- Isabela, que tal eu te contar uma história?Sofia aspirou o nariz, apoiou-se à beira da cama, olhando para Isabela com o rosto pálido, os olhos cheios de lágrimas:- Dezessete anos atrás, fui sequestrada por traficantes e levada para uma sala escura, onde te encontrei. Naquela época, você tinha apenas dez anos ou algo assim, mas ao ver-me, uma garota mais jovem que você, esqueceu o medo e me protegeu uma e outra vez. Se lembra? Uma vez, porque eu estava chorando, eles se recusaram a me alimentar. Você secretamente escondeu metade do pão e, quando eles se foram, me entregou silenciosamente. Outra vez, eles me bateram, mas você me protegeu, e como resultado, ficou ferida e foi forçada a passar fome comigo.Ao chegar a este ponto, Sofia já estava inconsolável, segurando a mão de Isabela e implorando repetidamente:- Isabela, por favor, acorde logo. Você ainda tem a mim, tem ao Sr. André, tem seu irmão, tem todos nós. Por favor, não durma mais, está bem?Não se sabia quanto tempo se pass
Embora ela já tivesse pensado em abortar essa criança, afinal, era seu filho. Como poderia se permitir fazê-lo? Nesses dias dolorosos e desesperadores, era essa criança que acendia repetidas vezes o pensamento em sua mente de continuar vivendo. Já sonhou também.Será que quando a criança nascesse, ela e Gabriel poderiam se reconciliar como antes? Mesmo no último momento de sua vida, se pudessem ser uma família unida e feliz, estaria satisfeita.Mas, dessa vez, foi Gabriel quem matou essa criança.Ele próprio cortou o caminho de volta entre eles.Agora, ela nem tinha mais motivos para convencer a si mesma a amá-lo, a perdoá-lo.“Gabriel, afinal, nos tornamos inimigos.”Isabela soluçou, abrindo os olhos, lágrimas escorreram pelos cantos dos olhos, caindo no travesseiro.Virando levemente a cabeça, ela percebeu que o travesseiro estava completamente encharcado.Ela se sentou apoiada nas mãos e encostou na cabeceira da cama, olhando fixamente para o brilho do pôr do sol pela janela.Nos
- Esperança?Isabela com os olhos vermelhos olhou para André, mordendo o lábio inferior e balançando a cabeça:- André, perdi meu filho, não há mais esperança.Ela até pensou em desistir de tudo e morrer, mas toda vez que abaixava a cabeça e via a pequena elevação do seu abdômen, desistia da ideia.Mas agora, o filho se foi.A esperança dela, o vínculo entre ela e Gabriel, foi rompido assim.- André. - Ela, chorando, agarrou a mão de André:- Você acha que o bebê vai me culpar? Me censurar por não cuidar dela direito? Ela vai se arrepender de ter sido minha filha?André tremeu, levantou a mão e segurou a dela, falando em um tom suave e reconfortante:- Não, Isabela, o bebê não vai te culpar.- Mas, eu a perdi...A criança, que havia sido tão forte, até sobreviveu milagrosamente a um acidente de carro que ela sofreu.Como não a culparia?- Isabela, o médico disse que o bebê estava drenando seus nutrientes, fazendo com que seu corpo se enfraquecesse cada vez mais. Agora que a criança se
- Ter outro filho?O coração de Isabela tremeu, e ela gritou:- Gabriel, você acha que o filho não é seu, por isso não se importa?Era o filho deles, como ele poderia dizer as palavras "ter outro" tão facilmente?Gabriel abriu a boca, mas antes que pudesse falar, foi empurrado bruscamente por Isabela, batendo na porta.- Gabriel.Ela, com lágrimas nos olhos, olhou para ele com firmeza e disse, palavra por palavra:- Eu e você não podemos ter outro filho.Essas palavras eram como uma faca no coração de Gabriel, causando-lhe uma dor aguda.- Por quê?- Por quê?Isabela o encarou por mais de dez segundos, depois riu sarcasticamente:- Gabriel, você realmente não sabe ou finge que não sabe?Ele sabia, era claro que sabia, mas não queria aceitar aquela realidade.- Isabela.Ele a chamou com a voz rouca, olhando para ela com um olhar melancólico.O coração de Isabela estava em frangalhos, a dor era insuportável.Por que ele estava desapontado?Tudo isso foi causado por quem?Por que ele semp
