- Sr. Gabriel, está com vergonha?Isabela tentou se consolar inúmeras vezes, acreditando que Gabriel estava protegendo ela diante dos repórteres por amor. No entanto, ela sabia o que realmente estava acontecendo.Gabriel estava apenas preservando a própria reputação, era uma questão de orgulho masculino.- Isabela, você ainda é a Sra. Marques. Coloque-se na posição de Sra. Marques e deixe de se envolver em coisas vulgares!- O que eu fiz de vulgar? Sr. Gabriel, você não percebeu por que eu fugi ontem?Se não fosse por Gabriel querer abortar o bebê, ela nunca teria fugido. Gabriel hesitou, lembrando-se do momento em que Isabela o enfrentou com uma faca na mão na noite anterior. Ele sentiu um calafrio percorrendo a espinha.- Você fez o que fez, você sabe mais do que ninguém! Toda essa história de 'me amou por dezessete anos', Isabela, sua boca está cheia de mentiras.Embora ela soubesse que Gabriel não acreditava nela, seu coração doía subitamente.- Sr. Gabriel, se você acha que eu não
Isabela descansava na cama, imersa em pensamentos por um longo período. O dia havia sido extenuante. Somente agora ela havia notado a carta do pai e o relatório da autópsia da mãe. Além de retornar apenas para sofrer injustas acusações. Tudo parecia tão impiedoso, lágrimas escapavam involuntariamente pelos cantos dos olhos dela. As evidências que ela tinha em mãos pareciam insuficientes para acusar Mariana, mas ficar inerte não era uma opção.Ela, então, pensou em André e finalmente se ergueu da cama. Vasculhou o quarto por um tempo até encontrar o celular encaixado em uma fresta. Ela se dirigiu até a varanda e, com cautela, ligou para André, ocasionalmente lançando olhares nervosos em direção ao banheiro, temendo que Gabriel pudesse emergir a qualquer momento.- André, sou eu.A voz de Isabela soou, trazendo um certo alívio a André do outro lado da linha.- Você está bem? O que aconteceu ontem? Você está segura agora? Onde você está? - a preocupação de André transpareceu.Isabela hesi
De repente, uma onda de desânimo tomou conta de Isabela. Ela percebeu que, além da vingança que possuía, ela não tinha mais nada. Essa criança, mesmo antes de nascer, estava destinada a algo inexorável. Após tantos altos e baixos que compartilharam, ele ainda permanecia ali. Como ela poderia decidir sobre sua vida? Ela simplesmente não conseguia.- Não precisa se preocupar com isso!Gabriel a abraçou pela cintura e a guiou até o banheiro.- Tome um banho!Ele a soltou e saiu. Ficou de pé, parado na porta, contemplando o banheiro, com uma mistura de sentimentos em seu interior. Entre todas as emoções, a curiosidade sobre onde ela havia ido na noite anterior era a mais intensa.Enquanto pensava nisso, ele abriu a gaveta da cômoda e procurou pela foto que havia visto da última vez. Mesmo vasculhando meticulosamente, ele não conseguiu encontrá-la. No entanto, ele notou um frasco marrom de medicamento. Por que ela precisaria disso? De repente, a voz de Sofia ecoou em sua mente: 'A Isa tem m
- Já se passou muito tempo, sem evidências sólidas, é difícil reabrir um caso.Isabela já esperava por essa resposta. Ela baixou a cabeça, e cravou as unhas na carne enquanto ponderava por alguns minutos antes de falar:- E se exumarmos o corpo para uma nova autópsia?André pareceu surpreso por um momento, como se tivesse tido uma ideia, e olhou para ela.- Sua mãe?Desenterrar o corpo da mãe era uma ação profundamente séria e demandaria muita coragem. Mas se isso pudesse levar Mariana à justiça, Isabela acreditava que sua mãe a perdoaria.- Você já possui um relatório de autópsia, certo?- Aquele relatório é de dois anos atrás. E... Acredito que um pedaço de papel é facilmente contestável. A menos que possamos localizar o médico legista da época.- Qual foi a causa da morte de sua mãe?Isabela mordeu os lábios:- Complicações no parto.Por treze anos, ela acreditou que sua mãe havia falecido devido a complicações no parto, nunca cogitando outra possibilidade. Naquele tempo, Mariana ta
