Se ela soubesse de tudo, se soubesse que ele nunca havia perdido o contato com Ângela, jamais teria se casado com ele.Ambos caíram em silêncio.Mais tarde, Jaqueline falou novamente:— Eu já peguei a minha carteira de identidade, você deve ter ouvido o Benjamin mencionar isso.Roberto respondeu:— Como você conseguiu?— A avó me ligou e me chamou. Ela conversou comigo e eu descobri que ela já sabia que nós íamos nos divorciar. Naquele dia, no meu aniversário, tudo o que dissemos à noite, ela ouviu. Ela também sabia que a Ângela tinha voltado.Roberto franziu a testa:— E qual foi a reação dela?— O que foi? Você está preocupado que ela fique triste?— Ela já está velha, e a saúde dela não está boa.— É? Eu não acho que você pense assim.— O que você quer dizer com isso? — Ele olhou para ela com uma expressão irritada.— Não estou dizendo nada, talvez você ainda esteja com raiva da avó, por ela ter forçado você a se casar comigo e não deixar você ficar com a Ângela.Ela não acreditava

Alguns dias depois, Jaqueline acompanhava Catarina enquanto ela tricotava um suéter.Nos últimos dias, ela tinha permanecido ali com Catarina, fazendo a ela companhia.Catarina falou:— Jaque, quando vocês vão se divorciar, você e o Beto?Jaqueline sorriu levemente:— Vovó, ele está um pouco ocupado esses dias, mas assim que ele terminar o que tem para fazer, a gente já vai se separar. Pode ficar tranquila, mesmo que eu e ele nos divorciemos, vou continuar vindo te visitar. Você será sempre minha avó.— Eu só espero que você fique feliz logo. Mas o que ele tanto tem para fazer? Nem ao menos tem uma hora para se divorciar!Antes, era Catarina quem não queria que eles se separassem, mas agora parecia até que ela estava apressando o divórcio deles. O assunto, que antes era delicado, agora podia ser discutido com mais leveza.Jaqueline respondeu:— Ele realmente está muito ocupado, vovó, você sabe como é, tem muitas coisas na empresa, ele é o presidente, tem muitas responsabilidades...— C

Quando chegou a hora do almoço, Catarina chamou Fábio e Nádia para a mesa.Jaqueline achava que seria apenas um almoço em família, mas não esperava que Ângela também estivesse presente.Jaqueline começou a sentir que o aviso de Catarina sobre não permitir que ela fosse tratada de forma injusta tinha um significado mais profundo.Ela temia que Catarina fosse repreender Ângela na frente de todos, e se Roberto descobrisse, a relação entre ele e Catarina poderia se deteriorar, por isso tentou convencer Catarina a não fazer nada.No entanto, Catarina a tranquilizou, afirmando que não ficaria irritada durante o almoço.Jaqueline não conseguiu insistir mais.Como Ângela já havia sido chamada, não havia mais como voltar atrás.Os cinco se sentaram à mesa, o clima estava tenso e silencioso.Fábio olhava fixamente para Nádia, mas ela parecia indiferente, consumindo sua refeição como se estivesse sozinha.Enquanto isso, Jaqueline olhava confusa para Catarina.Catarina sorriu e se dirigiu a Ângela:

Ângela sorriu e disse: — Antes de me casar com o Beto, claro que não posso me considerar sua esposa, pois isso seria um grande desrespeito. Agora a Jaque é a esposa do Beto, e eu compreendo isso. Catarina disse: — Compreende? — Catarina limpou a boca com o guardanapo e o deixou na beira da mesa. — Srta. Ângela, você realmente é uma pessoa compreensiva, entende tão bem a esposa legítima. Ângela não era tola, percebeu que as palavras de Catarina continham uma indireta, mas ela manteve a cortesia, forçando um sorriso com os músculos do rosto. A família Santana não gostava dela, por mais que tentasse, parecia ser inútil, o que importava era que Roberto a amasse, os outros não tinham importância. Catarina estava envelhecendo, logo morreria. "Não compreendo, como a família Santana pode ser tão cega? Como podem aceitar a Jaqueline, essa mulher pobre? Dentro da família Santana, só o Roberto parece sensato." Nesse instante, se ouviram passos rápidos entrando pela porta. — Ângela

Roberto disse:— Vovó, por que você está trazendo à tona essa cirurgia? A Ângela já sofreu muito, você não deveria...— Se cale! — Interrompeu Catarina. — Estou falando com a Srta. Ângela, quem pediu sua opinião?— Isso mesmo, Beto. — Concordou Nádia. — Deixe sua avó terminar de falar, não se apresse, ela não vai bater nela agora mesmo.Roberto ficou sem palavras.Ângela estava visivelmente tensa.— Srta. Ângela, foi por causa dessa cirurgia que agora você está com a saúde debilitada, ouvi dizer que até problemas cardíacos surgiram, é verdade? Por favor, responda. — Catarina perguntou novamente. Ângela acenou com a cabeça e disse:— Certo. Catarina prosseguiu:— Houve complicações com sua cirurgia, dizem que foi porque o doador de órgãos teve um atraso, e isso resultou na paralisação de um dos seus pulmões. O atraso do doador ocorreu porque eu interferi, bloqueando intencionalmente e usando sua cirurgia para ameaçar o Beto.Ângela empalideceu:— Sra. Catarina, por que você diria algo

