Sem esperar pela reação de Isabela, o homem já estava bloqueando seu caminho.- Vamos conversar. - Não temos nada para conversar, por favor, saia! Gabriel segurou o pulso delicado dela.- Não vou sair até esclarecermos. Por que você não foi ao hospital hoje? Isabela se debateu um pouco, se recusando a responder. Em vez disso, se virou e empurrou as costas de Rivaldo, dizendo: - Tia Iara, leve o Rivaldo para cima. Com Rivaldo presente, ela não queria brigar com Gabriel na frente da criança, com medo de assustar ele.Portanto, somente depois que Iara levou Rivaldo para cima e fechou a porta, Isabela olhou com frieza para Gabriel.- Gabriel, você veio para uma confrontação? Preciso relatar minha ida ou não ao hospital para você?- Só para não me ver?Ao ver ele parecer um pouco magoado, Isabela deu um sorriso frio. - Sim, só para não te ver! Está satisfeito agora? Pode me soltar?- Por quê? Isabela tentou com força se libertar de sua mão, mas a força dele era grande demais e ela nã
- Madrinha, ele ainda está lá embaixo, não foi embora. Isabela se levantou, foi até a janela, abriu uma fresta e viu Gabriel parado lá embaixo, parecendo determinado a não ir embora.- Madrinha, e se ele realmente não tiver mentido para você? - Rivaldo, venha morar na Vila da Nuvem.Rivaldo ficou surpreso por um momento, perguntando:- Está bem, mas por que está dizendo isso de repente? - Esse homem não é confiável. Se você morar na casa dele, tenho medo que algo aconteça com você. Se você morar aqui, posso te levar e buscar na escola, pelo menos posso garantir sua segurança. - Isabela acariciou a cabeça dele. - Já te devo tanto, se algo acontecer com você, temo que nem ouse encarar sua mãe. Rivaldo concordou com a cabeça.- Sim, depois que ele se for, vou voltar e arrumar minhas coisas. - Vá brincar no quarto, preciso de um tempo sozinha. - Está bem.Vendo que ela parecia preocupada, Rivaldo quis perguntar o que aconteceu, mas ele sabia que, com seus dez anos, mesmo que pergunta
- Ele... Realmente desmaiou? Deveria chamar uma ambulância? Se algo acontecesse... Não, Isabela, não pode ser sentimental. Se lembre de como ele foi contigo no passado. - Murmurou Isabela por si mesma.Quatro anos atrás, por Mariana, ele fez ela se ajoelhar à porta à noite toda. Será que alguma vez ele teve compaixão por ela?Isabela reprimiu as emoções, enfiou comida na boca, mas estava sem sabor.Iara e Rivaldo perceberam, mas após suas palavras, não ousaram dizer ou fazer nada, apenas continuaram comendo como se nada estivesse acontecendo.- Senhorita, coma mais carne. - Iara serviu Isabela com um pedaço de carne, outro para Rivaldo, e depois uma sopa. - Experimente a sopa hoje, comprei ossos grandes, deve estar ótima, não acha?Isabela deu um gole, antes mesmo de provar, se queimou e começou a tossir intensamente.Iara pegou lenços para ajudar ela, dizendo:- Senhorita, devagar, a sopa está quente. - Eu sei, estava apressada.- Senhorita...Isabela não levantou a cabeça, continuan
Não se sabia se foi medo de ser esfarelado por Isabela, mas Gabriel realmente acordou. Sob os cílios molhados, havia um par de olhos semicerrados, sua voz rouca com um toque de zombaria. - Isabela, você... Está usando isso para desabafar, certo?Ao ouvir a voz, Isabela suspirou, aliviada.- Se não morreu, está deitado fingindo de morto? Aprendeu com a Mariana? - Eu aprendi com você.- Eu?- Sim, aprendi com você... A fingir de morto. - Disse Gabriel, sorrindo de lado.Foi aí que Isabela percebeu que ele estava fazendo uma referência ao incidente em que ela fingiu a própria morte. Imediatamente, sua irritação se transformou em constrangimento. - Se está tão animado, então pegue um táxi de volta por conta própria. Dizendo isso, ela se levantou para sair.Gabriel segurou a mão dela.- Isa, eu realmente me sinto mal... Não me abandone assim.O coração de pedra de Isabela era uma fachada, então, quando Gabriel pediu, ela cedeu.Naquele momento, Rivaldo e Iara apareceram e juntos levaram
