Natalie não parava de falar no casamento. Era como se ela quem fosse se casar. Ela comentava sobre seu vestido. Sobre o vestido da mãe. Que precisava ser de rainha e que ela queria ser uma princesa no dia. E seus pais não puderam deixar de se divertir com seus comentários alegres e entusiasmados. Seus olhinhos brilhavam, e Liam pensou que eles brilhavam tanto quanto os de Mia brilhavam mais cedo. Quando estavam juntos na cama. Eram cores diferentes, e ainda assim, havia o mesmo brilho. — Quando a gente vai ver o nosso vestido? — Filha, eu fiquei noiva ontem. – Diz rindo. – Mas prometo que veremos logo. — Eu não vou no shopping. Me nego. Nem pelo sorvete. Liam riu. Seu filho era muito parecido com ele. — Nós iremos juntos ver a nossa roupa, filho. Mas longe de shopping. — Ainda bem, senão teria que pedir a ajuda do vovô para fugir. E dessa vez, ambos os pais estavam rindo. — Eu vou entrar com você, não é, mamãe? – Natalie perguntou. — Sim, você vai, sim, meu amor. – Concor
Ela realmente achou que ia morrer. Engasgada. Mas mesmo assim, morrer. Tossiu tanto que mal conseguia respirar. E se não fosse por seu noivo, tinha certeza de que não tinha se recuperado. Bem, achava que não, pelo menos. Claro que sabia de onde vinha os bebês. Ora, ela era uma adulta, e tinha relações sexuais com Liam, mas daí para escutar sobre bebês — ou no caso um irmãozinho — de um de seus filhos, aí foi demais para ela. Não estava pensando nisso. Na verdade, não pensava em ficar grávida nem tão cedo. Queria filhos, muito, de verdade, mas ainda não havia pensado nisso. Mesmo depois de ficar noiva. A única coisa que pensava antes era em como se sentia feliz ao lado de Liam, e depois, no quanto estava feliz por ser pedida em casamento. Filhos. Bebês. Gravidez. Ela começou a pensar nisso depois da pergunta da filha. E ela queria porque queria saber a resposta, mas o pai dela conseguiu distrai-la após a recuperação da noiva. Mesmo se divertindo por ver o constrangimento de sua
— Boa tarde. Mia não achou que veria aquela mulher de novo. Na verdade, pelo menos não na casa do seu noivo, porque sabia, ela procuraria pelos gêmeos de novo. — Eu vim falar com meu genro. — Até onde eu sei, ele não é mais seu genro. – Não conseguiu segurar, foi mais forte que ela. – Antes do que aconteceu, ele e sua filha se divorciaram. — E você se aproveitou disso. A rosada franziu o cenho, vendo-a adentrar sua casa — sim, porque agora mais do que nunca, a casa era dela também — sem pedir licença, com o nariz em pé. — E agora está noiva dele. Se surpreendeu por ela saber. — Planejou bem, não é mesmo? — Eu não planejei nada. – Retrucou. – E eu não devo satisfações a senhora. — Não deve mesmo. Ambos fitaram Liam, que se aproximava, nada feliz por estar vendo Briana em sua casa, e pior, tentando humilhar sua noiva. — Minha vida desrespeito a mim. Apenas a mim. Minha vida com Mia também, então eu não acho que a senhora tenha o direito de vir até a minha casa humilhar
— Como ela está? O homem deu um longo suspiro, respondendo que ela estava bem, mas que havia sido muito perigoso. A esposa havia tido um começo de um AVC. Ela nunca havia tido aquilo antes, ele por outro sinal, já havia tido umas duas vezes. E mesmo que estivesse muito chateado por ela ter mentido para ele por bastante tempo, sobre a filha deles, ainda assim, não conseguia deixar de se preocupar. Ainda a amava, afinal. Muito. A amava verdadeiramente. E pensou que a perderia para sempre. — Vai passar alguns dias aqui. — Hum. — Eu sei que... minha esposa não foi nada legal com a sua noiva... — Minha noiva está bem. – O cortou. — Briana é complicada. — Eu vejo. — Mas ela vai melhorar. Eu vou falar com ela... — Até onde sei, você tentou, e ela decidiu não escutar. Aurelius suspirou longamente. — Meus filhos já passaram pelo bastante. Eles não merecem passar por mais uma. E eu não vou admitir que eles passem por mais nada. Nada que eu possa evitar. O outro concordou. —
