Rodrigo estava de folga naquela quinta-feira. Ele trabalha como médico no hospital local e havia saído de um plantão de doze horas. Passou no corpo de bombeiros para pegar uma encomenda com seu primo Bruno e depois ia para casa. No entanto seus planos não saíram como esperado. Rodrigo tinha uma filha de cinco anos e morava no interior da cidade com ela, sua esposa havia falecido de câncer há um ano e estava sendo muito difícil conciliar sua vida profissional e pessoal e muito mais ainda dar conta da falta que ela fazia para eles. No momento sua mãe estava em sua casa cuidando da pequena Lauren, mas ele sabia que teria que resolver aquela situação logo. Seu primo Bruno, tinha uma filha um ano mais velha e sempre que podia trazia roupas, brinquedos da menina para dar ao Rodrigo. Eles conversavam sentados num sofá no batalhão, Bruno disse:— Espero que consiga aproveitar essas roupas

Já fazia uma semana que Elena estava em coma. Seus pais estavam desesperados. No inicio eles até pensaram que ela havia feito aquilo a si mesma, mas a jovem que a ajudou apareceu no hospital algumas vezes e contou a verdade. Mesmo assim, eles estavam preocupados e se sentindo culpados por não terem buscado ajuda antes.Rodrigo foi algumas vezes vê-la e buscou saber como ela estava. Descobriu sobre o que havia acontecido com ela antes do acidente, das fotos na internet e ficou com mais raiva ainda das pessoas. Cecília também foi uma vez visita-la, mais por se sentir culpada pelo que havia acontecido. Mas quem estava lá todos os dias eram seus pais e sua irmã.Naquele dia em especial, a mãe havia trazido um senhor e sua filha para a visita. Eles faziam parte de uma religião chamada umbanda que mistura elementos do culto africano, com santos católicos e tradições indígenas. Pe

Vicente e Rodrigo se olharam sem entender o que estava acontecendo. Vicente pediu licença para examiná-la e colocou aquele objeto do seu pescoço nos ouvidos e então com a outra ponta se aproximou dela e colocou em seu pulmão e coração.—  Eu vou solicitar uma ressonância do seu cérebro, uma das enfermeiras virá busca-la em breve, mas acredito que antes queira ver seus pais?Eloise o olhou esperançosa, queria muito ver os seus pais:— Por favor senhor.Vicente a olhou com carinho:— Não precisa me chamar de senhor, pode me chamar pelo meu nome.Ela o olhou surpresa, pois todos sabiam que não era adequado uma jovem chamar um homem pelo primeiro nome ao menos que tivesse intimidade com ele, nesse caso geralmente era o marido, irmãos.— Me sinto melhor o chamando de senhor, se não se incomodar.Ele so

Eloise começou a passar por uma série de exames para determinar se estava tudo bem com ela. Os médicos constataram que ela não tinha nada fisicamente. Seu cérebro estava em ótimo estado. A única alternativa que achavam ser a mais coerente para o que estava havendo com ela era que tinha desenvolvido Transtorno Dissociativo de Personalidade. Então indicaram psiquiatra e terapia com neuropsicólogo e/ou psicólogo.Naquela tarde ela estava em seu quarto fascinada pela televisão quando sua mãe chegou com algumas roupas:— Oi filha, eu trouxe umas roupas, conforme pediu.Eloise já tinha percebido que as pessoas se vestiam diferente pela televisão e também pelas enfermeiras e a senhora Carmem:— Obrigada senhora Carmem.Carmem a olhou com carinho e ao mesmo tempo triste. Ela rezou muito para ter a filha de volta e estava agradecida a Deus, m

Os dias foram passando e Eloise permanecia em casa, pois não conhecia ninguém que pudesse acompanhá-la para explorar por aí. Andava apenas em volta da casa, mas não se arriscava a ir muito longe. Saía com a Carmem para a sua terapia uma vez na semana. Mas não queria pedir muito mais, pois sabia que ela estava triste por não ter recuperado sua filha como era.Naquele dia Carmem a levou a um salão de beleza. Eloise ficou fascinada com o lugar. Nunca imaginaria algo assim, as mulheres indo a um lugar para se arrumar. Sempre teve a Firmina que a ajudava. A cabeleireira pintou seus cabelos no seu tom natural e fez uma escova os deixando soltos. Ela não costumava os usar assim por não ser adequado, então apenas pediu que prendesse uma parte.Após saírem do salão, foram até uma costureira que havia sido indicada por uma amiga de Carmem. Por alguns momentos naquela t

