Era o Estrangeiro, indubitavelmente. Como inúmeros na cidade, ele trajava uma capa acinzentada muito suja, com um capuz que escondia quase todo o rosto, mas Hoven podia ver seus olhos cor de ratazana e seus cabelos claros empoeirados do deserto. Tinha uma cicatriz funda que partia da sobrancelha esquerda e parava próxima ao maxilar. Não se lembrava de alguma vez ter visto olhar igual àquele: era alerta, desconfiado e uma chama muito viva brilhava nele. Aquela chama que faltava às pessoas do Mundo.Ele sentiu um arrepio na espinha, um pulso elétrico perpassando-lhe o corpo quando o avistou. Era o estrangeiro que todos estavam esperando temerosamente, aquele que traria a Praga e a Guerra, do qual o clarividente prevenira o Imperador havia dois meses. Tentou gritar, alertar as pessoas e chamar os guardas, mas a voz não queria sair, o coração pesava como se fosse cometer um grande erro e os olhos do Estrangeiro queima
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