Nicolle estava sentada em uma mesa mais afastada do resto da cafeteria, olhando para um ponto qualquer totalmente alheio a qualquer coisa. O som da porta se abrindo invadiu o devaneio de Evans. Puxou a manga do jaleco perfeitamente branco e olhou o horário. Cinco e meia da tarde. Novamente, leu a mensagem que havia recebido meia hora antes.Ryan White: Oi Nick…Ryan White: Sei que é muito errado da minha parte estar te procurando.Ryan White: Mas… Podemos conversar? Afinal… precisamos, não é? Acho que temos muito assunto para pôr em dia.Ryan White: Me encontre às cinco e meia na cafeteria em frente ao hospital, eu passo aí.Ryan White: Tudo bem se você não aparecer, mas ainda assim vou tentar falar com você. Seja como for ou quando for. Nós precisamos conversar.Nicolle se perguntou milhares de vezes se deveria ir para aquele “encontro”, já estava extremamente estressada devido ao diagnóstico de Alec. Sentia que iria chorar só de pensar no amigo, ou simplesmente surtar por estar mand

Era a folga de Nicolle e naquele momento ela se encontrava deitada em sua cama em posição fetal enquanto chorava descontroladamente. Seu peito ainda doía toda vez que lembrava da conversa com White do dia anterior. Estava mais do que óbvio o quanto Nicolle Evans ainda gostava dele, ou melhor, amava ele, e muito. Mas não podiam seguir em frente, mesmo se quisessem. Afinal… Ryan White era um dos CEOs mais conhecidos pelo mundo naquele momento, sem contar que ele logo teria um filho e se casaria com uma mulher incrível. Nicolle não queria se tornar uma destruidora de lares e fazer com que mais pessoas se machucassem só para saciar seu desejo egoísta.A dor era dilaceradora, sentia seu peito arder e sua garganta fechar, quase perdendo o ar que saia dolorosamente de seus pulmões. Odiava-se por estar sentindo tudo aquilo, não queria estar perdidamente apaixonada por um homem comprometido. Seu corpo tremia e não era de frio, seus olhos ardiam pela quantidade de lágrimas que era derrubada e s

Charlotte estava agarrada na cintura do namorado, chorando descontroladamente, tentando ao máximo não pensar nos piores cenários que poderiam acontecer no dia seguinte. "Eu tenho um tumor… eu sei que o Logan vai tentar o seu melhor… mas pode ser que eu não sobreviva, ou até mesmo vire um vegetal. Eu preciso que você seja forte, pois já assinei o documento e minha cirurgia será logo amanhã cedo. Pelo que entendi, durará um dia inteiro, você precisa ser forte por nós." As palavras ainda rondavam a sua mente a fazendo chorar, sentindo o peito pesar e a respiração se tornar quase impossível. Seu nariz já estava entupido por conta do choro e seus olhos ardiam pela quantidade de lágrimas que escorriam pelo seu rosto e molhava a roupa de hospital do loiro. — Amor, eu vou ficar bem. — Alec abraçava a namorada, se segurando para não chorar com ela. Ele precisava ser forte, precisava ser o apoio para a mais nova. — Eu prometo que vou ficar bem e vou voltar para você depois da cirurgia, confi

Max dormia calmamente depois da cirurgia. O garoto era chinês e estava em Londres há poucos dias para aproveitar suas férias da faculdade quando foi assaltado e em um ato de desespero reagiu, sendo esfaqueado. Quando Nicolle soube, arregalou os olhos não querendo acreditar em tal coisa, mas em consolo a pessoa tinha sido presa logo em seguida.No momento ela estava tomando um café antes de ir até a sala do amigo para chamá-lo para comer. O neurocirurgião havia tido plantão no dia anterior e sairia do hospital só mais tarde, seria um total de mais de trinta e seis horas trabalhando. Enquanto caminhava até a sala do amigo, balançava a cabeça em negação, talvez o motivo do amigo ser um completo solteirão se devia ao seu amor incondicional pela profissão. Assim que pensou no amor incondicional que o amigo tinha pelo hospital, uma luzinha pareceu se acender em sua mente. Luhan estava distante e sumido na última semana. Um total de oito mensagens enviadas para Nicolle, era algo realmente

— Logan! LOGAN! — Nicolle deu alguns tapinhas fracos em seu rosto e então sentiu o coração acelerar. — Charlotte, cuide do Alec e avise uma enfermeira quando ele acordar, você pode acompanhar ele. Vou cuidar do Logan.Pediu ajuda para um enfermeiro por perto e com cuidado colocou o médico em uma maca. Conhecia o amigo e sabia que ele não iria querer ocupar um quarto e que faria um escândalo quando acordasse, então caminhou rapidamente até a sua sala que era mais espaçosa e novamente pediu para o enfermeiro a ajudar a colocá-lo no sofá. Pegou lenços para limpar o sangue que escorria pelo seu nariz e suspirou.O amigo estava esgotado. Foram horas de cirurgia e horas sem descanso, sem sequer comer ou dormir. Ele precisaria de um bom sono e uma comida com nutrientes o suficiente para repor sua energia.— Dra. Evans, o Dr. Bittencourt está bem? — Harper pediu licença antes de entrar na sala de Nicolle.— É cansaço em excesso. Ele estava no seu limite após horas de plantão e de longas horas

