Início / Fantasia / OS DANATUÁS - VOL 01 / Capítulo 31 - Capítulo 40
Todos os capítulos do OS DANATUÁS - VOL 01: Capítulo 31 - Capítulo 40
55 chapters
O CONSELHO E A GUERRA
Há certos passos que não permitem desculpas, que não trazem de volta antigas possibilidades, os velhos caminhos. Há passos que reagem ao mundo e mudam tudo, principalmente a alma do caminhante. Cuidado com seus sonhos. O conselho de anciãos, que olhava por todas as terras em tempos de paz, observava com calma os dois jovens. O conselho formado pelo velho e experiente curupira Adanu, pelo sábio tutu marambá Dene-dene, pelo Anaquera Otenv, pelo martelador Imegui, pela silenciosa mãe-da-mata MassaFúria e pela austera mãe-d’água Danara, dava instruções pormenorizadas aos dois entes sobre o que devia ser visto e feito.O saci-pererê Ybytu e o jovem caipora DenteDeAlho, que sempre prestavam alguns serviços para o conselho de anciãos, principalmente de espionagem, ouviam com atenção as orientações sobre a miss&
Ler mais
ESPERANÇA DE VINGANÇA
Reneguei o que criei, e tentei destruí-lo. Ninguém maior do que eu deve andar sobre a terra. Nugar ficou parado, a ferida aberta, a mente girando. Sua mente crescia extremamente rápida, como se pressentisse a necessidade, a urgência de se perpetuar.- Vingança - grunhiu baixinho.Já bem distante sentiu a presença de um ser, uma turuakai, e se alegrou, pois o destino colocara em seu caminho um dos maiores seres de poder. Se aproximou e viu o momento em que a criatura se mostrou curiosa. Se fingiu ainda mais frágil e simulou medo. Se controlou ao vê-la se aproximar. E havia fome nela, havia prazer antecipado ao dar com um moribundo.Assim que ela se aproximou o suficiente se lançou contra ela, a intenção escancarada. Por um longo tempo lutaram, até que Nugar prevaleceu e a tomou com violência, várias vezes, até que a vida foi s
Ler mais
A EMBOSCADA
A ilusão é uma péssima companheira e uma péssima conselheira. Ela pode te mostrar caminhos que não deveriam estar frente aos seus olhos ou ocultar aqueles que sua alma tanto busca. Cuidado com aquilo em que acredita. O caipora fincou o cotovelo nas costelas do saci para chamar sua atenção, impedindo que seguisse. Com um movimento disfarçado fez sinal para que ficasse em silêncio.O saci mostrou que já os vira, os olhos atentos aos movimentos dos estranhos seres coloridos à frente no caminho.- Que é isso? - cochichou DenteDeAlho espantado. - Nunca vi coisa igual.- Nem eu - sussurrou Ybytu em resposta. - Mas devem ser eles o motivo pelo qual o conselho mandou a gente vir. Vou dar uma coça neles - esbravejou querendo partir para cima deles.Depressa DenteDeAlho o segurou pelo braço.- Não sabemos o que está esc
Ler mais
A MISSÃO POÇO AZUL
Para terras distantes fomos, e ao olhar o futuro vimos que era parte de uma magia imensa, aves que somos. - Serra do céu ou da solidão, tanto faz - DenteDeAlho estava irritado, olhando com amargura e desconfiança para a alta muralha à frente, de onde tinham sido postos a correr.A larga e longa parede, que os dois sondavam com cuidado, era uma série de morros compridos e unidos, cortados por inúmeras ravinas largas e profundas. A longa parede tinha no máximo 200 metros de altura, e era toda recoberta de mata densa. E, após ela, sempre se elevando, havia morros e mais morros em sequência, cada vez mais altos, até em montanhas se tornarem as ondas, galgando com determinação as alturas para, nas longínquas distâncias, com os céus se fundirem, amantes que eram.Foi numa dessas ravinas, a mais inclinada e fácil de galgar, que deram de c
Ler mais
A CAMPANHA DAS HARPIAS
O silêncio de um guerreiro é amedrontador, porque é a placidez de quem ignora o valor da própria morte. As harpias ruflaram com força as asas e ganharam um pouco mais de altura. Apesar do peso extra, que duas das mais fortes carregavam, o esquadrão composto por quase trinta harpias desenvolvia boa velocidade. Por natureza elas eram silenciosas, e seus olhos frios não deixavam margem à dúvida do quanto poderiam ser cruéis se entrassem numa contenda.Acreditando-se nas lendas das guerras antigas, quando elas haviam aceitado participar do exército dos entes e dos homens, o ódio que deixaram minar beirava à loucura, que a todos espantou naqueles dias. No desenrolar da guerra, assim que eram vistas pelos inimigos, eles logo procuravam se colocar fora de seu alcance. Nem mesmo adiantou quando buscaram apoio em aves um pouco maiores que elas, que chamavam de condor
