Charles se abaixa lentamente até se sentar no chão, ao lado dos netos. Seus olhos pousam nas mãos ensanguentadas de Noah, e um suspiro pesado escapa de seus lábios. Ele sacode a cabeça, claramente incomodado com a cena, mas também carregado de algo mais profundo, uma mistura de desaprovação e uma tristeza contida que ele não deixa transparecer completamente.— Vovô. — Noah começa, sua voz embargada, enquanto tenta limpar as lágrimas com as mãos machucadas. — Me desculpa. — Murmura, seu olhar fixo no chão como se não merecesse encarar o avô.— Não é para mim que você deve desculpas, filho. — Charles responde, com gentileza, seus dedos percorrendo os cabelos do neto num gesto de conforto que remonta à infância. — Sinto muito constatar o quanto Grant falhou com vocês. — Continua, sua voz carregando o peso de anos de arrependimento. — Dominic tem razão, você errou, mas ainda há tempo para corrigir esses erros. Basta você realmente querer.— O senhor me odeia por ser tão fraco? — Pergunta,
A voz robótica e metálica, fria e desumana, ecoa pelo aparelho, distorcida por um modulador. Cada palavra rasga o silêncio, fazendo o coração de Vivienne bater violentamente em seu peito. Seus dedos apertam o celular com força, mas não conseguem conter o tremor incessante. Ela fecha os olhos por um instante, buscando recuperar desesperadamente o controle, enquanto a apreensão rasteja por sua espinha, gritando em sua mente que encerre aquela ligação.— Mãe? — Vivienne arrisca, em um sussurro rouco, sua voz carregando anos de emoções conflitantes, medo, raiva e uma ponta de descrença que ainda ousa existir.— Seja inteligente, Vivienne. — A voz adverte, meticulosamente controlada. — Algumas verdades devem permanecer enterradas. — As palavras soam como uma ameaça velada, ecoando no silêncio do apartamento.— Sei que é você, Florence. — Afirma, com uma coragem que nem sabia possuir, pronunciando deliberadamente o nome da mãe.Do outro lado, um suspiro pesado ecoa pela linha, carregado de
Amélie mantém um silêncio calculado, enquanto organiza o material, sentindo o peso do olhar de Noah acompanhar cada movimento seu. Estrategicamente, posiciona-se do outro lado do balcão, estabelecendo uma distância segura entre eles.— Você não precisa do meu perdão, Noah. — Amélie declara, a firmeza em sua voz suavizada por uma empatia que desarma. Ela observa, enquanto a perplexidade toma conta da expressão dele, cada palavra parecendo penetrar mais fundo. — O que você precisa é encontrar o seu próprio caminho. — Continua, a serenidade em sua voz, revelando alguém que já fez as pazes com o próprio passado. — Durante meu ano na Muller Capital Partners, pude observar a dinâmica entre vocês com olhos clínicos. — Comenta, seu tom direto, evidenciando sua formação em psicologia. — E você é completamente cego para o amor e a admiração que Dominic tem por você. Ela apoia os cotovelos no balcão, entrelaçando os dedos e descansando a cabeça sobre as mãos. Seus olhos não deixam escapar nenhu
Antes que Vivienne consiga responder, Dominic a ergue do chão com um movimento fluido, arrancando um pequeno grito surpreso de seus lábios. Instintivamente, ela envolve as pernas em seu quadril, enquanto as mãos dele deslizam por suas costas com uma familiaridade que faz seu coração disparar.Seus lábios se encontram em um beijo carregado de saudade e desejo, uma fusão que parece apagar as horas passadas separados. Dominic fecha a porta com o pé, sem nunca interromper o contato, e a carrega pelo apartamento como se cada passo fosse um trajeto natural entre eles.Os toques e os olhares se tornam uma troca instintiva, um equilíbrio entre necessidade e entrega, até que ele se acomoda no sofá, mantendo-a firmemente em seu colo, como se ela fosse a única coisa que o completasse.— O que você está fazendo aqui a essa hora? — Vivienne pergunta, suas mãos encontrando seu lugar natural ao redor do pescoço dele.— E se eu dissesse que senti sua falta? Seria estranho? — Dominic pergunta, um sorr