Foi de carro, principalmente quando sua família estava de pé. Mia havia avisado que precisava andar. Espairecer. E depois que Samuel sofreu aquele acidente, ele não se importou mais. Não se preocupava mais. Ela estava segura. Podia voltar a sua rotina de antes. Algo que ela sentia muitas saudades. Ela gostava de dar uma volta pelo bairro, gostava de ir de pé até a esquina, gostava de passear sem que tivesse com medo de que fizessem mal a ela. Mas se viu completamente preocupado, quase que apavorado, quando chegou a padaria e viu que havia alguns carros de polícia, e bem no meio de alguns policiais, sua noiva, com a mão no peito, olhando de um lado para o outro de vez em quando. Desceu apressado, passando entre algumas pessoas, pedindo licença antes de chamar por ela. Mia. Que o olhou quase que aliviada por vê-lo. — Senhor Kavanagh. Ele apenas anuiu, abraçando a noiva. — O que houve? Onde estão os gêmeos? — Estão com Amelia. – Sua voz quase não saiu. – Eles estão bem. Um pouco
Mia não conseguia parar de pensar no que havia acontecido. Os gêmeos estavam muito assustados ainda, mesmo que já tivesse se passas horas desde que tudo aconteceu, e ela só conseguiu acalmá-los com a ajuda de Liam. Provavelmente sem a ajuda dele, ela não conseguiria. Ela mesma estava apavorada. Qual o motivo de sequestrarem ela? Se pelo menos Samuel ainda estivesse “vivo”? Novamente, pensava naquele que queria fazer de sua vida um verdadeiro inferno. Seria ele o culpado, o mandante, ou seja o que fosse do que lhe aconteceu. Seria. Se fosse possível. E não era. Não havia possibilidade de ele voltar a ser o mesmo de antes. Então por quê? Quem? Estava sentindo que estava sendo observada. Sempre que saía de casa, sentia aquele sentimento de que alguém olhava para ela. Não tão longe. Mas também não tão perto. Mas o arrepio era sempre sentido por ela. A sensação. O medo. Era horrível. E mesmo assim não contou a ninguém. Era bobagem. Desde que começou a ser ameaçada por Samuel, ela tinha
Thomas só estava aceitando aquilo por sua mãe. Apenas por sua mãe. Ele sabia que nem mesmo seu pai fazia questão, mas sua mãe queria muito que eles aceitassem. Talvez para que ficasse tudo bem. Diferente de como ficou com Lillie. Então ele aceitou. E sua irmãzinha também, já que ela fazia quase tudo que ele fazia. Era por um bem maior. Mas quem disse que tinha que ficar feliz por isso? Não estava feliz. Na verdade, estava emburrado. Dentro do carro, ele conseguia impedir que sua mãe ou seu pai visse o quanto estava emburrado, mas tinha quase certeza — ou certeza absoluta, porque conhecia a si mesmo — que não conseguiria fazer o mesmo quando encontrasse aqueles dois. Sim. Aqueles dois. Não era avô, não era avó. Era aqueles dois. Não conseguia nem mesmo dizer o nome deles sem se lembrar de quem eram pais e o que um deles fez há alguns dias em sua escola. Provavelmente nunca se esqueceria, em especial aquelas palavras. Natalie parecia mais calma que ele. Mas só talvez porque Mia estava
— Vocês já estão na escola? — Nós temos quase sete anos. Briana franziu o cenho com a forma como o neto a respondeu, mas não fez nada a respeito, por mais que aquele fosse seu maior desejo. — E... fazem alguma atividade? — Arrumar o quarto é uma atividade para você? Liam levou a mão entre os olhos. Seu filho conseguia deixar um ambiente tenso. Já deveria saber que nada seria tranquilo. Mas também, pudera, ele não estava nada feliz em ver duas pessoas que o ignorou e à irmã por mais de seis anos. — Eu soube que farão aniversário em um mês. – Aurelius decidiu que era a hora de se pronunciar, por mais que soubesse que não mudaria nada sendo ele a questionar. – Já escolheram um tema? — Das princesas. É bem a minha cara. – Debochou. — Thomas. – O repreendeu outra vez. — A mamãe achou que dois temas seriam legal esse ano. – Natalie decidiu responder, carinhosa como era sempre. E Liam quase agradeceu em alto e bom som. — Claro, são gêmeos afinal. — E não siameses. Mia aper