Ela não podia desistir da busca pela verdade, e muito menos da busca pelo Tio Cardoso. Depois de três horas de viagem, eles finalmente chegaram ao destino. Isabela imaginava que eles iriam à delegacia, porém, ficou surpresa ao perceber que estavam em um necrotério.Ela ficou atônita:- Necrotério?- O corpo dele foi lançado no rio, seguiu a correnteza e foi trazido aqui pela equipe de resgate. Inicialmente, o corpo foi levado à delegacia. Como ninguém se apresentou para reivindicá-lo e não encontraram informações sobre a pessoa, o corpo foi encaminhado ao necrotério para cremação.Isabela apertou os lábios, uma expressão séria moldava o rosto dela enquanto saía do carro. O corpo do Tio Cardoso havia permanecido submerso na água gelada por tanto tempo, estava certamente frio e dolorido. A imagem do rosto bondoso do Tio Cardoso surgiu em sua mente, assim como a última ligação... E se...Ela apertou os punhos, mordeu os lábios, lutando para conter as lágrimas, embora elas insistissem em c
Naquela época, ela ficou muito assustada, abraçando Tio Cardoso e derramando lágrimas de desespero. Tio Cardoso, incapaz de conter o sangramento de sua própria perna, ignorou a ferida para confortar Isabela com gentileza. Foi exatamente por isso que o tratamento havia sido tardio naquela ocasião, resultando no pequeno problema da perna direita de Tio Cardoso. Ele andava mancando desde então. Tio Cardoso sempre usava calças compridas para esconder a ferida, e poupar Isabela do peso da culpa. Sempre que ele estava diante dela, ele parecia estar bem, como alguém sem dificuldades ao andar. Tio Cardoso podia não mencionar, mas isso não significava que ela havia esquecido.Isabela chorou tão intensamente que mal conseguia respirar, agarrando o braço de André enquanto se levantava e cambaleava para o lado. Ela pressionou os lábios e ergueu o pano branco, fechando os olhos de agonia, lágrimas escorriam por suas bochechas. Os olhos dela ficaram inchados de tanto chorar. Ela caiu para trás, dir
André fitou-a com preocupação:- Você está com fome? Vamos comer alguma coisa antes de voltar?Mas assim que terminou de falar, ele se lembrou do corpo do Tio Cardoso e imediatamente sentiu que havia dito algo errado:- Se você quiser comer, é claro.Isabela virou a cabeça e olhou para ele, com lágrimas nos olhos, ela forçou um sorriso:- Está bem, vamos comer. Eu consigo comer.André ficou surpreso.Isabela enxugou as lágrimas do rosto com as costas da mão:- Você deve estar se perguntando como eu posso comer, não é?- Sim, estou curioso.- Como você mesmo disse, eu não teria forças para me vingar se não estiver bem alimentada. Então, vou comer, continuar vivendo e buscar minha vingança.André sentiu um lampejo de satisfação interior e assentiu:- É ótimo que você tem isso em mente. Quanto ao corpo do Tio Cardoso, não se preocupe, eu já ordenei o transporte dele em segredo. Um legista estará disponível para fornecer evidências quando necessário.Isabela ficou em silêncio por um moment
Do outro lado da ligação, o homem parecia impaciente, a voz dele se tornou mais fria e intimidante:- Isabela, você esqueceu quem você é?- Não esqueci, eu não ousaria.Isabela não tinha mais energia para continuar discutindo com Gabriel, então simplesmente desligou o telefone.André ficou surpreso:- Gabi?Isabela assentiu com um murmúrio.- Ele está te perturbando? Talvez eu não devesse te trazer para comer, devemos voltar?Depois de passar por tudo isso, André entendia bem como Gabriel poderia tratar Isabela, e isso o preocupava.Especialmente porque quanto mais ele se envolvesse, mais irritado Gabriel ficaria, então por muito tempo ele evitou entrar em contato com Isabela.- Não precisa.Isabela apertou os lábios e deu um gole d'água:- Sr. André, não precisa se preocupar. Já que estamos aqui, ele já está te julgando sem você saber. Não importa quanto tempo passe, a suspeita vai continuar.- Tenho medo que ele te machuque.- Estou acostumada.Acostumada... Uma frase que trouxe tris