — Gostariam que fosse servido agora? — Acrescenta, sua voz cuidadosamente neutra, tentando dissipar o ar carregado no ambiente.— Agradeço sua atenção, senhora Valens. — Vivienne responde, com a voz gentil, um sorriso educado, suavizando suas feições. — Por gentileza, sirva-o à mesa. — Como desejar, senhorita. — Responde, com um leve aceno de c
Vivienne se inclina provocantemente, seus lábios deslizando sobre os dele em carícias deliberadamente lentas. Seus olhares permanecem presos num duelo silencioso de desejo, enquanto a atração flui naturalmente entre eles. Com um beijo rápido e uma mordida provocante, ela se afasta exibindo um sorriso que beira a tentação.— Terá que encontrar seu próprio caminho, senhor Muller. — Vivienne declara, voltando sua atenção à refeição, lutando internamente contra a atração magnética que pulsa entre eles. — Não sou sua bússola particular. — Acrescenta, com um tom que mistura provocação e desafio, observando com satisfação velada, enquanto ele desliza os dedos pelos cabelos num gesto de frustração mal contida.— O universo está repleto de bússolas, senhorita Bettendorf. — Dominic responde, com seriedade, suas palavras, atingindo-a como pequenas flechas de ciúme que ela se recusa a admitir. — Você mencionou os privilégios de ser herdeiro. — Continua, sua mudança abrupta de assunto captura a at
A ironia da situação não escapa à percepção aguçada de Dominic. Vivienne deliberadamente enfatiza sua necessidade financeira numa interpretação quase impecável de alguém que precisa de cada centavo. Um sorriso sutil brinca em seus lábios enquanto assume seu lugar atrás da mesa imponente.— Pessoas de condições financeiras mais modestas também possuem educação. — Vivienne dispara, com irritação, detectando o julgamento velado em seu sorriso. — É extremamente presunçoso de sua parte presumir que apenas pessoas ricas sabem se portar adequadamente. — Acrescenta, consciente de que cada gesto seu apenas alimenta as suspeitas dele.— Não tenho a menor dúvida disso, senhorita Bettendorf. — Dominic rebate, analisando o esforço meticuloso dela em convencê-lo. — Mas posso afirmar, com certeza, que se eu colocasse dez funcionárias naquela mesa, nenhuma demonstraria sua impecável etiqueta à mesa. — Completa, sabendo que pessoas alheias ao seu círculo social teriam dificuldades com a complexidade d
Vivienne sente seu estômago revirar violentamente, enquanto seus olhos permanecem fixos na cena de horror meticulosamente arquitetada diante dela. Distribuído pelo interior da caixa, o que deveria ser algodão branco está perversamente manchado em diferentes tons de vermelho, não respingos aleatórios, mas padrões que evocam pesadelos profundos. Por cima desta cama macabra, dois hamsters unidos grotescamente por seus próprios intestinos expostos, transformados num cordão umbilical, jazem em um saco plástico transparente cheio de um líquido amarelado e viscoso que imita o líquido amniótico, flutuando macabramente como uma representação distorcida de fetos gêmeos no útero materno. A metáfora mórbida é tão clara e perturbadora que faz seu sangue gelar nas veias.Com pernas tremendo incontrolavelmente, ela se aproxima, sentindo a náusea subir quando a primeira onda do odor pútrido invade suas narinas. Um cheiro metálico de decomposição que parece se infiltrar por cada poro de sua pele, impr
Vivienne solta a mala abruptamente e se lança para frente, seus braços envolvendo a cintura dele num gesto desesperado por proteção. Lágrimas de terror, medo e alívio começam a escorrer por seu rosto, enquanto se agarra a ele como sua última âncora de segurança. Dominic, surpreendido pela atitude inesperada, automaticamente desliza uma mão protetora pelas costas dela, enquanto a outra acaricia seus cabelos ainda úmidos, sentindo o tremor sutil que percorre o corpo dela contra o seu. Ao ouvir seu pranto angustiado, afasta-se ligeiramente, suas mãos enquadrando o rosto dela com delicadeza, enquanto seus polegares secam as lágrimas incessantes, observando sua respiração irregular com crescente preocupação.— Respire comigo. — Dominic instrui, com suavidade em sua voz, notando sua respiração errática. Com um movimento preciso do pé, fecha a porta e a guia gentilmente até o sofá, acomodando-a. — Estou aqui com você. — Continua, sua voz transmitindo uma calma que mascara sua crescente preoc
Dominic dirige pelas ruas da cidade com uma calma controlada, embora seu ímpeto seja ignorar toda a civilidade e cruzar a cidade como uma tempestade. O trânsito, entretanto, parece deliberadamente desafiar sua urgência.— Que demonstração patética para testar minha paciência. — Dominic murmura, com sarcasmo, golpeando o volante ao parar em um engarrafamento. — Droga! — Resmunga, seus dedos deslizando pela multimídia, enquanto busca rotas alternativas. — Uma obra-prima do planejamento viário. — Reclama, ao constatar que precisará desperdiçar trinta preciosos minutos para alcançar um desvio ridiculamente próximo. O toque do celular interrompe sua contemplação do caos urbano. — A que devo o desprazer? — Pergunta, com frieza calculada ao atender.— Negociar. — Noah articula, precariamente, através da mandíbula imobilizada. — Uma visita fraternal seria apropriada?— Negociar? — Repete, sua voz carregada de uma raiva contida que vibra em cada sílaba. — Permita-me declinar dessa proposta abs
Sua consciência oscila perigosamente, a escuridão ameaça engoli-lo num abismo sem fim, mas um pensamento atravessa sua mente. Vivienne e seus filhos precisam dele e falhar não é uma opção. Seus olhos encontram a caixa, perturbadoramente intacta no banco do passageiro, sua presença, uma provocação silenciosa que o impulsiona.Com dedos que tremem incontrolavelmente, toca a testa sentindo o sangue quente e viscoso escorrer. Sem se importar com a destruição do tecido fino, usa a manga da camisa para limpar o líquido que não para de fluir. Força-se a se ajeitar no banco, recostando a cabeça, enquanto sente sua mente explodir em ondas de dor e sua respiração tornar-se um exercício cada vez mais difícil. Os sons ao redor se transformam numa sinfonia caótica de vozes e buzinas. Fecha os olhos, tentando conter a vertigem que ameaça dominá-lo, e num movimento desesperado vasculha o porta-luvas atrás de qualquer coisa que amenize a dor lancinante. Encontra um comprimido que engole a seco, enqua
Dominic fixa seu olhar autoritário no único homem que lhe importa naquela sala. Grant permanece em sua posição de poder absoluto na cabeceira da mesa, a personificação da arrogância. Sem hesitar, Dominic aproxima-se com determinação, pousando a caixa sobre a mesa e empurrando-a com força, observando-a deslizar até parar sob o toque deliberadamente casual das mãos do avô.— O que temos aqui, filho? — Grant pergunta, como se não reconhecesse sua própria crueldade meticulosamente arquitetada. — Hoje, você terá o prazer de se juntar ao seu neto preferido. — Dominic dispara, a fúria guiando seus passos, enquanto avança na direção do avô, cego por um ódio que queima em suas veias.— Dominic, pelo amor de Deus! — Louis intercepta seu caminho, o horror nos olhos ao ver o sangue seco manchando a testa do sobrinho. Instintivamente, estende a mão para tocá-lo, mas a tentativa é cortada por um tapa, uma advertência clara e cortante para manter distância. — Mantenha-se fora disso, tio. — Adverte