Aurora DemetriouMinha mente trabalhava rápido. Eu precisava fazer alguma coisa, não podia ficar parada esperando Matteo chegar. Minhas pernas estavam presas, mas não completamente imóveis. Eu sentia a faca presa ao lado da minha coxa, oculta sob os destroços do vestido.Um dos sequestradores, um homem baixo, de rosto sujo e olhos cruéis, se aproximou de mim, com um sorriso satisfeito nos lábios.— Já cansou de se debater, princesa?Não respondi. Esperei pelo momento certo.E ele veio.Assim que ele se abaixou para me encarar, inclinei o corpo para a frente, roçando o ombro no tecido esfarrapado do vestido e deslizando a lâmina solta para minha mão, cortei as amarras que me prendiam na cadeira e num único movimento rápido e preciso, enfiei a lâmina no peito dele. Seus olhos arregalaram. Ele tentou falar, mas só conseguiu expelir um jorro de sangue pela boca. Eu o empurrei, deixando seu corpo tombar no chão.— Filha da puta! — o segundo sequestrador se aproximou furioso.Antes que eu
A noite estava mais fria do que o normal na Sicília. O vento cortava o ar como lâminas invisíveis e o cheiro do mar misturava-se ao da pólvora, do sangue e da fúria da Cosa Nostra.Dentro da imensa mansão Moretti, Vittorio estava em seu escritório, os olhos fixos em um mapa da cidade, traçando mentalmente cada movimento para encontrar Aurora. Seu semblante era de pura tensão, mas o olhar permanecia afiado, letal.O som de passos firmes ecoaram pelo chão de mármore, antes que Alonso entrasse no recinto, o rosto carregado com uma expressão sombria.— Eu descobri quem está por trás do sequestro de Aurora.Vittorio ergueu os olhos lentamente, seus dedos ainda pressionando a borda da mesa.— Fale.Alonso deu um passo à frente, cruzando os braços.— Meiying e sua filha.O nome pairou no ar como uma sentença de morte.Vittorio não disse nada. Seus olhos escureceram e o maxilar trincou. O ar no ambiente pesou aguardando o espectro da destruição ser libertado.Foi então que Nikolai Romanov ent
Aurora DemetriouA porta bateu atrás de Meiying e o silêncio que ficou era tão denso que parecia um peso sobre meus ombros. Mi Ling ainda estava ali, me observando com o olhar estreito, seus lábios pressionados em uma linha fina, era evidente que estava com raiva pelo modo como respirava.Eu podia ver, que ela queria me matar, mas infelizmente não tinham coragem.Meus pulsos latejavam sob as amarras, meus músculos doíam pela posição forçada, mas a dor era o menor dos meus problemas. Minha mente estava um furacão. As palavras de Meiying ainda ressoavam em minha cabeça.“Serena, a vadia que achou que poderia roubar meu lugar.”Ela odiava minha mãe. Mais do que isso… Ela odiava o fato de que meu pai nunca a quis. O tapa que ela me deu não foi por mim. Foi por ela mesma. Foi pela dor que o desprezo de Vittorio Moretti causou, ele a renegou, nunca a enxergou como algo além de um peão dispensável.Ela queria me machucar porque assim conseguiria ferir os dois e isso apenas me deixava mais
A cela subterrânea no coração da China era escura, úmida e cheirava a sangue e morte. No centro, Haruto Ogiwara estava amarrado a uma cadeira de aço, seus pulsos presos com correntes pesadas, os pés atados ao chão. Seu corpo estava coberto de hematomas, cortes profundos e sangue seco. Sua respiração era irregular, seus olhos inchados pelos socos, mesmo assim ele ainda se recusava a falar. Diante dele, Mao Ling observava com um olhar impassível, as mãos para trás, o rosto inexpressivo,uma perfeita estátua de pedra. Ao seu lado, Nikolai Romanov que mudou planos de enviar seu general sozinho para a China, cruzava os braços, dispondo de um sorriso cínico e cheio de diversão, contrastando com a seriedade do momento. O russo havia atravessado meio mundo para estar ali e testemunhar a queda daqueles que tiveram a audácia de tocar na herdeira grega e atrapalhar o casamento de sua filha caçula, como consequência desse ato.— Mais uma chance, Ogiwara — Mao Ling disse, com sua voz baixa, sem
