— Srta. Sophia? — Walter, ao perceber a recusa de Joaquim, se virou para perguntar a Sophia. Sophia ficou um pouco em um dilema. Ela queria ouvir mais histórias sobre o processo criativo da pintora Laura, mas acabara de recusar o convite de Joaquim para jantar. Aceitar o de Walter logo em seguida não parecia adequado. — Vocês dois não precisam se preocupar. Eu, pessoalmente, não gosto de ficar devendo favores a ninguém. — Disse Walter, com um leve sorriso. Afinal, ele queria evitar compromissos. Fazia sentido. Embora Sophia não soubesse exatamente o que Walter fazia, o fato de ele estar presente na festa de aniversário de Kelly indicava que provavelmente tinha uma posição de destaque. Pessoas como ele, de fato, temem dever favores e acabar em uma posição vulnerável caso o outro decida "cobrar a conta". Mas, se fosse para falar de dívidas de favores, na verdade, era Sophia quem devia um favor a Walter. Com isso em mente, Sophia falou: — Na verdade, eu que deveria convidar
Joaquim apertava os talheres com força, os dedos ficando brancos de raiva contida por ter sido desmascarado. — Eu vou crescer, e todos esses problemas serão resolvidos no futuro. — Respondeu Joaquim em tom severo, tentando conter a fúria. — Você pode até crescer, mas a Sophia não precisa perder tempo esperando por você. Com essas palavras, Walter deixou ainda mais claro para Joaquim que ele estava interessado em Sophia. — Eu não posso dar felicidade a ela. E você pode? ...Samuel, ao perceber que Kelly estava completamente bem, deixou o quarto. Ele caminhou pelos corredores até o salão de festas, mas não encontrou nenhum sinal de Sophia. "Será que ela foi embora depois de ser humilhada pelos Santos?" Se ela contasse para Letícia e Letícia soubesse do ocorrido, com certeza não deixaria isso passar em branco. Só de pensar no que Letícia poderia fazer, um calafrio percorreu o corpo de Samuel. Por sorte, Davi estava no meio da festa. Assim que Samuel o viu sozinho, se aprox
— Ela realmente conseguiu trazê-la de volta. Já faz três anos que ela desapareceu no exterior, não é? Como o Davi a encontrou? — Isso eu não sei. O Davi manteve tudo muito bem escondido. — Na minha opinião, a Valentina nem estava desaparecida. É bem possível que ela tenha se envolvido com algum homem rico no exterior, fugido com ele e chutado o Davi. Agora que o homem estrangeiro a descartou depois de usá-la, ela volta correndo para o Davi, esperando que ele cuide dela. — O problema é que o Davi é ingênuo e acabou sendo manipulado pela Valentina. — Você esqueceu como, na época da faculdade, a Valentina flertava com vários caras, todos com família rica e carros de luxo? Ela saiu várias vezes à noite com o Sebastião e só voltava na manhã seguinte. — Como você sabe disso? — Eu dividia o dormitório com ela, como eu não saberia? As pessoas sussurravam entre si. Na recepção do restaurante, Sophia percebeu que a conta já havia sido paga e pensou em retribuir o favor em outra o
Pela primeira vez, o atendente se deparou com uma cena como aquela e, por um momento, não soube de quem aceitar o pagamento. Sophia, que observava tudo de longe, sentiu uma dor de cabeça surgir e não conseguiu evitar levar a mão à testa. O que Joaquim estava aprontando dessa vez? "Qual é o problema dele? Por que está insistindo em pagar a conta?" Pensou ela. Sophia pegou o celular, atravessou os dois e mostrou a tela para o atendente, dizendo um pouco mais alto: — Escaneie o meu. — Ela sorriu para os dois ao lado e completou. — Já falei, é por minha conta. Após o pacote ser devidamente embalado, ela pegou a sacola e saiu da confeitaria. — Acabei de trazer um carro novo para cá, Srta. Sophia. Posso levá-la para casa. Walter estava ao lado de um carro estacionado na rua, enquanto o assistente, sempre atento, já abria a porta traseira. — Sophia não vai para casa agora. Eu a levo para o próximo destino. — Joaquim bloqueou a frente do carro de Walter, abrindo a porta do pass
