O tempo parecia correr implacavelmente para os Moretti. Os dias na Cosa Nostra eram marcados por alianças, sangue e tradição mas, de vez em quando, até os códigos mais rígidos eram quebrados e Alonso Ferrari estava prestes a descobrir isso da pior maneira possível.A noite estava silenciosa quando ele chamou Vincenzo para seu escritório. A expressão no rosto do patriarca não deixava dúvidas, algo grave havia acontecido. Vincenzo entrou no recinto com a habitual despreocupação, mas ao ver o olhar severo do pai, sua postura ficou mais rígida.— Diga que isso não é verdade! — Alonso disse, com a voz carregada de uma frieza cortante.— O que aconteceu exatamente? — Vincenzo franziu a testa.Alonso levantou lentamente, pegando um charuto sobre a mesa. Ele acendeu, tragou profundamente e então lançou a bomba.— Você dormiu com Ekaterina?Vincenzo ficou em silêncio por um instante e um sorriso debochado brincou nos cantos de seus lábios.— Algum problema se eu tivesse acontecido?A resposta
Enquanto os casamentos eram preparados, Don Vittorio Moretti decidiu viajar pessoalmente para a Argentina. Ele queria conhecer uma das invenções mais faladas dentro do submundo do crime: o Delírius Insanus, uma base móvel de tortura, desenvolvido na infância e adolescencia dos primos Lambertini e aprimorado agora por Derick. Vittorio levou consigo Alonso, Matteo, Vincenzo e Giuseppe. Ao chegarem ao galpão dos Lambertini, foram recebidos com respeito, mas também com um brilho malicioso nos olhos dos anfitriões. O Don da máfia argentina, foi pessoalmente receber Don Vittorio, os dois eram amigos de longa data e tinham respeito e admiração mútuos. — Don Vittorio, é uma honra recebê-lo aqui no meu país — Vittorio Lambertini disse, apertando a mão do chefe da Cosa Nostra.— A honra é minha, ouvi grandes coisas sobre suas invenções — Vittorio respondeu, com sua voz carregada de interesse.Derek, filho mais novo do Don argentino, abriu um grande sorriso antes de conduzi-los até uma imensa
Aurora DemetriouO reflexo no espelho me mostrava algo surreal.Ali estava eu, vestida de noiva, com um vestido digno de uma rainha ao mesmo tempo que ainda me sentia aquela menina de anos atrás, sonhando com esse momento sem sequer imaginar o peso real que ele tem. Antes, quando pensava em casamento, via uma cerimônia repleta de promessas doces e uma vida tranquila ao lado de alguém que me amaria. Agora, estava prestes a me tornar oficialmente a esposa de Matteo Moretti.E a rainha da Cosa Nostra.Meu coração batia descompassado, não de medo, mas de antecipação. Eu sabia o que significava ser a esposa de Matteo. Sabia que esse casamento não era apenas sobre amor. Era sobre poder, lealdade, sobre se tornar parte de algo muito maior e ao mesmo tempo, mais perigoso do que qualquer conto de fadas.Respirei fundo, tentando acalmar a onda de emoções que subia pelo meu peito. Meus dedos deslizaram pelo tecido do vestido, sentindo sua textura refinada. Era a definição de perfeição. O corpe
Aurora DemetriouO local do casamento era simplesmente espetacular. Optamos por uma cerimônia ao ar livre, em uma propriedade luxuosa da Cosa Nostra. Luminárias foram espalhadas estrategicamente entre as árvores, criando um efeito etéreo, enquanto centenas de rosas brancas e vermelhas adornavam os corredores. Um tapete branco se estendia até o centro do jardim, onde um altar imponente fora montado com colunas douradas e velas acesas ao redor.O casamento seguiria uma ordem estratégica. Primeiro, Ava, deslumbrante em seu vestido minimalista, caminharia até o altar para se unir a Giussepe. Logo depois, Ekaterina faria sua entrada triunfal, parecendo uma verdadeira rainha russa e iria ao encontro de Vincenzo que a esperava no altar.Eu seria a última a entrar, pois meu casamento não era apenas uma união, mas um marco na história da máfia. Matteo receberia o anel de seu pai e assumiria o comando da Cosa Nostra com apenas 20 anos. Vincenzo se tornaria seu conselheiro, ocupando o lugar de A
