- Vocês! Vocês!A Sra. Manuela sentou-se no chão imediatamente, chorando- Vocês não são razoáveis, seus valentões.Nem mesmo Paulo Simões conseguia olhar para ela, pois parecia uma vítima.- Mãe, não fique assim.Os adolescentes eram facilmente tímidos, e Paulo não suportava o comportamento de sua mãe, então disse com uma voz irritada- Eu é que xinguei o João por ser órfão, sem pai nem mãe.Ao dizer isso, ele se assustou com os olhos de sua própria mãe e, então, disse apressadamente.- Mas não fui eu, foi o João que me bateu primeiro!“O João é órfão? Sem pai, sem mãe?”, Ela pensou.Se não fosse por Mariana Ferreira, a família Pereira não teria se tornado assim.- E como você pôde chamar o João de órfão!- Mentira! O que você disse é muito mais do que isso!De repente, João apontou para ele e gritou.- Você deveria ter levado uma surra pelo que disse, e bater em você teria sido um castigo leve.- Como você pode falar assim?A Sra. Manuela se levantou do chão, defendeu o filho e disse
Enquanto esperava João voltar com água, Isabela já havia tomado seus remédios e estava de olhos fechados, descansando no banco comprido.- Água, tome seus remédios. - Disse João.Isabela pegou a água e deu um pequeno gole.- Obrigada.- Então, afinal, que doença você tem? - João ficou ao lado dela, mantendo uma certa distância e franziu a testa. - Não tente me enrolar.Isabela sentiu seu coração se aquecer. No entanto, ela ainda não queria que João, seu irmãozinho, soubesse sobre o câncer de pulmão. Ela estava com medo, assim como Gabriel, de que ele não acreditasse.- Pneumonia. - Respondeu ela.- Apenas pneumonia? - João tirou o casaco do uniforme e o colocou sobre Isabela. - Tenha cuidado, ou isso pode se transformar em câncer de pulmão.Isabela sorriu de canto.- João, você está preocupado comigo, não é?João não disse nada e virou a cabeça, evitando olhar para ela.Nesses últimos tempos, Isabela estava começando a notar que a personalidade de João estava cada vez mais parecida c
- Não, irmãzinha, você não vai abandonar o João.Isabela fungou.- A irmã quer ver o João crescer, estudar, casar, ter filhos. A irmã quer estar lá, sempre, sempre...Se ela não estivesse prestes a morrer, ela realmente desejaria estar com ele para sempre.João apertou os punhos ao lado do corpo.- Mas eu ainda não te perdoei.- João dê tempo à irmã, você vai entender tudo, está bem?Os dois se abraçaram por um longo tempo, até que João finalmente soltou as mãos dela, virou-se e ajeitou o casaco dela.- Não abrace tanto, é muito íntimo.Embora ele tivesse dito isso em voz alta, Isabela já estava extasiada.Ela sabia que o João estava disposto a lhe dar uma chance. Não importava o quanto ele aceitasse agora, pelo menos ela havia começado a abrir seu coração. No futuro, haveria tempo, um dia ele veria a verdade e encontraria o caminho certo.- João o que você gostaria de comer? Acompanhe a irmã para fazer compras, tudo bem?João lançou-lhe um olhar e respondeu com um simples "hmm".Ao l
Um tênue odor de álcool e tabaco pairava sobre o homem, sugerindo que ele tinha bebido além da conta. Isabela prendeu a respiração e tentou se soltar.- Me solte, por favor. - Ela implorou.No entanto, Gabriel não apenas não a soltou; ele a abraçou com mais firmeza, seus lábios frios roçando seu ouvido, com a voz rouca.- Não posso fazer isso.- Senhor Gabriel, o que você está tentando fazer? - Isabela questionou, confusa e ansiosa.- Isa, não vá embora. Fique comigo.Uma pontada de dor a atravessou, tornando difícil para Isabela respirar. Após um momento, Gabriel voltou a falar:- Se você esqueceu tudo, podemos começar de novo, certo?Isabela cerrou os dentes e respondeu com frieza.- Senhor Gabriel, do jeito que você está agindo, isso não parece um novo começo, parece mais uma agonia. - Um novo começo exigia distância. - Por favor, Senhor Gabriel, me solte.Com essas palavras, Gabriel afrouxou seu aperto e se recostou na escada, observando-a com seus olhos estreitados. O olhar del
Isabela secou as lágrimas, aproximou-se da cama e estava prestes a trocar os lençóis quando percebeu que estavam limpos.Ela olhou ao redor e viu que tudo estava limpo, sem um grão de poeira.“Quem fez a limpeza?”Na última vez que esteve aqui, tudo estava coberto de poeira.Ela se dirigiu à estante de livros e de repente percebeu que o diário não estava lá.“Será que Gabriel pegou?”Mas, pensando bem, mesmo que ele tivesse lido, o que isso importava?Ela já havia tirado as fotos e ele provavelmente não conseguiria descobrir sobre quem ela estava escrevendo. Além disso, mesmo que ele descobrisse, eram apenas lembranças antigas, não tinham importância.Seu coração doeu por um momento e ela sorriu amargamente, murmurando:- Será que realmente não importa?Ela apagou a luz e deitou-se na cama, encolhendo-se sob o cobertor.O quarto era familiar, mas ao mesmo tempo estranho, o que a deixou nervosa e feliz ao mesmo tempo.Aparentemente, recuperar algo perdido tinha esse tipo de sentimento.
