Fora do quarto, Alora deu a volta na esquina. Quando levantou a cabeça, o seu olhar tornou-se astuto, e sorrateiramente andou até estar nas imediações próximas do quarto. “O que estás a fazer, Luna?”A voz fria, surgindo do nada atrás de Luna, que estava expectante fora do quarto, fê-la saltar e virar-se. Ao ver quem lhe falava atrás de si, a sua cara bonita desenhou uma expressão forçada. “N-Nada, não estou a fazer nada…”Luna era a anfitriã do quarto 606. Porém, nenhum dos jovens mestres tinha requisitado os seus serviços. Na vez dela, Alora tinha enviado uma novata.Luna estava, com certeza, descontente por ter sido expulsa do quarto. Como não havia ninguém por ali, ela tinha aberto ligeiramente a porta, espreitando através da fresta. O que vira, tinha-lhe feito abrir os olhos, invejando a inutilidade de Jane.Alora ria-se friamente para si mesmo. Perguntara “O que estás a fazer?”, em vez de perguntar “O que estás a ver”. Luna estava dispersa em si mesma. “Isto não te diz resp
Sean Stewart era o patrão de Alora, por isso ela não podia dizer que ele estava errado. Tudo o que conseguia sentir era revolta, ao ver Jane naquelas condições.Que raio teria esta mulher feito para ofender tanto o seu patrão, ao ponto de ser submetida a um tratamento tão cruel?O olhar de Alora agravava-se ao ver Jane cambalear, apoiando-se na parede enquanto caminhava em desequilíbrio constante.O cartão bancário escaldava nas mãos de Alora.Depois, Alora deu meia volta e partiu, quase correndo de volta para o seu escritório, deixando o crtão bancário e todo o dinheiro no seu cofre. Só nesse momento a palma da sua mão deixou de parecer que ardia dolorosamente.Quando Alora regressou ao quarto 606, ao abrir a porta, quase embateu em Sean.“Sr. Stewart,” Alora cumprimentou-o respeitosamente. Sean respondeu com um discreto “mm”, antes de contorná-la e deixar o quarto.Entrando no quarto, Alora ouvia os jovens mestres a falarem sobre Jane. “Aquela mulher era uma coisa tão desagrad
No dia seguinteJane acabava de chegar ao East Emperor quando notou algo peculiar. Todos à sua volta reuniam-se em grupos de dois, ou três, sussurrando e apontando na sua direcção.Jane não estava incomodada. Talvez a razão de tudo aquilo se prendesse com facto de ela, uma simples empregada de limpeza, ter sido transferida para o departamento de relações públicas. Parecia-lhe normal atrair alguma atenção.No entanto, quando entrou na sala de espera do departamento, descobriu que na verdade tinha sido ingénua, ao acreditar naquilo.“Ahahah, aqui está o cão.” Aquela troça repentina fez-lhe empalidecer. Ela reconheceu a pessoa que apontava na sua direcção e que lhe dirigia aquelas palavras, chamando-a de “cão”. Era a anfitriã do quarto 606, Luna.“Não fales tão alto, Luna. Não somos cegas, nós conseguimos ver o cão a chegar.” Luna ria-se compulsivamente. “Ó, mas não a viram por vocês mesmas! Esta mulher usava um disfarce de palhaça, com uma maquilhagem horrível. O Mestre Lynch ia-l
Sr. Jonesson já não tomava em conta o seu lado racional. Não se importava mais com o bem-estar de Jane, concordando com todos os pedidos de Jenny. “Claro, tudo o que pedires.” Ao dizer isto, ele ia descendo a mão perversa pelas ancas de Jenny.“Toma, não digas que não sou generoso.” E, dizendo estas palavras, o Sr. Jonesson retirou da mala um maço de notas. Pareciam estar ali cerca de cinquenta mil dólares. “Recebes mil dólares por cada canção que cantares, se conseguires cantar dez canções, recebes dez mil, vinte são vinte mil. Mas se conseguires cinquenta, recebes todo o dinheiro que aqui tenho na mão.” Cinquenta canções levar-lhe-iam cerca de três horas.“Ah, Sr. Jonesson, porque lhe dá tanto dinheiro?”“Não te preocupes, amor, eu a ti vou-te dar ainda mais.” E lançou-lhe aquele que considerava ser o seu sorriso mais carismático.“Aii, é tão mau, Sr. Jonesson.” E com isto, Jenny agitou a cintura e deslizou para fora do colo do Sr. Jonesson, balançando as ancas, ao ir na direcção
