GraceEu me vi em um lugar onde nunca tinha estado antes. Uma vasta planície vazia se estendia diante de mim, o chão era marrom empoeirado sob o sol que ao mesmo tempo parecia frio e ardente. O ar estava denso com algo e parado. Estava absolutamente silencioso. Morto.À distância, eu jurava que podia ouvir o som ocasional de um pássaro.Mas o que era esse lugar? Todas as árvores pareciam queimadas como se um incêndio florestal tivesse queimado a área. À distância, eu conseguia distinguir a silhueta imponente do Castelo Blackwoods. Suas paredes de pedra vermelha pareciam perfurar o céu. Parecia muito mais majestoso do que eu já tinha visto em fotos, mas estava impossivelmente longe, e eu sabia que nunca chegaria lá a pé.O caminho entre onde eu estava e o castelo desapareceu na floresta escura e queimada ao meu redor. Eu me abaixei e franzi a testa. A terra não era cinza do jeito que eu esperava, mas seca e árida. Enquanto eu examinava o horizonte, procurando por qualquer sinal de vida,

O pânico agarrou minha garganta. Eu tropecei para trás, olhando ao redor. Respirando fundo, pisquei, esperando que fosse apenas um truque de luz, que ela aparecesse, mas ela não apareceu. O espelho permaneceu vazio.De repente, o espelho quebrou, explodindo para fora em uma chuva de cacos de vidro. Eu vacilei, instintivamente levantando meus braços para me proteger dos destroços voadores. Minha visão ficou turva quando uma onda de tontura me atingiu.Quando me recompus, um suspiro escapou dos meus lábios. Cada um dos espelhos começou a explodir em uma chuva de vidro ao meu redor. Minha cama desapareceu e eu fui deixada em uma escuridão sem fim novamente.Uma crescente sensação de desconforto me roía. Eu precisava sair daquele lugar. Eu precisava acordar. Comecei a correr, mas a escuridão não se abriu. Ela não se moveu. Meu pânico se transformou em terror. Eu estava presa? Onde eu estava? Eu não conseguia nem ver mais onde os espelhos estavam. Girei, procurando uma saída, mas para onde

GraceAcordei com uma sensação pesada, uma dor surda se instalando profundamente em meus ossos. Os eventos dos últimos dias se repetiam em minha mente como um filme fragmentado, deixando-me com uma mistura confusa de emoções: medo, dúvida e uma estranha sensação de distanciamento da qual não conseguia me livrar. Enquanto eu me preparava para o trabalho, uma parte de mim se sentia entorpecida, distante da rotina familiar. Parecia quase estranho, mas não era tão desgastante quanto antes. Lembro-me de ficar tão irritada antes. Agora, não importava qual roupa eu escolhesse. Não porque fossem todas iguais, mas porque Eason havia reformulado meu guarda-roupa para o meu dia a dia para ajudar minha imagem. Todas eram igualmente legais, e eu ainda não tinha desenvolvido uma favorita.Ainda assim, algo não estava certo.Olhando para meu pulso, notei as marcas de desafio familiares gravadas em minha pele. No entanto, algo parecia diferente nelas. As linhas giratórias haviam mudado. Eu ainda não c

Ele se afastou gentilmente."Você não se lembra de nada?" Ele perguntou, sua voz quase um sussurro.Eu balancei minha cabeça, frustração permeando minha voz. "Não, nada específico. Apenas... Um sentimento. Eu me sinto diferente. Acalmada, de alguma forma."Ele segurou meu rosto. "Sobre o que você sonhou?"Eu franzi a testa. "Como você sabia que eu tive um sonho?"Ele sorriu. "Magia."Eu zombei, achando a desculpa divertida, mas contei a ele sobre o sonho. Seus olhos escureceram quando cheguei ao fim. Charles suspirou pesadamente como se o peso do mundo estivesse em seus ombros."O que é?" Eu perguntei. "Você sabe algo sobre isso."Charles balançou a cabeça, sua expressão sombria. "Eu não sei ao certo. Mas é um sinal, Grace. Eu vou... Falar com algumas pessoas sobre isso. Eu nunca fui muito bom em interpretar sonhos."Eu ri. "Poções. Interpretação de sonhos. O que mais?"Ele sorriu. "Um interesse em minhas falhas, hm?""Preciso de algo para nivelar o campo de jogo."Ele riu. "Confie em

CharlesUm nó de tensão apertou meu estômago enquanto eu caminhava em direção ao escritório de Esme. A conversa perturbadora com Grace pairava pesadamente no ar, suas memórias fragmentadas e sua calma recém-descoberta me deixando com mais perguntas do que respostas.Abrindo a porta, encontrei Esme conversando profundamente com Eason. Ele estava esparramado no sofá de couro gasto, um pote de sorvete pairando acima dele. Havia um saco de lixo cheio de potes de sorvete ao lado dele e uma pequena pilha. Apesar da aparência casual, a expressão sombria gravada no rosto de Esme me disse que a conversa não era alegre. Eu não conseguia entender nada do que eles estavam dizendo. A linguagem das bruxas, como era comumente conhecida, não era algo que eu já tinha sido capaz de falar.Ambos se viraram para mim, a surpresa passando pelo rosto de Esme antes de desaparecer."Como ela está?""Difícil dizer...". Fechei a porta atrás de mim e me sentei. "Ela não se lembra de nada. O que está acontecendo a

