Anthony Narrando Depois que meu pai saiu da sala, o silêncio tomou conta como se o ar tivesse ficado mais denso. Ana Kelly ainda tava ali, parada perto da janela, braços cruzados, o olhar perdido em algum ponto do horizonte. A luz do fim da tarde batia no rosto dela de um jeito quase poético. Mas não havia nada de leve naquela sala. Tudo era tensão, desconfiança, ferida exposta.Me aproximei devagar, como quem sabe que tá pisando em território sensível. E tava.— Você sabe que ele... ele não quis te machucar — comecei, a voz rouca, arranhada de tanta coisa que segurei por anos.Ela virou o rosto devagar, os olhos marejados, mas firmes.— Ele quis, sim. E você sabe disso, Anthony. Ele quis me testar. E doeu.— Eu sei... — suspirei fundo, enfiando as mãos nos bolsos, nervoso. — Mas ele é assim. Sempre foi. Ele confia em poucos e mesmo assim vive com um pé atrás. E agora, com tudo que tá rolando, ele não vai aliviar pra ninguém.— Nem pra mim, que nunca fiz nada — ela rebateu.— Justame
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