Quando alguém cai num certo nível de depravação, o seu limite costuma ser esse – sobreviver.Ela olhou para a cara infantil e jovem de Susie. Uma vida tão cintilante e colorida como a dela era algo que Jane já não tinha esperança de recuperar.“Tu! Como podes continuar a sorrir?” Susie pisou-lhe o pé. “Acredita no que te digo, Jane, não interessa, não interessa quanto dinheiro ganhes, porque todas te olhamos com desprezo! Até as modelos do departamento de relações públicas que vendem o corpo por dinheiro têm mais dignidade que tu! Deitaste fora todo o teu orgulho quando fizeste aquilo, por isso quem te irá agora respeitar?”Com isto, ela pigarreou friamente e voltou costas a Jane. Jane manteve-se apenas ali, na mesma posição, durante algum tempo, antes de entrar no quarto. Por toda a sua face se escrevia a palavra exaustão, e as palavras de Susie ecoavam-lhe ainda nos ouvidos… ‘Só faço isto para ganhar algum dinheiro para as minhas propinas e custos de vida. Ao contrário de ti, eu n
O sol estava a pôr-se, e os raios crepusculares entravam pelo quarto.Alora levantou-se, com o seu olhar gentil, observando a cama de hospital, onde repousava aquela mulher doente e pálida, adormecida e enrolada nos lençóis, com os raios de luz de final do dia caindo sobre a sua figura. Quando estava pronta a sair, Jane abriu os olhos e murmurou,“Alora, eu quero pagar a minha dívida, mas não possuo nada mais para além de mim. Posso pagá-la com o meu corpo?”No momento em que terminou a frase, fechou os olhos e voltou a adormecer.Foi como se o coração de Alora tivesse sido picado por uma agulha. As suas emoções iam-se tornando cada vez mais complexas.Jane estava praticamente num estado delirante, ao dormir, e não conseguia esquecer aquela dívida… Por muito que pensasse, Alora recusava-se a acreditar que alguém como aquela rapariga fosse capaz de cometer um acto tão hediondo.Jane dissera que todos a tinham amaldiçoado, chamando-a de desprezível… Jane, desprezível? Se Jane era
“Não!” Apressou-se Jane a dizer. “Não estou a evitá-lo, Sr. Stewart.”Mentia!Estava claramente a evitá-lo!Porém…“O que se passa com a tua voz?” Porque estaria assim tão rouca e gasta?“Fiquei doente, e a minha garganta ficou dorida.” Jane baixou o olhar, recusando-se a estender a sua explicação.“Tens medo de mim?”As pálpebras de Jane torceram-se, e desta vez não o negou.O homem estava encostado à sua cama, levantando a sobrancelha devagar. Sentia-se ainda mais insatisfeito.Sem que nada o fizesse prever, inclinou-se para a frente. Enquanto Jane olhava-o aterrorizada, Sean pousou uma das mãos nos lençóis, reduzindo instantaneamente a distância entre eles. Ele estendeu a outra mão na direcção de Jane, e ela instintivamente encolheu-se, afastando-se dele. Sean, calmamente, disse-lhe, “Não te mexas.”Tal como era esperado, Jane obedeceu-lhe. Sean afastou os lençóis do caminho com os dedos, tocando a cicatriz na sua testa, fazendo com que Jane se sentisse entusiasmada. Ela
“Sean, o que disseste à Jane no final foi realmente dolorosos, sabes disso, não sabes?” Elior seguia-o, dando-lhe a sua opinião.“E é suposto importar-me com o que ela sente?”“És sempre assim tão egocêntrico e teimoso? E se um dia te arrependeres da forma como a tratas?”Sean ofereceu um cigarro a Elior, soltando um riso deselegante. “Toma um cigarro e deixa-te de dizer baboseiras.”Arrependimento?Se algum dia sentiria arrependimento?Claro que não.Elior não disse mais nada. Ele concluiu, analisando a carácter de Sean, que ele era aquele tipo de pessoa que nunca sentir-se-ia arrependida de nada. Elior nunca tinha visto Sean arrepender-se de nada, nem mesmo na altura do acidente de Rosaline.“Queres beber um copo?”“Tenho umas coisas para fazer no East Emperor.”Elior teimosamente juntou-se a Sean, insistindo em ir com ele ao East Emperor.No East Emperor, Alora chamou Susie ao seu escritório. “Jane Dunn é a tua colega de apartamento, porque não nos avisaste que ela esta