"A maldição que afeta a mistura de sua linhagem com lobisomens", explicou Esme.As peças começaram a se encaixar. Olhei para Eason e cerrei meu maxilar."O que isso faz?", perguntei, minha voz quase um sussurro."Ele joga o lado licano em um estado de hiperagressão. É para torná-lo tão potente, tão furioso que o lado lobisomem morreria de toda a energia que seria necessária para sustentar isso.""Uma espécie de cura."Ela assentiu. "Essa era a intenção, mas a verdade é que ao longo dos anos, a bênção se tornou uma maldição porque a linhagem lobisomem, de certa forma, mudou muito. O mecanismo de defesa agora se manifesta de várias maneiras, mas a preocupação mais urgente é a agressão externa, que geralmente leva a uma morte rápida e brutal. Antes isso não acontecia, eles simplesmente queimavam, mas a linhagem lobisomem de agora está muito mais... Arraigada, magicamente falando."Meu coração batia forte no peito. Isso explicava a raiva quase incontrolável de Grace antes. Olhei para Eason

GraceUm sorriso satisfeito surgiu em meus lábios enquanto eu espalhava a pilha de arquivos sobre a mesa em meu escritório. As aulas tinham sido fáceis, relaxantes até. Eu tinha tido a chance de realmente me sentir à vontade na aula e também tive a chance de trabalhar na minha dissertação.Amira sorriu para mim, parecendo orgulhosa."Você e seu noivo são incríveis", eu disse enquanto ela empurrava as pastas para mim."Estamos nos casando por um motivo", ela sorriu. "Esses são todos os registros que eu pude encontrar sobre os membros desaparecidos da matilha, junto com qualquer informação de contato que eu pudesse desenterrar para suas famílias. Agora, fazer o sistema aceitá-los de volta foi um pouco estranho, mas acho que se pudermos importar quaisquer que sejam seus novos registros, e estou trabalhando nisso, devemos ser capazes de forçar o sistema a reconhecê-los e restaurar o registro."Ela franziu a testa. "Bem, é o que ele diz."Eu ri, examinando os documentos com uma mistura de g

Ela continuou falando sobre o estado de todas as outras iniciativas que tínhamos em andamento. Tomei algumas notas, mas fiquei feliz que Edgar não disse uma palavra. Quando Amira terminou de descrever o estado atual das coisas, sorri."Estou feliz em ouvir isso. Por enquanto, minha primeira tarefa é restaurar todos os registros que Devin deletou. Se eles querem ou não voltar para Mooncrest, não importa. Nós administraremos as reparações conforme necessário, mas faremos um brainstorming sobre o que será bom e planejaremos as melhores opções.Edgar zombou. "Isso não seria muito sensato. Esses registros não foram deletados por um motivo? Desfazer as ordens de um Alfa anterior não é muito inteligente. Você pode se sentir culpada pelo que permitiu que acontecesse, como deveria, mas você realmente vai se fazer parecer pior?" Ele sacudiu a cabeça para Amira. "Além disso, confiar a essa assistente tal tarefa? Ela precisa aprender a receber mensagens melhores e gerenciar sua agenda corretamente

GraceA porta se abriu com um rangido, revelando Eason. Diferentemente de seu terno habitual, ele estava com roupas casuais, jeans, camiseta e jaqueta de couro. A mudança me deixou nervosa. Ele nem tinha vindo trabalhar. Algo me cutucou no fundo da mente. Havia uma razão para ele estar vestido assim, mas vê-lo assim me fez sentir uma pontada de culpa, rapidamente seguida por uma onda de compreensão.Eu tinha mandado ele e Amira embora da última vez, e basicamente disse a ele que ele não tinha lugar aqui. De novo."Você ainda está aqui", eu disse, olhando feio para Edgar.Ele zombou e passou furioso. "Espere até eu denunciá-la."Ele bateu a porta. Eason balançou a cabeça e não disse nada, contornando a cadeira para se sentar. Eason encontrou meu olhar, sua expressão ilegível. Havia um brilho em seus olhos. Deslizei a pasta contendo a papelada para sua cidadania pela mesa."Isto é para você", eu disse, minha voz firme. "A papelada oficial para sua cidadania restabelecida."O silêncio se

Eu assenti. Eu nem fiquei surpresa. Eason nunca foi alguém que se podia parar."Mas estou orgulhoso de você por tentar consertar as coisas."Isso significava que as coisas nunca ficariam bem entre nós?"Você vai voltar para Northfall em breve, então?" Eu perguntei, a pergunta saindo antes que eu pudesse impedi-la. "Selene?"Uma estranha sensação de calma tomou conta de mim enquanto eu contemplava sua partida. Não havia raiva, nem apelos desesperados para que ele ficasse. Apenas uma aceitação silenciosa do inevitável. Ele já havia dito isso antes: ele tinha sua própria vida."Você precisa de ajuda com os preparativos da viagem?" Eu ofereci as palavras, surpreendendo até a mim. "Para a universidade?"A culpa que eu sentia por minhas ações passadas não havia desaparecido completamente, mas a raiva que havia pesado tanto do meu tempo recentemente havia sumido. Era como se uma tempestade tivesse se enfurecido dentro de mim, deixando para trás uma paisagem desolada de calma."E- Eu sei que M