Nunca entendi porque tantas pessoas diziam que eu era inteligente. Talvez por causa das minhas poesias ou pelas minhas notas no colégio, mas - e especialmente agora - todos estavam errados.Eu estava me senitndo mais burra do que um peixe subindo numa árvore.Kyrell me trouxe ao palácio. Me levando pelos corredores ziguezagueantes, subindo e descendo escadas, e conforme ele ia me explicando as peças de arte pelo caminho, o mapa mental que eu tinha do palácio foi completamente apagado. Eu estava perdida lá dentro. Kyrell finalmente me levou ao subsolo, depois da academia e dos quartéis e, deixando até algumas celas para trás, chegamos a um longo corredor.“Chegamos”, Kyrell sorriu e apontou para uma pintura de lobos, seus corpos se curvando perante uma lua sangrenta - onde é que eu tinha visto isso mesmo?Levantando uma sobrancelha, cruzei meus braços, pois estava gelado ali embaixo. “Achei que você ia me mostrar onde estava essa merda de profecia.”Quando eu estava prestes a virar
*Visão do Emrys*Eu amava meu Mustang Fastback preto 67, não se engane, mas seria bom ter um carro que ficasse quentinho logo que ligasse - normalmente, eu tinha que esperar uns 10, 15 minutos antes de parar de bater os dentes dentro dele. E tinha o Audi, que deveria ser o presente tanto de dezesseis anos quanto de casamento da Celeste, mas deu toda aquela bagunça.Estacionei e saí do carro, conferindo de novo meu celular.Zero notificações.“Laker” eu corri apressado pra dentro da casa deles, depois que ele abriu a porta pra mim. Me recebeu com um sorriso, o cheiro de cigarro subindo. Passei uma mão nos meus cabelos, olhando desapontado pra trás dele. “Ela tá aqui?”Dando um passinho pra trás e me convidando a entrar, ele ficou confuso “Quem, Celeste?”Entrando na sua casa, dei uma espiada na sala, onde só vi Ostana, capotada no sofá, de frente com a TV exibindo aquela série que ela e Celeste viam juntas na Netflix, Outlander.Merda…“O que aconteceu, mano?” Laker me perguntou
“Celeste?” disse uma voz familiar atrás de mim, seus passos ecoando no piso de mármore, e me virando fiquei aliviada ao encontrar um desgrenhado Laker; sua jaqueta de couro com o zíper quase todo fechado sobre sua camiseta azul escura, seu cabelo castanho todo bagunçado.Agradecendo silenciosamente à Deusa da Lua, eu fui até ele e forcei um sorriso. “Laker, o que você está fazendo aqui?”“Eu quem deveria te perguntar isso,” respondeu ele, sem expressão, pescando o celular no bolso e mandando uma mensagem para alguém. “Emrys tá preocupado com você-” terminou a mensagem e, logo em seguida, o celular apitou, ele mandou uma outra mensagem e guardou o celular de volta no bolso.“Emrys tá aqui?” Ah, merda…Sabendo que o Kyrell já tinha ido pro seu próprio quarto, já que ele fez eu me virar pra achar a saída de algum tipo de salão de baile, suspirei. Laker levantou uma sobrancelha em minha direção.“E Cê, eu só queria que você soubesse… Emryn nunca quis, e ainda não quer te magoar. Exist
”Eu tinha sete anos de idade quando fui mandado pra sua casa de vez”, começou Emrys, seu braço descansando sobre a manta prateada sobre a lareira, as chamas alaranjadas sendo nossa única fonte de luz e calor, enquanto eu via um de seus dedos batucando na manta, silenciosamente.Sentada confortavelmente sobre uma de minhas pernas, dobrada embaixo de mim, enquanto a outra estava esticada para fora da cama imensa - e eu teria que esticá-la bastante para tocar o chão. Por sorte, tinha companhia para meus ombros, com um cobertor de lã negra jogado por cima deles.“Depois que minha mãe se foi…” ele respirou fundo, seus olhos fixos nas chamas, conforme começou a viajar nas suas próprias memórias antigas. “Eu cresci bem triste, bravo - eu normalmente tinha uns “trecos”, como meu pai gostava de chamá-los, mas na realidade eram ataques de pânico; eu entrava em pânico com o menor dos problemas, hiperventilava sempre que alguém falava da minha mãe. E meu pai cagava pra mim; ele não queria lidar