Mi Ling virou-se lentamente, pegando o telefone. O número era um que ela não reconhecia, mas atendeu mesmo assim.— Quem é?A voz do outro lado era fria, impiedosa, repleta de uma fúria silenciosa e letal.Matteo Moretti.— Vocês tocaram no que é meu.Mi Ling sentiu um arrepio subir pela espinha.— Agora… — Matteo continuou, com sua voz baixa, mortal, sem pressa. — Vocês vão pagar por isso! O som ensurdecedor da porta de aço sendo arrombada ecoou pelo galpão, em seguida, o trovão das armas sendo disparadas tomou conta do ambiente.O inferno havia chegado e Matteo Moretti estava no comando dele.Ele entrou no galpão como um predador entrando em território inimigo, sua Glock em punho, os olhos azuis queimando em fúria pura. Sua presença era uma sombra de morte, um aviso silencioso de que ninguém ali sairia vivo sem sua permissão.Ao seu redor, os soldados da Cosa Nostra avançaram como fantasmas no meio da fumaça. Eles eram treinados para isso, moviam-se rápido, certeiros, eficientes.O
Mao Ling, o líder absoluto da Tríade Chinesa, o homem que controlava o império do crime no Oriente, entrou pelo galpão com sua postura implacável. Ele estava vestido em um terno preto impecável, o cabelo preso para trás e seus olhos estreitos varreram o ambiente sem pressaQuando seu olhar caiu sobre Meiying e Mi Ling, não houve fúria, nem tão pouco tristeza. Houve apenas indiferença.As duas se encolheram esperando por uma reação, esperando que Mao Ling fizesse algo, mas ele não fez. Ele apenas caminhou até Matteo, com seus olhos penetrantes e sua voz fria como o aço.— Moretti.— Ling — Matteo não baixou a arma.Eles se encararam, dois chefes, dois titãs do submundo, dois homens que poderiam estar em guerra agora mesmo.O líder da Tríade não olhou para a filha, nem para a esposa. Ele as ignorou completamente e então, fez algo que ninguém esperava.— Faça o que tem que fazer — Mao Ling disse calmamente. — Elas não têm mais meu nome, não pertencem a minha família.O ar no galpão parec
O grande dia finalmente chegou. Após meses de caos, dor e guerra, os casamentos aconteceram, selando alianças e escrevendo um novo capítulo na história da máfia.Roma nunca havia visto um evento como aquele.Três casamentos. Três uniões que fortaleceram ainda mais o futuro da Cosa Nostra.A grandiosa Catedral de São Pedro estava resplandecente, adornada com flores brancas e douradas, o perfume das rosas e lírios misturando-se com o incenso que pairava no ar. Cada detalhe havia sido meticulosamente planejado, desde o tapete de veludo vermelho estendido pelo corredor central até os vitrais antigos que refletiam a luz do sol sobre os convidados.A catedral estava lotada com os maiores nomes do submundo. Homens poderosos, chefes de famílias influentes, soldados fiéis. Todos estavam ali, não apenas para testemunhar os votos sagrados, mas para assistir à ascensão de um novo reinado.Ao fundo, músicos de uma orquestra italiana tocavam uma melodia clássica, engrandecendo a solenidade do momen
Matteo Moretti reinava com inteligência e brutalidade. Ele era o Don que o submundo respeitava e temia, um homem moldado pelo caos e forjado na violência. Mas ele não governava sozinho. Ao seu redor, seu círculo de ferro se mantinha inabalável.Vincenzo Ferrari, o consigliere - o estrategista, o equilíbrio entre a brutalidade e a razão. Ele era a mente que planejava cada movimento, a sombra silenciosa que antecipava cada ameaça. Ninguém ousava questioná-lo, porque sabiam que, se Matteo era o rei, Vincenzo era a espada afiada que eliminava qualquer traidor antes que ele pudesse agir.Giuseppe Portinari, o General - comandante da segurança da Cosa Nostra. Um soldado nato, leal e implacável. Seu nome era murmurado entre aqueles que ousavam desafiar o império dos Moretti, porque a morte caminhava ao seu lado.A Cosa Nostra não era mais apenas um império de homens.Algo havia mudado, as mulheres não eram apenas sombras de seus maridos.Elas se tornaram parte da engrenagem e cada uma redefi