Capítulo 5
O quê?

Uma frase tão curta, e ainda assim, demorei muito para me recuperar.

Eu olhava para Wesley, atônita. Ele não disse que tinha levado o Afonso para a casa da minha sogra?

A sogra sabe que o estado de saúde do Afonso... Ela jamais daria algo inapropriado para o Afonso comer.

Então, por que o Afonso foi parar no hospital?

E... Como a Vitória sabia da condição de saúde do Afonso?

— Em qual hospital?— Wesley apressou-se em pegar as roupas que caíram no chão, vestindo-as às pressas.

Vitória, chorando, disse-lhe o nome do hospital pelo telefone.

Preocupada com a criança, só me restou seguir Wesley.

Foi só então que ele percebeu que eu estava lá.

Eu sabia que minha expressão era terrível, como se estivesse à beira de um colapso, mas consegui me conter.

Ele abriu a porta do carro e entrou. Eu também entrei na porta do passageiro.

Durante o trajeto, nenhum de nós falou.

As informações caóticas que enchiam meu cérebro também foram gradualmente organizadas e esclarecidas durante os vinte minutos de viagem.

Ou seja... Wesley disse que levaria Afonso e cortaria o contato com a Vitória. Mas, por trás, levou Afonso para Vitória.

Para me impedir de perceber algo estava errado... Ele até sacrificou a si mesmo, usando o pretexto de querer ter outro filho comigo, para desviar minha atenção.

Virei o rosto para a janela.

Acontece que eu era a única pessoa em toda a família que queria retomar minha vida antiga e viver bem. A balança em seus corações já havia se inclinado para Vitória...

...

Ao chegar no hospital, corri diretamente para a área de infusões.

Naquele grande espaço, apenas o Afonso estava lá, sozinho.

Ele estava com a cabeça inclinada, apoiando-se na parede, claramente já dormindo.

Eu me aproximo dele e olho para o seu rosto adormecido, com o coração partido e irritado.

Meu coração doía por ele ser tão jovem, sem saber o que é bom ou ruim.

Mesmo sabendo da sua condição frágil, aqueles adultos irresponsáveis o mimavam, fazendo com ele frequentemente fosse para o hospital.

Minha indignação era porque a responsável por ele estar no hospital sequer ficou lá para acompanhá-lo depois de prejudicá-lo.

Não importava se ele ficaria assustado ou não.

Respirei fundo, forçando-me a manter a calma.

Então, sentei-me ao lado do Afonso, tomando cuidado, para não o acordar, e apoiei sua pequena cabeça contra mim.

— Eunice, meu filho te mima, deixando você em casa para cuidar dos filhos em tempo integral. E então?

Acusações agudas vieram da porta.

Virei a cabeça para olhar. Era a mãe de Wesley, a minha sogra, Fernanda.

Ela tinha acabado de chegar, mas para encobrir sua própria negligência, precisava atacar primeiro: — Sob o seu chamado cuidado atento, o estômago do Afonso está constantemente com problemas...

Ela estava tentando colocar a culpa em mim?

Tenho medo de que Wesley passe por maus bocados quando eu tiver problemas com os anciãos do lado de Wesley, por isso, na maioria das vezes, consigo tolerar.

Mas Afonso é a minha linha vermelha. Com relação a ele, eu não poderia recuar!

Tentando não acordar o Afonso adormecido, mantive minha voz baixa, mas não consegui esconder minha raiva: — Mãe, quem arruinou o estômago do Afonso, você sabe melhor do que eu.

— Claro que eu sei!— Fernanda deu uma risada fria: — Eunice, Afonso passa a maior parte do tempo com você. Se você realmente se dedicasse a cuidar dele, ele não estaria tão frágil a ponto de ir para o hospital por qualquer coisa que come.

Eu levantei a cabeça, encarando-a.

Todo o ressentimento que eu estava guardando durante toda a tarde veio à tona nesse momento e finalmente soltei um grunhido baixo: — Mas quando eu estava cuidando do Afonso, ele nunca precisou ser hospitalizado por problemas estomacais.

Fernanda engasgou: — Você...

Eu não parei: — Pelo contrário, os problemas estomacais dele se tornaram mais frequentes desde que você disse que estava com saudades do Afonso e pediu para o Wesley levá-lo até a sua casa após o trabalho.. Depois, eu também os avisei que não podiam dar alimentos à vontade para ele. Qual foi o resultado das suas ações?