Durante o café da manhã, Isabela lançou alguns olhares discretos para Gabriel, mas não notou nada fora do comum nele. “Será que ele não percebeu?”Ela soltou um suspiro de alívio, pensando que, se ele não notasse, estava tudo bem.Após a refeição, Gabriel entregou a ela uma sacola:- Vista as roupas novas.Isabela estava prestes a recusar, mas pensou que teria que levar João para a escola depois, então aceitou a sacola.- Obrigada.Quando voltou para o quarto, percebeu que Gabriel havia comprado um vestido preto longo e também um colar. Ao ver essas coisas, ela não pôde deixar de sorrir ironicamente. Ela não entendia por que Gabriel estava fazendo isso novamente. Será que ele achava que podia consertar tudo, dando presentes como se fossem prêmios?Depois de trocar de roupa, Isabela colocou as roupas antigas na sacola e as levou consigo. Ao sair, encontrou Gabriel parado com uma mão no bolso, olhando para ela com um sorriso enigmático:- Bem, você está ótima.Justo quando ela estav
No hospital.Isabela encontrou a sala onde Paulo estava, bateu na porta e disse:- Olá, colega Paulo.Paulo estava deitado na cama, brincando com o celular, e ao vê-la, ficou um pouco nervoso:- O que você está fazendo aqui?- Vim ver como você está se sentindo. - Dizendo isso, ela colocou a cesta de frutas de lado, foi até a beira da cama dele e tocou no gesso. - Isso está doendo?Sra. Manuela não estava presente, e Paulo estava um pouco assustado com Isabela. Ele moveu a perna e disse:- Sim, está doendo.- Foi o João que te machucou assim?Paulo ficou surpreso por um momento e então assentiu com a cabeça.Isabela não conseguia acreditar que João tinha a capacidade de ferir Paulo dessa maneira, enquanto ele sairia ileso. Afinal, em termos de tamanho, Paulo era pelo menos o dobro de João.- Por que o João te agrediu? Você realmente só o xingou?Isabela olhou para cima e viu Paulo desviar o olhar. Ele engoliu em seco e disse:- Eu... Eu só disse isso.- Colega Paulo, você sabe que cri
Cláudio disse enquanto aplicava o curativo.:- Isabela, você é incrivelmente gentil . Não precisa ser amável com pessoas assim. - Depois de terminar, ele franziu a testa levemente. - Se acha que a família Pereira não tem mais influência agora, use meu nome, Cláudio, e veja quem se atreve a agir impunemente.Ao ouvir isso, Isabela riu suavemente.- Cláudio, obrigada.Ela foi até o espelho e usou o cabelo para esconder o ferimento no rosto.- Só quero saber se o Paulo está realmente ferido. Se ele estiver, então o João também está errado. Mas se as lesões forem falsas, deixarei para lá.Depois que João se transferiu, teoricamente ninguém deveria reconhecê-lo. Além disso, as famílias Pereira e Simões não tinham rixas, não havia motivo para o Paulo insultar o João de repente.Isabela franziu a testa, sentindo que essa situação estava claramente relacionada à Sra. Manuela, que estava visando o João.- Isa, posso ajudar a verificar os ferimentos.Dizendo isso, ele se aproximou e suspirou.-