DmitryOs últimos dias foram tensos. Prometi a meu pai que me dedicaria com mais afinco, que solucionaria os mistérios que envolvem a organização, e terei que cumprir ou ele retornará e eu não quero isso, não agora.No mesmo dia em que deixei a casa de meu pai, já chamei os homens para uma reunião. Nada de novo foi contado e isso me deixou preocupado. Havia deixado sob responsabilidade de Kirill a investigação da carga que nunca chegou, mas seu documento se encontrava em minha mesa. Por quê? Quem deixou? O que aconteceu? Sem contar que este caso pode estar ligado ao desaparecimento de meu amigo que todos teimam em achar que ele está morto e congelado em algum canto do rio Moscovo.O próprio desaparecimento de meu amigo foi abandonado. Meu pai tinha razão, se eu me afasto, as coisas não são levadas a sério e agora tenho que finalizar as investigações. E mais um ponto onde deveríamos ter avançado e não sabemos de nada ainda, é sobre o atentado ao meu pai. Não sabemos mais do que descobr

MaiaFinalmente o dia da consulta chegou e eu iria poder saber mais do meu bebê. Dmitry não pôde vir comigo, disse que tem coisas demais acontecendo na organização, mas que na próxima consulta ele viria. Sendo assim, acabei precisando da professora Violeta. Ela estava sentada a meu lado na sala de espera, parecia empolgada.— Está se sentindo bem? – Ela perguntou, e eu sorri.— Eu estou bem, sim, a consulta é de rotina. Vou começar o pré-natal.Ela meneou a cabeça, estava sorridente, Violeta é muito simpática e está sendo uma boa amiga.— Está feliz com o bebê? – Ela quis saber.— Sim. Um pouco confusa ainda, mas feliz. – Afirmei.Não esperava estar grávida, além de estarmos juntos há pouquíssimo tempo, eu tomava o anticoncepcional injetável. Não imaginei que após tanto tempo usando o medicamente, o atraso de alguns dias acabaria fazendo a medicação perder o efeito. Na verdade, eu sempre usei preservativos além da medicação, que na maioria das vezes era mais uma segurança juntamente c

DmitryComo se não bastasse toda merda, nem mesmo pude acompanhar minha namorada à sua primeira consulta. É claro que não posso contar o que venho fazendo para ela, isso já seria dizer muito. Maia já sabe que sou um mafioso, o herdeiro de uma grande máfia na Rússia, conhece a base, não com detalhes, mas conhece. E isso já o máximo que quero envolvê-la nesse mundo. Quanto menos ela souber, mais segura estará.O canalha do Kirill sumiu depois da prensa que dei, meu amigo continua sumido, o verdadeiro causador do atentado a meu pai continua sumido, e eu tive que passar mais estas investigações para Vladimir que era um investigador pessoal, e não um pertencente à máfia, embora ele saiba a verdade, mas ele é um cara de confiança, já provou isso no passado.Devido as novas investigações, tive que permitir que ele deixasse a investigação sobre a amiga de Maia em segundo plano, embora me sentisse péssimo com isso, sei que o investigador não tem o poder de se multiplicar. Então acabei cedendo.

MaiaDmitry foi maravilhoso hoje, eu sentia ele um pouco distante, mas agora sei que é por causa das coisas da organização, e não por mim ou meu filho, nosso filho. Ele não fala muito sobre, sei que é para me preservar, e ele tinha decidido me trazer para um passeio quando ele podia simplesmente dizer que tinha mais trabalho e sumir na noite. Sorrio pensando em como ele tenta ser bom para mim, e como se preocupou comigo mais cedo, achando que eu poderia cair, então ele também pensa no nosso filho.Continuo meu suco enquanto observo pelo vidro os outros dançando logo a baixo. A música está um pouco mais animada, mas ainda assim é uma música sensual e os casais não deixam de se divertir, e as dançarinas de se insinuarem.A porta se abre e acho que é Dmitry, olho em sua direção sorridente, mas é um garçom. O rapaz coloca mais um copo de suco para mim, e dá um recado que não entendo, mas aponta para um pedaço de papel em baixo do copo.Faço um sinal de cabeça agradecendo e pego o copo, as

DmitryEstou no carro do segurança acelerando o máximo que posso, preciso providenciar carros melhores para os homens, meu carro corre muito mais. Uma aflição me corrói quando penso em Maia nas mãos desses caras, sei o tipo de gente que esses filhos de uma puta são, sei do que são capazes, mas juro que se encostarem um dedo em um fio de cabelo dela, vão conhecer o poder e a ira de um Zorkin. Só ainda não sei o que os motivou a perturbar minha família recentemente.Um carro está à minha frente, saiu assim que detectaram a armadilha. Recebo uma ligação de um dos seguranças me avisando que ela tomou o caminho para a mansão da família, esperta minha garota, sorrio de orgulho. Corto por um atalho, vou chegar antes do segurança. Comigo tem mais três homens armados, o outro carro à caminho tem mais dois.Teclo o número do chefe de segurança da mansão, explico o que está acontecendo rapidamente e peço que mande ajuda para Maia. Informo que ela está em meu carro. Acelero pelo caminho, olho de