Paralisou e segurou a mão que tapava seus olhos, se afastou um pouco e encarou-o. Seu coração começou a bater aceleradamente e seus olhos começaram a lacrimejar pela raiva que a consumia aos poucos. Em um impulso desesperado o abraçou deixando todas as coisas que já haviam sido ditas e apenas aproveitou o amparo que estava recebendo.— Algumas coisas foram feitas para ficarem em segredo e não serem descobertas, não acha? — Se afastou do mais alto dando um leve risinho e caminhou até o sofá vermelho que tinha na sala VIP do bar. — Olha... eu sei... sei que assim como eu, você também viu o que Luhan estava fazendo, por favor, mantenha em segredo. Gostaria que nada fosse dito e que isso não saísse daqui. Irei pensar em algo mais tarde, mas se Logan ou Victoria souberem, vão querer matar o Luhan.— O quê? Seu namorado está te dando um belo par de chifres e você mesmo viu! — Gesticulou se aproximando da menor que começava a encher um copo com conhaque. — Não vai fazer nada?! Vai mesmo agir

Nicolle não tardou para ir para casa naquele dia, pensava que a melhor coisa a se fazer naquele momento era deixar Ryan sozinho para que ele pudesse pensar sobre sua escolha. No fundo, doía pensar que a escolha dele poderia afetá-la ou afetar uma mulher grávida que era totalmente inocente naquela história.Enquanto estava deitada encarando o teto do seu quarto se perguntava porque nunca tentou correr atrás daquele amor, talvez as coisas teriam sido mais fáceis se ela não tivesse ignorado as tentativas de Ryan por todos aqueles anos. Talvez agora eles estivessem juntos planejando uma viagem para fora do país ou quem sabe correndo pela casa atrás de um cachorro brincalhão e rindo.Tudo aquilo fez Nicolle se retrair e soluçar. Não queria que a história deles tivesse passado por tudo aquilo e no fim mal começado. Talvez eles estivessem destinados a nunca ficarem juntos no fim das contas. Ou talvez a médica estivesse destinada a ficar sozinha. Não duvidava de tal destino solitário.Um susp

— O que vamos fazer hoje? — Perguntou curiosa assim que saíram do apartamento de mãos dadas. — Vamos reescrever nosso amor nas estrelas para que ninguém possa botar defeito. Hoje vamos fazer o mundo ser nosso, custe o que custar. — Ryan White piscou para a menor que começou a rir e desviou o olhar. — Você vai ter que me aguentar, pequeno pêssego. — Não sei se vou conseguir sobreviver hoje, você está fazendo meu coração acelerar a cada sorriso. Irá se responsabilizar por isso, senhor Ryan White? — Sorriu ladino enquanto esperavam o elevador chegar. — Aliás, em qual carro iremos? O meu está com o Logan hoje.— Espere pequeno pêssego, eu preparei tudo para hoje. Não se preocupe com nada. — Sorriu puxando a mesma gentilmente para entrar no elevador e desceram até o térreo. — Me diga que não são coisas clichês como andar na roda gigante e quando ela parar, lá no alto, beijarmo-nos apaixonadamente. — Ryan desviou os olhos cruzando os braços e bufando. Na sua cabeça, aquele seria o ponto

Ryan estava agarrado aos joelhos ainda chorando. Sua cabeça explodia em dor e seu corpo tremia em um ato desesperado. Se viu novamente naquela noite dez anos atrás, quando sentiu que todos os seus esforços haviam sido em vão, novamente se sentia aquele adolescente de mãos atadas, mas dessa vez sabia que era por sua escolha.Fechou os olhos e pegou no sono, ainda agarrado na camisa social branca com o cheiro do médico. Ao menos tinha conseguido pegar no sono após horas chorando.Acordou só quando percebeu que seu celular estava tocando. Era uma ligação da empresa dizendo que a reunião havia sido cancelada. Se estivesse em seus dias normais, naquele momento já estaria no carro e berrando no telefone perguntando por que ele, o CEO, dono da maior empresa que tinha no país, tinha sido o último a saber daquilo. Mas estava deprimido demais para se importar com qualquer coisa, a única coisa que pôde e conseguiu fazer foi aceitar em silêncio e desligar o telefone antes de voltar a dormir novam

8 anos atrásTalvez eu estivesse anestesiado demais para qualquer assunto relacionado a amor e qualquer tipo de demonstração de afeto. Ou simplesmente estivesse com medo de me entregar por completo e aquela mesma cena se repetir mais uma vez, eu claramente não estava preparado para tal baque de realidade novamente, seria doloroso demais para aguentar ser obrigado a me separar de alguém daquela forma, seria provavelmente enviado para os Estados Unidos no próximo surto da minha mãe. Quando se tratava de Amelia White, tudo era possível e eu sabia perfeitamente disso. Ao menos não tinha mais um Alec Clark para atrapalhar minha vida, dessa vez teria que lidar apenas com a minha mãe. Eu sentia as lágrimas grossas e salgadas rolarem pelo meu rosto enquanto eu continuava me encolhendo na cama, o corpo trêmulo e o peito dolorido, meu coração estava quebrado em milhões de pedacinhos que nunca seriam juntados novamente. Aquela ligação para Nicolle havia mexido profundamente comigo, era mais do