Capítulo 14 LunaMarcelo queria que eu duvidasse de tudo. Inclusive de Dante. Que eu visse tudo ruir, como se o mundo que construímos juntos fosse apenas mais um castelo de areia prestes a desmoronar. Talvez fosse. Talvez sempre tivesse sido. E, mesmo assim, naquela noite, naquele silêncio sufocante que envolvia cada parede do apartamento, era dentro de mim que tudo começava a ruir.Dante estava na cozinha, preparando café. Os movimentos dele eram precisos, quase metódicos. Como se fazer algo tão banal fosse uma forma de manter o controle, de não desmoronar junto comigo. Eu o observava do encosto do sofá, meus pés descalços encostando no chão frio, e uma taça de vinho esquecida na mão esquerda. A bebida já não tinha gosto, o mundo já não tinha cor. Só havia o som dos passos dele, e o som da minha respiração — curta, irregular.Ele voltou com duas xícaras, deixando uma na mesa e estendendo a outra para mim. Nossos dedos se tocaram por um segundo. Um mísero segundo. Mas o suficiente pa
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