MaiaDepois que desmaiei, tudo ficou muito confuso e vago, me lembro de acordar em um quarto diferente e de ver Lara ao meu lado, ela me deu água pois lhe disse que estava com sede. Então me lembro de ver Dmitry entrando no quarto, mas me senti me distanciando dali, como se minha consciência estivesse falhando, e as coisas que falavam estavam abafadas.Chegando ao hospital, passei por uma série de exames, me medicaram e eu não entendia nada do que falavam e ao ver os olhos preocupados de Dmitry pensei no pior, achei que tivesse perdido meu bebê. Mas felizmente ele estava ali, forte como o pai.Senti que os medicamentos dados estavam me levando novamente, mas sabia que Dmitry estava comigo, que ele cuidaria de nós e eu voltaria para casa. Passei o dia no hospital, entre exames e visitas constantes de médicos e enfermeiras.— Vai ficar tudo bem, kóchetchka. – Ele disse ao me ver abrir os olhos mais uma vez. Já não via mais a luz do dia pela janela, deveria estar escurecendo. – Em breve

DmitryDepois de trazer minha mulher para casa, de saber que ambos estão bem, agora eu tinha que dar àqueles vermes o tratamento merecido. Eles já vinham recebendo um tratamento especial dos meus homens.Não foram levados para a base, não. Eles eram uma questão pessoal, então não podia tratar no local de trabalho. Foram levados para um galpão de cargas, o mais afastado que possuímos. Poderiam gritar a noite toda que ninguém os ouviria.Deixei Maia em casa, ela ficaria sozinha, sei bem que ela ainda não conhece a mansão, nem os funcionários, então ela vai se sentir desconfortável, mas eu não posso ficar com ela e deixar esses homens aqui, eles podem acabar morrendo e eu não darei a eles o que merecem. Lara teve que dirigir a base hoje, Mikhail está comigo, e não existe outra pessoa de confiança para assumir tal responsabilidade.No momento encontro-me de frente aos homens que já receberam tanta surra que mal se aguentam de pé. Sem contar que estão amarrados em uma posição nada confortá

MaiaJá estávamos na semana do Natal, mas acabei descobrindo que o dia 25 de dezembro aqui na Rússia não é tão importante, na verdade eles comemoram essa data no dia 7 de janeiro, de acordo com um calendário mais antigo. Dmitry havia me explicado com mais detalhes.Mas para mim o Natal era no dia 25 de dezembro e tinha que ter presente nesta data.Meus últimos dias foram de total repouso, Ania e Yeva ficavam em meu encalço para que eu descansasse. Todos os dias pela manhã, de tarde e de noite a minha pressão era verificada, e qualquer alteração a doutora era notificada. O cuidado sobre mim era extremo e até já estava me irritando. Eu queria sair mais, andar mais, nunca fui de ficar trancada em um cômodo, agora meu maior esforço é subir as escadas, e mesmo assim Dmitry já cogitou a ideia de providenciar um quarto no primeiro andar. Se essa medida me permitir me deslocar mais no ambiente eu não vou me opor, mas realmente eu estava irritada de ficar presa na mansão, ou melhor, no meu qua

DmitryMaia estava feliz. Distribuiu presentes para as mulheres que estão se tornando suas amigas, e até eu ganhei presente. Não era necessário, eu disse isso a ela, mas não adiantou. Pensei que talvez fosse uma boa ideia viajarmos para o Brasil, distanciá-la um pouco dos perigos que nos rondam aqui, pois nada disso acabou. Ainda não peguei o traidor, não sabemos quem está movendo as coisas contra nós, sem contar que ela adoraria ver os pais novamente e dar a notícia da gravidez.Talvez já tenha dado, não sei dizer. Ela ao menos não me disse nada, nem se tem mantido contato com a família. Ela deu um aparelho para sua mãe, a fim de manter contato com eles, mas ela nunca falou a respeito, talvez ainda seja um ponto sensível dela.Acho que assim que passar as festas vou leva-la ao Brasil. Será bom para ela.— Vem aqui, amor, vem tirar foto. – Ela nunca tinha me chamado de amor, foi a primeira vez e saiu tão espontâneo, e isso me deixou com uma sensação tão boa. Expandi um sorriso e fui a

MaiaDmitry saiu do escritório com uma jaqueta preta que ele não estava usando antes, seu olhar escuro me dizia que ele estava pronto pra matar alguém, literalmente. Sabia que tinha acontecido algo, mas ao vê-lo daquela forma eu soube que meu Natal feliz tinha acabado. Ele iria sair não sei para onde e não iria me tranquilizar enquanto ele não voltasse. Ainda bem que já havia mandado as fotos e ligado para minha mãe, falei com meus irmãos e meu pai também, todos se alegraram com a notícia do bebê a caminho e prometi que assim que pudesse eu iria visita-los. Pelo menos decidi fazer isso assim que ele foi para o escritório, quando eu ainda estava muito animada e não preocupada, agora eu não teria condições de fazer isso.— Eu preciso sair. – Ele sussurrou no meu ouvido e me beijou levemente nos lábios.Eu o vi sair pela porta e um sentimento ruim me tomou. Um aperto no coração que me fez colocar a mão sobre meu ventre, pensando em meu filho, no pai dele.Violeta não era deste mundo, ela