Eloise olhou para a porta e viu Rodrigo. Não sabia que ele tinha uma filha, ficou surpresa. Também não pode deixar de reparar em como ele era um homem bonito. Ele deveria ter por volta dos trinta anos, seus cabelos eram num tom de loiro escuro e seus olhos verdes claros, tão límpidos e brilhantes que pareciam uma joia rara.Rodrigo deu um beijo na mãe e a cumprimentou de longe, meio sem jeito. Sem saber exatamente como reagir.— Elena, você está diferente, como tem se sentido?Eloise o olhou:— Por favor senhor, me chame de Eloise.Ele sentou ao lado da mãe, de frente para ela:— Ah sim, havia esquecido. Desculpe!Eloise deu um sorriso.— Eu não sabia que o senhor tinha uma filha.Rodrigo pegou um biscoito de uma bandeja a sua frente, deu uma mordida e a olhou, após engolir falou:— Sim, minha esposa e eu casa

Rodrigo caminhou logo atrás de Eloise e quando chegaram próximo ao seu carro ele passou na frente e abriu a porta para ela. A jovem entrou e olhou para o interior do veículo, ainda estava fascinada com esse meio de transporte tão inovador e perguntou se seria muito difícil de conduzir. O carro tinha um cheiro agradável e era muito aconchegante. Logo Rodrigo entrou e ligou o rádio, que começo tocar uma seleção de músicas. Eloise olhou para o rádio admirada:— Não canso de me admirar por essa maravilha!Rodrigo a olhou sem entender do que exatamente ela estava falando:— Desculpa, mas do que está falando?Ela sorriu e apontou para o rádio:— Ouvir músicas de um aparelho assim. Tem tantas músicas lindas, essa que está tocando por exemplo, como chama?Rodrigo já não prestava mais aten&ccedi

Aquela tarde Pedro e sua filha Francine vieram visitar Carmem e Eloise. Esta ainda não os conhecia, mas a mãe havia comentado com ela que eles tinham ido ao hospital e que estavam rezando para ela se recuperar. A jovem estava no seu quarto pensando naquilo que Carmem tinha contado, ainda estava perplexa. Sua reputação estava arruinada. Foi tirada de seu devaneio por uma batida à porta. Era sua mãe a chamando para ir à sala.Quando Eloise chegou à sala e olhou para Pedro e Francine, seus olhos se pararam na jovem. Ela abriu um sorriso enorme:— Firmina é você!!!!Pedro e Francine se olharam sem entender nada. Carmem interveio:— Querida, essa é Francine, filha do Pedro. Eu falei sobre eles, lembra?Eloise não conseguia tirar os olhos de Francine, está certo que ela estava um pouco diferente, mas era ela sim:— Sim, eu lembro. Mas descul

Eloise estava branca. Não imaginava que Rodrigo teria alguma ligação com Arthur, se bem que ela até achava eles parecidos. Ela estava segurando o jornal com força, Rodrigo interveio:— Eloise? Você está bem? Hei?!Ela balançou a cabeça e o olhou:— Seu sobrenome…Rodrigo estava preocupado, ela estava muito pálida. A conduziu até um sofá, Lauren apareceu com uma boneca para mostrar a ela e parou:— Ela está bem, pai?Ele olhou para a filha com carinho:— Acho que sim meu amor, busque um copo de água por favor.Lauren saiu correndo em direção a cozinha e Rodrigo se abaixou em frente a Eloise no sofá:— Eloise… o que tem meu sobrenome?Lauren apareceu com a água e Rodrigo pediu que ela buscasse o aparelho de pressão no seu escritório. El

Eloise pegou no sono no sofá da sala. A noite foi tranquila, Lauren acordou apenas uma vez para ir ao banheiro e logo voltou a dormir. De manhã a jovem acordou cedo e acendeu o fogo no fogão. Ela então vasculhou os armários para poder fazer umas panquecas. Lauren ainda dormia quando Eloise começou a fazer o café.A jovem nem percebeu quando Rodrigo chegou e foi para a cozinha e a ficou encarando toda suja de farinha. Ela estava de costas e batia os ovos com a farinha em uma tigela com o auxilio de uma colher de pau. Ela já tinha feito uma geleia com morangos que encontrou na geladeira para poder usar como recheio, a água para o café estava quase pronta e o leite estava esquentando em outro recipiente.*****************************************************************************Rodrigo chegou em casa e tudo que queria era tomar um banho e ir para a cama dormir. O plantão havia sido muit