Matteo estava parado no altar, impassível, seus olhos fixos na grande porta de madeira da catedral, por onde, em poucos minutos, Aurora apareceria. Seu coração, normalmente frio e calculista, batia mais forte, ansioso para vê-la.Vestia um terno preto italiano sob medida, impecavelmente ajustado ao seu corpo atlético. O colete de cetim vinho contrastava com a camisa branca de algodão egípcio e a gravata preta perfeitamente alinhada, adicionava um toque de sofisticação. Os sapatos de couro brilhavam e no pulso, o relógio de platina refletia o tempo que passava lentamente.Seu cabelo loiro estava alinhado, levemente penteado para trás, permitindo que alguns fios rebeldes caíssem suavemente sobre a testa. O rosto anguloso, com a linha do maxilar tensa, exibia a seriedade de um homem que estava prestes a assumir não apenas um casamento, mas um império. Os olhos azuis, afiados e atentos, denunciavam a tempestade de sentimentos dentro dele.Ao seu lado, Vincenzo e Giuseppe também aguardavam
O mundo está em silêncio, mas dentro de mim, tudo está em chamas.Estou parado no meu quarto, o mesmo onde há poucas horas me vesti para o dia mais importante da minha vida. O mesmo onde deveria voltar esta noite, carregando Aurora em meus braços. O mesmo onde deveria despi-la com calma, saborear cada momento do que seria nossa primeira noite como marido e mulher.Mas ela não está aqui e tudo o que resta em mim é um ódio tão profundo que chega a ser sufocante.Olho meu reflexo no espelho. O homem que vejo diante de mim não é o mesmo que caminhou até aquele altar há pouco tempo. Aquele se foi. O que vejo agora é um predador. Um homem disposto a destruir tudo e todos para ter de volta o que é seu.Fecho os olhos e tudo o que vejo é Aurora. Seu sorriso, seu olhar brilhante quando me encara. O som da sua risada, aquele jeito único de dizer meu nome, a forma como ela se encaixa perfeitamente nos meus braços… Ela sempre foi minha.Mas alguém teve a audácia de arrancá-la de mim.O sangue fe
Aurora DemetriouMinha mente trabalhava rápido. Eu precisava fazer alguma coisa, não podia ficar parada esperando Matteo chegar. Minhas pernas estavam presas, mas não completamente imóveis. Eu sentia a faca presa ao lado da minha coxa, oculta sob os destroços do vestido.Um dos sequestradores, um homem baixo, de rosto sujo e olhos cruéis, se aproximou de mim, com um sorriso satisfeito nos lábios.— Já cansou de se debater, princesa?Não respondi. Esperei pelo momento certo.E ele veio.Assim que ele se abaixou para me encarar, inclinei o corpo para a frente, roçando o ombro no tecido esfarrapado do vestido e deslizando a lâmina solta para minha mão, cortei as amarras que me prendiam na cadeira e num único movimento rápido e preciso, enfiei a lâmina no peito dele. Seus olhos arregalaram. Ele tentou falar, mas só conseguiu expelir um jorro de sangue pela boca. Eu o empurrei, deixando seu corpo tombar no chão.— Filha da puta! — o segundo sequestrador se aproximou furioso.Antes que eu
A noite estava mais fria do que o normal na Sicília. O vento cortava o ar como lâminas invisíveis e o cheiro do mar misturava-se ao da pólvora, do sangue e da fúria da Cosa Nostra.Dentro da imensa mansão Moretti, Vittorio estava em seu escritório, os olhos fixos em um mapa da cidade, traçando mentalmente cada movimento para encontrar Aurora. Seu semblante era de pura tensão, mas o olhar permanecia afiado, letal.O som de passos firmes ecoaram pelo chão de mármore, antes que Alonso entrasse no recinto, o rosto carregado com uma expressão sombria.— Eu descobri quem está por trás do sequestro de Aurora.Vittorio ergueu os olhos lentamente, seus dedos ainda pressionando a borda da mesa.— Fale.Alonso deu um passo à frente, cruzando os braços.— Meiying e sua filha.O nome pairou no ar como uma sentença de morte.Vittorio não disse nada. Seus olhos escureceram e o maxilar trincou. O ar no ambiente pesou aguardando o espectro da destruição ser libertado.Foi então que Nikolai Romanov ent