A indignação me queima por dentro, mas eu me forço a permanecer calma. Não posso dar a ela a satisfação de me ver abalada.— Eu... — começo a responder, meu tom controlado, mas antes que consiga terminar, Alejandro interrompe.— Anastácia — sua voz é baixa, mas firme, com uma frieza cortante. Ele nem olha para mim, seus olhos cravados nela. — Se está insatisfeita, pode se servir sozinha.A tensão no ar é palpável. O veneno no sorriso de Anastácia desaparece por um momento, substituído por surpresa. Ela tenta disfarçar com uma risada forçada.— Ah, querido, estava apenas brincando. — Mas a rigidez no seu olhar denuncia o desconforto.Meu coração martela no peito. Alejandro não me defendeu diretamente, mas suas palavras foram suficientes para cortar o momento, e vejo o controle que Anastácia tanto se orgulha começar a escapar de suas mãos.Ela respira fundo e diz:— Bem, como eu estava dizendo, acho que essa casa ficará ainda mais grandiosa....— Não faço planos precipitados — Corta Ale
LunaA manhã avança de forma lenta, quase sufocante, enquanto cada movimento meu na Villa Castillo parece ser observado. A tensão entre mim e Alejandro, que havia começado a se solidificar, agora era palpável, como uma corda esticada ao máximo. Estou na sala de estar, ajustando as flores sobre a mesa, um pequeno ritual que me ajuda a manter a cabeça no lugar. O silêncio do ambiente é apenas quebrado pelo som distante de risadas vindas do jardim. Marta e outros funcionários conversam ao longe, mas aqui dentro, a atmosfera é completamente diferente.De repente, sinto uma presença forte, inconfundível. Alejandro. Sem precisar virar, sei que ele está se aproximando, seus passos silenciosos, mas carregados com uma intenção que me arrepia. Tento continuar meu trabalho, ajustando as flores, focando em manter as mãos firmes, mas o nervosismo me consome.Ele para ao meu lado, tão perto que posso sentir o calor de seu corpo. Seu cheiro amadeirado é sutil, mas invade meus sentidos, me desarmando
LunaO almoço é uma continuação daquela manhã sufocante. O ar parece mais denso, quase palpável, enquanto me esforço para manter a compostura. Anastácia está ainda mais radiante, agora com um vestido leve e esvoaçante, mas igualmente elegante. Ela emana uma confiança fria e venenosa, como se estivesse desfilando em uma passarela exclusiva para Alejandro e para mim. Cada movimento seu parece calculado, uma dança silenciosa para reafirmar sua presença.Alejandro, no entanto, está mais distante do que de costume. Seus ombros estão rígidos, e o cansaço em seu rosto é uma raridade, uma falha momentânea em sua armadura habitual. Mas seus olhos... Sempre que acha uma brecha, eles me procuram. Em meio às conversas superficiais sobre o almoço, trocamos olhares breves e silenciosos que me desestabilizam. Ele parece querer me dizer algo, mas está preso, amarrado às suas próprias correntes invisíveis."Fique firme", repito para mim mesma enquanto sirvo os pratos, mantendo a cabeça baixa. Mas é im
LunaNo café da tarde a tensão entre Alejandro e eu atinge seu auge. Sinto o peso do olhar dele em cada um dos meus movimentos, mesmo quando finjo não percebê-lo. Anastácia, por outro lado, está entretida com o celular, falando animadamente sobre algo que parece ser importante apenas para ela. A conversa dela ecoa no ambiente, mas eu mal consigo ouvir. Minha mente está focada em Alejandro, sua presença dominando o espaço, enquanto um misto de nervosismo e expectativa me invade.De repente, Alejandro se levanta, seu movimento brusco chamando a atenção de todos.— Luna — ele diz, com aquela voz profunda que faz meu corpo inteiro reagir. — Preciso falar com você.Anastácia se empertiga e avalia nós dois.—Siga-me. —ele diz e segue em direção a cozinha e nela eu paro, pensando que ele falará comigo ali.— No seu quarto — ele responde, firme.Ao meu lado, Marta fica boquiaberta, seus olhos arregalados.— Você não pode... — ela tenta dizer, mas suas palavras morrem ao ver o olhar determinad