Ângela chorava inconsolavelmente:— Beto, você precisa acreditar em mim, eu realmente não disse isso para a Jaque.Roberto defendeu Ângela:— Ângela já explicou, ela não disse isso, talvez a Jaque tenha entendido errado, foi um mal-entendido.— Mal-entendido? — Catarina riu. — Que tipo de mal-entendido faz ela pensar que eu quero prejudicá-la? Ela disse isso com suas próprias palavras, e agora nem admite?Ângela respondeu:— Sra. Catarina, eu nunca disse isso, como você quer que eu admita algo que não fiz? Eu não estou mentindo para você, eu...— Ângela. — Catarina a interrompeu. — Não importa se você realmente me difamou ou apenas suspeitou que fui eu, você está intencionalmente criando conflitos entre todos nós, tentando fazer com que todos discutam. Quero deixar claro hoje, eu não impedi sua cirurgia! Mesmo que fosse apenas uma suspeita, ainda assim, você tinha más intenções, você está tentando arruinar meu relacionamento com o Beto, você é muito maliciosa!— Eu não fiz isso. — Ânge

Jaqueline estava quase rindo de nervoso e disse:— Desculpe, vovó, parece que eu não pertenço a este lugar. Vou me sentar na sala de estar por um tempo, vocês continuem conversando.Ela realmente não queria ficar ali, ainda mais grávida, pois se ficasse irritada, o bebê poderia sofrer.Catarina disse:— Tudo bem, Jaque, eu cuido daqui. Pode ir.Então, Jaqueline deixou a sala de jantar!...Ela foi sozinha até o sofá da sala de estar e se sentou, fervendo de raiva."Ângela está fingindo tão descaradamente que todos podem ver, só Roberto que não percebe. É verdade o que dizem, o amor é cego, quando se ama alguém, é sempre parcial e sem qualquer racionalidade ou objetividade!"Roberto não culpava Ângela por dizer coisas que intencionalmente causavam discórdia entre as pessoas, querendo desunir a todos, em vez disso, culpava Jaqueline por ter exposto a situação. Ela realmente admirava essa lógica dele.Depois de um tempo, ela ouviu passos e se virou para ver, Ângela estava indo em sua dire

Jaqueline perguntou:— E você? Você também acha que a vovó fez isso?— Sim. — Respondeu Roberto, com frieza. — Desde o início, a vovó era a principal suspeita, então eu acredito que foi ela quem fez, que ela intencionalmente impediu a cirurgia da Ângela para nos separar.Jaqueline ficou furiosa imediatamente:— Isso é demais, você até suspeita da sua própria avó. Você acha que isso é justo com ela?— Onde é que eu fui injusto com ela? — Disse Roberto, contendo sua voz. — Mesmo que eu pense que foi a avó que fez, eu fui confrontá-la? Eu não culpo a avó, não fui mau com ela por causa disso, isso não é suficiente?Jaqueline quase se perdeu na lógica de Roberto."Parece que realmente é assim, ele nem mesmo culpa sua própria avó por pensar que ela fez algo ruim. Mas se ele realmente acredita na avó dele, por que ele suspeitaria dela imediatamente? Por que ele suspeitaria que seus próprios familiares fariam tal coisa. Afinal, Ângela é a mais importante no coração dele. Por que ele não suspei

Ao ouvir as palavras de Roberto, Jaqueline se lembrou repentinamente do que Ângela havia dito meia hora antes, que Roberto com certeza a protegeria. "De fato, a confiança de Ângela não é infundada, Roberto de fato a protege. Ainda que Roberto provavelmente saiba que Ângela agiu intencionalmente, ele continua a defendê-la. Quanto ele deve amar Ângela para protegê-la assim, mesmo que essa mulher tenha acusado sua avó." Jaqueline disse: — Entendo, você disse que o que passou, passou, mas não esqueça, o que aconteceu continua tendo acontecido. Após falar, Jaqueline se virou para sair, mas Roberto a segurou pelo pulso. — Espere, há mais uma coisa. — O que mais? Se for a respeito de Ângela, não quero ouvir, me solte. Nesse momento, Catarina e outros saíram.Catarina disse: — Jaque. — Vovó. — Jaqueline se soltou com força e foi até o lado de Catarina. — Como você está? — Estou bem, hoje esclarecemos tudo. — Catarina parecia estar de bom humor. Nádia e Fábio estavam atrás de

No carro, com Jaqueline no banco do passageiro, Roberto dirigia em silêncio. Jaqueline tentou várias vezes iniciar uma conversa, mas ao perceber que Roberto se mantinha calado, optou por também ficar em silêncio, era como uma batalha silenciosa, onde o primeiro a falar perderia. Justamente quando Jaqueline teve esse pensamento, foi Roberto quem quebrou o silêncio: — Espero que você não pense mais no que aconteceu hoje. Jaqueline franziu a testa e perguntou: — Então por que você ainda está mencionando isso? — Só quero esclarecer as coisas. A questão da cirurgia, vou investigar o que realmente ocorreu. Jaqueline resmungou: — Então, você inicialmente nem investigou, apenas assumiu que foi a avó? Roberto respondeu: — Foi porque eu pensei que tinha sido a avó que eu não investiguei. De qualquer forma, Ângela já pagou o preço. Jaqueline retrucou com sarcasmo: — Então, qualquer coisa que ela diga é aceitável, tudo que ela faz pode ser perdoado, apenas porque ela está doente