Vivienne sorri, envolvendo Dominic com seus braços, enquanto uma risada suave escapa de seus lábios ao ser erguida do chão novamente. Seus lábios se encontram em um beijo que fala de promessas futuras, lento, profundo, carregado de significados que ultrapassam o alcance de qualquer palavra.Dominic caminha pelo pequeno apartamento guiado mais pelo instinto que pela visão, seus passos seguros levando-os pelo corredor, enquanto mantém Vivienne segura em seus braços. Cada toque, cada suspiro compartilhado parece selar um pouco mais esse pacto silencioso de pertencimento que cresce entre eles.O momento carrega uma intimidade que vai além do físico, é o encontro de duas almas que, mesmo tímidas em admitir, começam a encontrar uma na outra algo especial, algo maior do que imaginavam ser possível.— Fica naquela direção. — Vivienne sussurra, apontando para o quarto, seus olhos brilhando com um misto de diversão e desejo. Antes que ele possa responder, ela volta a beijá-lo, como se a ideia d
O beijo continua, profundo e arrebatador, os corpos em uma sincronia perfeita, como se ele ditasse o ritmo e ela o seguisse sem resistência. Vivienne sente o prazer tomá-la por completo, mas é mais do que apenas físico. É a sensação de entrega absoluta, de ser guiada com firmeza e segurança. Dominic não lhe oferece migalhas, ele a possui com uma intensidade que transborda promessas, mostrando que não pretende lhe dar menos do que tudo.Ela se afasta por um instante, o olhar brilhando com desejo, mas também com uma fagulha de provocação. — Tente me convencer, Dom. — Vivienne sussurra, sua voz carregada de desafio e expectativa. Os olhos dela, cravados nos dele, brilham com uma malícia que o provoca. — Me mostre que vale a pena ser sua por todas as noites. — Acrescenta, o sorriso é quase um convite perigoso, uma provocação calculada que desperta algo nele.O sorriso dele é lento, perigoso, a confiança estampada em cada traço de seu rosto. Seus olhos a devoram, enquanto ele segura seu qu
Dominic solta uma risada baixa, o som vibrando suavemente contra ela, enquanto seus dedos traçam círculos preguiçosos sobre a pele macia. O olhar dele suaviza, perdendo um pouco daquela intensidade dominadora, substituído por algo mais terno e admirativo. Ele a observa por um longo momento, como se quisesse gravar cada detalhe dela, absorver tudo o que ela representa.— Talvez? — Dominic repete, deslizando os dedos pelos cabelos dela com uma delicadeza surpreendente. — Você é teimosa até quando está prestes a desmaiar de sono. — Declara, com um meio sorriso, depositando um beijo suave no ombro dela, suas mãos percorrendo lentamente a lateral do corpo dela, em um carinho protetor e reconfortante.— E você gosta disso, admita. — Vivienne provoca, a voz baixa e sonolenta, escapando junto de um bocejo quase involuntário.— E você ainda quer me desafiar. — Provoca, divertido, erguendo suavemente o rosto dela pelo queixo para olhar em seus olhos. Ele deposita um beijo leve nos lábios dela, c
Dominic estreita os olhos, cada fibra de seu corpo em alerta enquanto avalia o homem à sua frente. O desconhecido, que aparenta ter quase a mesma idade que ele, exala uma autoridade fria e dominante, como se estivesse habituado a controlar qualquer ambiente em que pisa. Sua presença parece expandir-se, sufocando o ar ao redor.Por um instante, o silêncio se transforma em um duelo invisível, onde nenhum dos dois está disposto a ceder.O estranho o encara com um olhar frio e calculista, as mãos cruzadas à frente do corpo, a postura impecável e rígida, como se o mundo inteiro estivesse habituado a dobrar-se diante de suas vontades. Cada detalhe dele, do terno alinhado à expressão impassível, exala autoridade, como alguém que não está acostumado a ouvir um “não” como resposta.Mas Dominic não recua. Sua expressão permanece firme, inabalável, enquanto seu corpo se mantém estrategicamente posicionado na porta, bloqueando qualquer tentativa do desconhecido de avançar. O silêncio entre os doi