Ler mais
ROUPA SUJA - um aliado
O medo é o que entorpece e cria coisas para os olhos, é o que corrompe a alma. Se não tenho medo, vejo a verdade - Oração PotaraobiJá não podia precisar a quanto tempo acontecera.Um dia, ignorando todo o treinamento, sentiu que havia uma urgência, um ar de mistério, uma sensação de poder, um quê de um presente, que a tudo emprestava um ar novidade e brilho. Não entendia, mas era o que sentia.Podia sentir no ar que havia algo mais ali, como se fosse um chamado, um toque, uma provocação medida, uma mão que conduzia, em alguns momentos com a rudeza de um demônio e, em outros, com o toque gentil de um anjo, o que apenas bordava sua vida de luzes e vida.Então, olhando tudo o que o cercava, encheu o peito e se disse que seu tempo chegara, e o início de sua aventura no mundo, sob seus próprios cuidados e decis
Ler mais
AS RAÍZES DAS MONTANHAS
O que busca com tanto afinco que precisa se manter oculto, se manter em silêncio? Teme ser encontrado, ou teme encontrar? - Eles são muitos e se espalharam pela terra, pela nossa terra – DenteDeAlho reclamou, os olhos magoados na distância. – Eles são como praga lançada pelos demônios expulsos contra os nossos povos.Ybytu ouviu o amigo como se fosse um sussurro distante, distraído que estava, também triste pelo que via. Aquela terra, cismava, já fora uma terra livre, porque nela viveram homens livres. Mas isso acabara, e agora os homens livres não poderiam mais ser encontrados ali.- Sim, eles são muitos, e estão famintos de terras – concordou observando o enxame espalhado pelas serras e montanhas, rondando a terra em grupos de caçadores. E eram em tal número esses grupos que não raras vezes os obrigaram, enquanto avan&c
Ler mais
NO TÚNEL
Sempre existe a metade da distância em direção ao objetivo, como sempre existe um esforço a mais que se pode oferecer ao destino. Sempre existe algo mais além para o guerreiro, para o crente. Acreditar, acreditar... As águas e o alagado tinham ficado para trás, bem como os vários acampamentos que os thianahus haviam montado na terra que não era deles.- Estou cansado de tanto sobe e desce – resmungou o saci. – Esses morros e montanhas que cercam toda a base das montanhas dos demônios parecem não ter fim. Isso aqui está parecendo igual quando você põe uma pedra pesada em cima de um barro: só ondas de terras. Toda essa terra parece que foi dobrada. Estou cansado disso.- Não resmungue... Achou que seria tudo plano?- Para falar a verdade, achei sim. Era para nós termos parado lá onde o charco alcan&cce
Ler mais
SURPRESAS DE UM DEMÔNIO
Sabe em que momento um mago desperta? Quando ele se vê sentindo: eu sou, eu existo. Trevas pairava pensativo, examinando o horizonte, sua cauda esticando-se bem para trás, flutuando suave.Assim que Escuridão parou ao seu lado, sem dizer qualquer palavra ou mesmo olhar em sua direção, esticou a garra para ele. Escuridão examinou o companheiro, porque tal exposição, deixando-se livre para o toque, era muito raro entre eles. Com simplicidade aproximou sua garra e tocou Trevas. Assim que Trevas sentiu que Escuridão já tinha todo o conhecimento da batalha em que se envolvera, recolheu novamente a garra.Em silêncio os dois ficaram cismando sobre o horizonte.- O que acha? – Trevas perguntou ainda sem se virar.- São poderosos, sem dúvida – Escuridão reconheceu olhando com indiferença para a longa ferida na aba de Tre
Ler mais
OS ANTIGOS
Quem ou o que dá forma à magia? O lugar ou a alma? Veredas e campos, e lua e sol, sombra e escuridão, amor e ódio, sorrisos e lágrimas,... Quanta magia pode existir? A região, por si só, era estupenda de ver. Os morros e montanhas em sucessão eram como ondas naquele mar agitado, que iam se perdendo em horizonte, até em azul se confundir.Correndo de sul para norte, cavado através de milhares de anos pelo pequeno rio lambari, que avança coleante como uma longa e preguiçosa serpente de prata, se estica um vale longo e verdejante, de ares frios e caça abundante, dominado pelos guaranis.Esse vale desce suave numa calha estreita, cercado por morros em ondas dos dois lados. A oeste sobressai a pedreira cascavel, com sua face nordeste exposta até seus ossos, lar de centenas e centenas de cascavéis, motivo pelo qual a pedreira é evitada
Ler mais