- Madrinha?Ao ver Isabela parada, imóvel, Rivaldo não resistiu e sacudiu seu braço:- O que vamos fazer agora?Isabela, voltando a si de repente, olhou para ele ligeiramente distraída, demorando um pouco para se recompor, antes de responder:- Você me ajuda a levá-lo para a cama? Eu seguro a cabeça, você pega os pés, pode ser?- Claro, sem problemas.Isabela rapidamente apanhou uma toalha de banho e cobriu o corpo de Gabriel, depois deslizou os braços sob os dele, levantando-o da banheira. Rivaldo, apressado, correu para erguer suas pernas.Com alguma dificuldade, a dupla conseguiu transportar Gabriel até a beira da cama.Isabela, já exausta e faminta, quase não tinha mais energia.- Rivaldo, vou contar até três e então o jogamos na cama.- Entendido, madrinha.Isabela respirou fundo, reunindo suas últimas forças, e começou a contagem:- 1... 2... 3...No último número, eles usaram toda a força para lançar Gabriel na cama, com tanta brusquidão que o homem, até então inconsciente, não
- Como você voltou?Ao ver André na porta, ela ficou surpresa e apontou para Gabriel na cama, tentando explicar: - Me deixe explicar, não é o que você está pensando...Mas antes que ela pudesse terminar, André, com um olhar frio, interrompeu: - Vamos nos divorciar.Isabela, de boca aberta, olhava incrédula para André, duvidando do que ouvia.- Você... O que disse?- Eu disse, vamos nos divorciar.André passou por ela, lançou um olhar a Gabriel e depois a encarou novamente, com um sorriso gélido: - Você encontrou a sua felicidade, eu encontrei a minha. Por que continuaríamos juntos? Afinal, você não me ama, certo?Isabela ficou paralisada, como se uma explosão tivesse ecoado em sua mente, deixando-a em completo caos, sem palavras.Após um momento, ela conseguiu responder: - Sua felicidade é aquela mulher daquele dia?André girou sua cadeira de rodas para dentro do quarto, olhando-a com um sorriso sarcástico: - Sim, Isabela, eu menti para você. Nunca fui o homem apaixonado e bom que
- Por que ele se tornou assim? - Perguntou Isabela, encolhida nos braços de tia Iara, chorando sem parar. - Será que foi algo que eu fiz ou deixei de fazer? O André que eu conheço não é assim... Não pode ser...Ela estava tomada por um sentimento de culpa, confusão e medo.André, a pessoa com quem conviveu por quatro anos, mudou drasticamente da noite para o dia, se tornando irreconhecível.Será que ele estava a culpando?Por ter descoberto que ela ainda pensava em Gabriel, ele estava agindo assim para irritá-la propositalmente?Ou teria sido o acidente que o fez perder a esperança?Isabela buscava incansavelmente na memória as possíveis razões, mas a verdadeira causa lhe escapava.No entanto, sentia em seu íntimo uma certa responsabilidade.E se ela não tivesse se envolvido com Gabriel, se tivesse se afastado de André logo após conhecê-lo, tudo seria diferente?- Tia Iara, por que ele mudou tanto?Tia Iara, abraçando-a, acariciou sua cabeça com ternura, tentando consolá-la:- Não é su
Isabela parou subitamente, olhando para o homem ao lado da mesa de jantar, radiante de uma maneira que não combinava com alguém que acabava de se recuperar de uma febre alta.- Não é necessário.- De qualquer forma, tenho que ir ao hospital, e é no caminho. Por que recusar minha ajuda?Isabela não queria se envolver com ele, mas Gabriel já havia se levantado e foi até ela, entregando-lhe um sanduíche.- O sanduíche feito pela tia Iara é muito bom. Leve com você, pode comer quando sentir fome mais tarde.- Você se recuperou tão rápido?Gabriel sorriu de canto:- Talvez porque você esteve ao meu lado, melhorei especialmente rápido. A febre passou esta manhã, e meu apetite está ótimo, sem nenhum efeito residual.Isabela achava esse homem um pouco estranho. Quem poderia estar tão energético depois de ter tido uma febre de 39°C na noite anterior? Mas, cansada de discutir, seguiu-o e entrou em seu carro.- Gabriel, não tenho intenção de te perdoar ou de confiar em você. Espero que entenda.