Por aceitar todas as rodadas, Davi acabou se embriagando. Após interagir com um grupo de pessoas, ele relaxou, e seu olhar ficou um pouco turvo. — Davi, você está bêbado. Vou ajudá-lo a subir para descansar. — Disse Valentina com uma voz suave, sussurrando em seu ouvido. Seu hálito era perfumado, e seus lábios tocaram levemente a pele próxima à orelha dele, quase imperceptivelmente. A sensação fez a orelha de Davi coçar, o deixando desconfortável. Ele franziu a testa, tentando se afastar, mas acabou perdendo o equilíbrio devido ao excesso de bebida e cambaleou para o outro lado. Valentina aproveitou o momento e segurou Davi, trazendo o corpo dele para mais perto de si. — Davi, não caia de novo. Vou ajudá-lo a andar. Ela apertou o botão do elevador e o acompanhou até o andar superior. O Hotel Majestic da Serra era uma propriedade do Grupo Santos. Por conta do aniversário de Kelly, o hotel inteiro havia fechado suas operações para receber a festa. Muitas pessoas no evento
Valentina passou o cartão e abriu a porta do quarto. O som dos saltos altos ecoou sobre o carpete enquanto ela caminhava até a cama. A porta estava quase se fechando quando a ponta de um sapato masculino de couro marrom a impediu. Silêncio absoluto. Valentina não percebeu nada de estranho. Davi estava deitado tranquilamente na cama, dormindo. Valentina então começou a se despir, se deitando ao lado de Davi. Davi, meio acordado, sentiu o colchão ceder ao seu lado e, com os olhos ainda pesados de sono, abriu um pouco os olhos, vendo quem estava ao seu lado. Era Sophia. Ele murmurou, ainda sonolento: — Sophia, vem aqui... — E, dizendo isso, esticou o braço e abraçou "Sophia", voltando a dormir. Valentina soltou um suspiro pesado, seu peito subindo e descendo com a respiração. Seus olhos brilhavam com uma expressão de ciúmes. O celular de Davi tocou, e ela rapidamente pegou o aparelho para ver. Era uma chamada de Lúvia. — Que barulho! — Valentina não hesitou em colocar
André estendeu a língua e lambeu os lábios, sorrindo maliciosamente: — Se você entrou assim, eu também entrei assim. Ele colocou a mão grande, que acabara de tocar a pele de Valentina, na frente do rosto e respirou fundo. Sentiu um cheiro que reconheceu imediatamente. Como ele! Astuta e traiçoeira. — Eu não me importo com como você entrou aqui, agora sai daqui imediatamente! — Valentina cobriu seu corpo com o cobertor e repreendeu em voz baixa. André fez um som de desdém: — Já vi tudo, agora está se fazendo de santa. Meu primo estava bêbado, sem reação, então aproveitei para te ajudar. — Ele falou com uma entonação sedutora e venenosa. Ficar com a mulher do Davi o excitava. — Não preciso de sua ajuda, saia agora! André olhou rapidamente para o celular que estava sobre a mesa. — Tem certeza? Valentina hesitou por um momento. Após um longo silêncio, André se levantou de cima dela, pegou as calças que estavam espalhadas no tapete e, ao olhar para o lençol, viu as
— Quem diria que você... não ia me deixar ir, e ainda... ainda me... Valentina não conseguiu continuar, baixou a cabeça com um semblante de mágoa, cobrindo o rosto com o cobertor. Davi ficou com a cara fechada, franzindo as sobrancelhas enquanto tentava recordar a noite anterior. Quem o ajudou a trocar de roupa não foi a Sophia, mas a Valentina? Ao pensar nisso, se sentiu inexplicavelmente irritado. O som do choro de Valentina ainda ecoava em seus ouvidos, e ele até sentia um certo incômodo. Como ele poderia se irritar? Ela havia salvado sua vida, era a Valentina, a mulher que ele sempre amou. Mas por que ele não conseguia se lembrar de nada da noite passada? A dor de cabeça da ressaca o impedia de pensar em qualquer coisa. Valentina puxou o cobertor para o lado, revelando as manchas de sangue no lençol branco. — Davi, ontem... estava doendo muito. — Valentina apareceu entre as cobertas, com os olhos vermelhos e cheios de lágrimas. A parte inferior das cobertas estava u