Não tenho ressentimentos com a família do Wesley.

É que, no passado, eu sempre achei que não era nada demais, além do mais, eles amam a criança, bastaria apenas comunicar-me com eles.

Eles certamente prestariam atenção no futuro e não fariam isso novamente.

Contudo, parece que eu os superestimei: — Vocês não só ignoraram minhas palavras, mas também levaram a criança para a Vitória!

— Deixaram meu filho criar laços com Vitória, essa mulher que tenta se intrometer no nosso casamento!

— É sempre assim, até mesmo hoje!

— Wesley chegou em casa e me disse que tinha levado a criança para a casa da avó.

— Em questão de horas, ele estava na casa de Vitória, passando mal, vomitando e com diarreia, e teve que ser levado para o hospital!

— E então?

Fiquei triste ao pensar na cena que eu tinha visto quando cheguei ao hospital:

— Ela simplesmente foi embora, deixando Afonso, um pequeno garoto, aqui sozinho.

Fernanda abriu a boca para retrucar, mas não sabia o que dizer.

— Mãe. — Falei com dificuldade: — Eu sei que você nunca gostou de mim.

— Entendo que a única nora que você realmente aceita é Vitória...

— Mas se você me odeia e quer me fazer sofrer, pode vir diretamente para mim!

— Afonso é seu neto, ainda é pequeno...

— Ele não aguenta esse tipo de tortura!

Fernanda também não esperava que sua nora, que sempre foi obediente e respeitosa, se atrevesse a enfrentá-la.

Estava prestes a repreendê-la severamente quando Wesley correu em nossa direção e interrompeu: — Mãe, por favor, fale menos.

Em momentos de conflito entre mim e meus sogros. Wesley sempre me apoiou incondicionalmente.

Essa é uma das razões pela qual sou tão devotada a ele.

Fernanda, interrompida pelo filho, ficou ainda mais irritada: — Você é um ingrato! Não ouviu o que sua esposa acabou de me dizer?

Wesley fez uma careta e ficou ao meu lado: — Há algum problema com o que ela disse?

Fernanda engasgou.

Wesley continuou: — Eu já te disse claramente que não vou mais entrar em contato com Vitória, mas você ainda assim levou a criança para lá sem me dizer. Isso já está afetando nosso relacionamento conjugal.

Ao ouvir isso, olhei para Wesley, surpresa. Então, ele também não sabia?

Fernanda parecia ter muito o que dizer, mas acabou parando e me lançou um olhar malicioso.

Minha atenção estava toda voltada para Afonso, sem tempo ou energia para lidar com ela.

Pensei por um momento e decidi deixar as coisas claras: — Mãe, de agora em diante, não vou mais levar a criança para a sua casa.

Não sei exatamente quando Vitória começou a ter contato com meu filho.

Mas espero... Que a partir de hoje, eles não tenham mais nenhum contato.

Nesse meio tempo, vou dedicar mais tempo ao Afonso e orientá-lo ......

Se eu tiver paciência, ele certamente voltará a ser o bebê saudável e bem-comportado que era antes.

Fernanda, sem pensar, se opôs: — Isso não pode ser!

Eu só estava informando-a, sua oposição ou apoio não mudaria minha decisão.

Sem esperar por minha resposta, ela olhou para Wesley.

Wesley simplesmente disse: — Eu apoio a Eunice.

— Vocês! — Fernanda estava furiosa, mas não podia mudar nada e, depois de um longo impasse, vendo que nenhum de nós tinha intenção de se comprometer, ela só podia ir embora.

Na grande área de infusão, restamos apenas nós três.

Eu abraçava Afonso. Wesley sentava ao meu lado.

Afonso dormia profundamente até acordar subitamente ao retirar a agulha, olhando para mim com os olhos confusos.

Eu o acalmava, batendo levemente em suas costas, com a voz suave: — Meu querido, não tenha medo, mamãe está aqui.

Afonso fez beicinho, claramente insatisfeito: — É tudo sua culpa, por que tinha que vir para o hospital?

Talvez seja por ser mãe, olhando para ele inchado, obviamente com raiva de mim, ainda o acho fofo: — Você não queria que eu viesse?

— Claro. — Afonso respondeu sem hesitar: — Se você não viesse, a tia Vitória certamente ficaria aqui para me acompanhar.
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