- O que aconteceu aqui? - Pedro de repente percebeu a desordem no chão, franzindo a testa involuntariamente.- Nada.Isabela se recompôs, olhou para Pedro e só então percebeu o sangue em sua roupa, perguntando apressadamente:- O que aconteceu com o sangue em suas roupas? Você se machucou?Imediatamente, ela chamou Sofia:- Sofia, chame o médico rápido.Sofia assentiu, estava prestes a se virar, mas então ouviu Pedro rir:- Srta. Isabela, não se preocupe, este sangue não é meu.- Não é seu?- Sim, é dos ladrões de túmulos. Eu já disse, sou um campeão de artes marciais, derrotar alguns vagabundos é fácil para mim.Pedro pausou por um momento:- Ah, eu também perguntei quem era o mentor deles.Ao ouvir isso, Isabela deu uma risada fria, sem dizer uma palavra.Afinal, Mariana já havia admitido, e a única coisa que a intrigava era por que Mariana não apareceu para se exibir dessa vez?Sofia, vendo que nenhum dos dois falou, não pôde deixar de perguntar:- Quem é?Pedro deu um tapinha na ca
Meia hora depois, André entrou correndo no quarto do hospital. Talvez por ter vindo com pressa, sua testa estava coberta de pequenas gotas de suor, e até mesmo ele, sempre tão limpo, tinha manchas de café em sua camisa branca.- Isabela, o que aconteceu? O que significa o corpo da sua mãe estar no térreo?- Eu estou bem.Olhando para ele em seu estado preocupado, o nariz de Isabela inexplicavelmente ficou um pouco entorpecido.Ser amigo dela realmente não era uma tarefa fácil, ele tinha que se preocupar com ela a cada dois dias.Após confirmar que Isabela estava bem, André ajustou sua gravata e soltou um suspiro:- Estou aliviado que você está bem.Sofia esboçou um sorriso malicioso e então disse seriamente:- Isabela, é realmente assustador que você tenha escondido algo tão grande de mim e do Sr. André.Então, Sofia explicou a situação para André.- Isso é ultrajante! Simplesmente inumano!Mesmo tendo visto muito, ele ainda estava chocado com o comportamento de Mariana.Isabela respon
- João?Isabela avançou rapidamente e abraçou João, exclamando com alegria:- A irmã sentiu tanto a sua falta.Mas no segundo seguinte, ela foi fortemente empurrada pelo irmão, caindo nos braços de Sofia.- João.Um lampejo de desapontamento passou pelos olhos de Isabela, sua voz tremendo:- Você ainda não reconhece sua irmã?Lembrando-se da última vez que viu seu irmão, seu coração se apertou dolorosamente.Eles tinham sido tão próximos como irmãos, mas agora tudo havia sido destruído por Mariana.Ela queria contar tudo ao irmão, mas estavam diante do túmulo de seus pais, e ela não queria falar sobre essas coisas ali.Então, com os lábios apertados, ela forçou um sorriso:- João, sua irmã não te culpa.- Mas eu culpo você!João olhou friamente para ela, como se estivesse olhando para um inimigo, rosnando:- Por sua causa, nossos pais morreram, e agora, por sua causa, os túmulos deles foram profanados! Tudo por sua causa! Você é uma azarona!Ao ouvir isso, Isabela estremeceu, e seu ros
Gabriel pegou André pelo pescoço com um movimento rápido, e disse friamente:- O que eu faço não é da sua conta!André, sentindo dor, afastou-se de Gabriel, dando um passo para trás.- Gabriel, você separou Isabela e seu irmão à força e encheu a cabeça de João com essas ideias de ódio. Você realmente acha que isso está certo? Não me importo com o que acontece entre você e Mariana, mas agora você deve devolver João para Isabela.Ouvindo isso, Gabriel soltou uma risada fria e apontou para João, que estava no banco do passageiro:- Tudo bem, se quiser levá-lo, pode, mas pergunte a ele se ele concorda.André ficou atordoado, estava prestes a falar, mas foi imediatamente rejeitado por João.- Não precisa perguntar, eu não quero.Essas palavras deixaram André, um advogado, sem resposta.Se a própria pessoa não quisesse, o que ele dissesse seria em vão.Vendo isso, Gabriel lançou-lhe um olhar frio e selvagem:- André, eu te aconselho a não ultrapassar os limites. Esta é a minha última advertê