Chelsa parecia surpresa quando eu abri a pesada porta de madeira; ela imaginava que quem abriria seria meu companheiro adormecido. Sorri pra ela, minhas mãos apertando o robe sobre meu -agora coberto- corpo nu.Depois da conversa na última noite, e nós dois nos desculparmos infinitas vezes, só deixamos nossos corpos expressarem o que não conseguimos com as palavras. Não foi com força, ou cheio de brincadeiras como normalmente era. Dessa vez, fomos devagar, nos sentindo, sem pressa, como se estivéssemos memorizando cada centímetro do corpo um do outro.“Ah, Celeste!” Ela piscou, se livrando do seu choque inicial ao me ver, e sorriu de volta pra mim. “Que surpresa te ver por aqui! Normalmente, quando Emrys dorme aqui…” Ela mudou de assunto, sem saber ao certo sobre o quanto eu sabia das histórias de como seu pai o tratava, mas com tudo que eu sabia agora - parecia que isso era só uma gotinha num oceano de segredos ainda maiores. Quão cega eu tinha estado por todo esse tempo?“Então”,
Um silêncio que era assustadoramente familiar me cercou, enquanto eu mergulhava nas águas profundas, que mais parecia tinta do que água, de tão turva. A corda amarrada no meu pulso dançava a cada braçada. O frio era de gelar os ossos, e tudo isso me trouxe lembranças da última vez que eu nadei.Pedaços minúsculos de vidro voavam por mim, meu cabelo ainda molhado do treino. A mãe de um amigo estava me dando uma carona pra casa, quando uma caminhonete bateu na traseira do carro; eu gritava de dor.A escuridão me anuviou a vista, conforme os sons vinham e iam, todos meus sentidos falhando quando abri meus olhos e a vi-Chacoalhando essa lembrança pra longe, nadei mais e mais fundo, meus pulmões começando a queimar e, por alguma razão, eu gostei disso; era bom sentir algo tão perigosamente familiar. Algo que me levava de volta a dias mais fáceis.Tudo ao meu redor era preto. Parecia que a luz do relógio da Chelsa ficava mais fraca a cada segundo - não tinha nada aqui embaixo. Nem mesmo
”Eu gosto muito disso”, sorriu a Princesa Emily gentilmente, seus lábios pintados de um batom rosa calmo, exatamente igual ao do seu vestido. Pricnipe Anton pousou seus olhos cor de safira nos olhos de sua companheira.“Espero não estar tomando seu tempo pedindo que viessem até aqui”, começou Emrys, sua mão pousada na minha. Estávamos sentados na grande mesa branca do salão de jantar; caberia uma multidão nessa mesa, mas só nós quatro estávamos no salão, exceto por seis guardas espaçados pela área.Pequenas xícaras de chá de porcelana com seus pires e talheres estavam à nossa frente, com bolinhos que pareciam os que minha mãe tentava fazer para nossas festinhas de chá. Só de ver essas guloseimas, eu fiquei com água na boca.“Não estão atrapalhando em nada”, disse Emily, olhando com muita delicadeza para Anton. “Nós demos nosso passeio semanal pelos jardins, mas-” ela olhou novamente para nós. “Com a coroação na próxima semana, é mais seguro ficar dentro dos muros do palácio.”“Ente
*Visão do Emrys*Minha espada assobiou pelo ar. Arrow, na minha frente, tentava me acompanhar. Uma parte de mim teve pena do garoto que estava em treinamento há apenas dois anos; contra meus mais de dez anos de treinamento, era totalmente injusto. Mas minha raiva invadiu meus pensamentos.Celeste foi atacada e a culpa era minha. Aquela estúpida profecia causou essa merda de luta. E uma vampira?! Tinha que ser aquela Mulher do Lamento que Ruby tanto falava... Por que com a gente? Por que a Celeste? Por que somos nós os caçados, os que foram o resultado de vidas tão arruinadas que chamamos de "normais"? O suor brilhava em nossas testas, armadura de couro agarrada à nossa pele perfeitamente, e o vermelho pintava as bochechas de Arrow, olhos castanhos bem abertos; com um último golpe da minha lâmina, a espada de Arrow caiu de suas mãos. Com uma mão, cego de raiva, agarrei a garganta do pobre garoto e o levantei, apoiando suas costas na parede sólida.A Celeste poderia ter morrido por