Alejandro permanece em silêncio, os olhos fixos em mim, o rosto uma mistura de incerteza e dor. Continuo, mesmo que minha voz trema um pouco.— Ele tentou me convencer de que poderíamos ter algo. Ele até disse que poderia me tirar daqui; que eu não precisaria mais trabalhar como empregada, que ele poderia sustentar minha família...pois ele sabe que meus pais precisam de mim — Meus lábios tremem, e sinto a raiva crescer dentro de mim ao me lembrar das palavras de Juan. — Mas eu disse a ele, com toda a clareza, que não sinto nada por ele. Que nossa amizade é importante, mas que não há nada além disso.Vejo Alejandro relaxar levemente, mas a tensão ainda paira no ar. Sei que ele precisa de mais. Ele precisa entender o que está acontecendo entre nós.— Ele tentou me fazer promessas, Alejandro, mas eu fui muito clara com ele. Disse que poderíamos ser amigos, mas nada mais que isso. Eu o rejeitei porque, porque eu gosto de você... — Meu coração bate mais rápido, e preciso reunir toda a minh
Depois do beijo, Alejandro mantém os olhos fixos nos meus, como se estivesse se certificando de que estou realmente ali, presente, junto a ele nesse momento que muda tudo. A intensidade em seu olhar me deixa sem fôlego, e percebo que algo mais profundo está prestes a acontecer, contudo, antes de qualquer decisão ele me beija novamente. O segundo beijo é ainda mais intenso, como se ele estivesse tentando gravar aquele momento na eternidade. Os lábios de Alejandro encontram os meus com uma mistura de urgência e cuidado, como se cada movimento fosse calculado para dizer aquilo que as palavras nunca poderiam. Meu coração dispara, e sinto meu corpo inteiro responder ao toque dele.Suas mãos sobem lentamente até meu rosto, os dedos roçando minha pele com uma delicadeza que contrasta com a paixão do beijo. É como se o mundo ao nosso redor deixasse de existir, e só restássemos nós dois, presos em uma bolha de emoção que pulsa entre nós.Minha respiração é roubada por completo, e o calor que e
Ele segura meu rosto entre as mãos, e seus olhos se tornam mais suaves, como se finalmente estivesse pronto para colocar em palavras tudo o que sentiu desde o momento em que nos conhecemos.— Porque você nunca tentou ser alguém que não é — começa ele, sua voz baixa, mas cheia de sinceridade. — Desde o início, foi você mesma. Quando eu te conheci, você estava com medo, mas ainda assim, foi corajosa. Você não tentou se encaixar no meu mundo ou me impressionar com mentiras ou ambições escondidas. Você me enfrentou com a verdade, mesmo quando sabia que eu podia te destruir com um único gesto.Ele faz uma pausa e diz emocionado:—Você me fez ver que não sou apenas um homem, ainda que eu tenha poder com minhas posses e negócios. Com você, eu sou apenas Alejandro. O homem que se escondeu por tanto tempo atrás de máscaras. Você me fez perceber que posso ser amado pelo que sou, não pelo que tenho. E isso, Luna... isso é a coisa mais poderosa que já senti.Sinto um aperto no coração ao ouvir es
Sua voz ecoa pelo salão, grave, firme, mas com uma pontada de algo mais: uma combinação de nervosismo e desafio. Eu posso sentir a eletricidade no ar, cada palavra que ele pronuncia parece carregar o peso de todas as expectativas que ele está pronto para quebrar.Enzo levanta os olhos do livro, surpreso ao ver Alejandro tão sério. Ele coloca o livro de lado, olhando para o filho e depois para mim, uma ruga de confusão começando a se formar em sua testa.— O que está acontecendo, Alejandro? Por que essa urgência? — O tom do velho é de curiosidade, mas com uma pitada de impaciência.Alejandro respira fundo, como se estivesse reunindo toda a coragem que possui.— Pai, eu vim aqui hoje para dizer que meu coração já tomou sua decisão. A pessoa com quem quero estar, a pessoa que escolho para minha vida... é Luna.As palavras caem como uma bomba no salão. Anastácia, que até então parecia calma e no controle, arregala os olhos, sua expressão de surpresa transformando-se rapidamente em raiva.