Capítulo 5

Talita

Logan foi embora já faz algum tempo e eu ainda não o esqueci. Ele tem algo que me atrai para ele, como um ímã. Ele é bonito, bem humorado, alegre, gentil e parece gostar de mim. Parece até um sonho. Tenho medo que isso seja imaginação da minha cabeça e que esteja me iludindo.

– Você pode me ajudar na cozinha? – perguntou Rebeca.

– Claro, tudo que sei fazer foi minha mãe que me ensinou. – eu digo indo para onde ela está.

– Minha mãe até tentou me ensinar, mas eu sou tão ruim que ela desistiu – Rebeca falou rindo tirando as panelas do meu armário.

– Ok. O que você quer cozinhar primeiro? – eu perguntei pegando o livro de receita da minha mãe, é umas das poucas coisas que sobrou dela.

– Que tal com o mais fácil. – ela diz.

– Ok. Vamos fazer um bolo. – eu digo sem olhar a receita. Já sei o que vou precisar.

– Não prometo ser boa aluna, mas vou tentar. – Rebeca diz.

– Eu também não prometo ser uma boa professora. – eu falo rindo.

Passamos as próximas horas tentando fazer um bolo. A Rebeca era péssima cozinheira e olha que ela tentou fazer certo, mas ela não nasceu para cozinhar.

– Eu não nasci para isso. – ela resmungou ao ler a minha mente e olhar ao redor da minha cozinha que estava um caos completo.

– Tenho que concordar com você. – falei tirando a farinha que está espalhada na Ilha. Comecei a limpar, nunca gostei de nada sujo.

– O que vamos fazer? – ela pergunta depois que terminamos de arrumar a minha cozinha.

– Que tal ver um filme? – eu digo pegando uma caixa de filme que eu ainda não tinha arrumado um lugar para colocar.

– Diário de uma paixão. – ela fala pegando o DVD.

– Oh… Merda. Não tenho tevê, mas podemos assistir no meu notebook. – eu falei e corri para pegá-lo no quarto.

– Não dá para viver sem tevê. – resmungou Rebeca indo para minha cozinha tirar a pipoca do micro-ondas que tinha colocado mais cedo.

– Bem, eu vivo. – eu digo e ela ri.

Passamos a próxima hora chorando e rindo do filme de Nicholas Sparks. Eu amo ler seus livros, é um dos meus vícios. Estávamos tão concentradas no filme que nos assustamos quando um celular começa a tocar.

– Não é o meu, ele está no meu bolso. – Falou Rebeca colocando a pipoca na boca e volta a olhar o filme.

– Oi – eu digo atendendo o celular no terceiro toque.

– Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – perguntou o Logan rápido que quase mal entendo.

– Não, eu estou bem. Por que você está perguntando isso? – eu perguntei andando para longe de Rebeca que estava resmungando com o filme.

– Sua voz está estranha. Você estava chorando? – ele perguntou. Eu estou surpresa por ele saber disso, apenas escutando a minha voz.

– É... Estava, mas por causa do filme que estava assistindo. – explico.

– Ok. Talita, eu vou vê-la à noite. – ele diz com a voz abafada.

– Ok, vou está esperando você. – digo sem conseguir conter o suspiro que deixei no final da frase.

– Até a noite. – ele falou antes de desligar.

–Você ainda diz que meu irmão não gosta de você, não me faça rir. – diz Rebeca com a sobrancelha franzida com o sorriso no canto da boca. Ela parecia tanto com seu irmão.  – Ele te ligou. Ele não liga para ninguém. As pessoas ligam para ele.

– Eu tenho medo. – eu admito. O amor pode machucar. Não quero sofrer novamente. Não perdendo alguém.

– O Logan nunca te faria mal, ele é o cara mais doce que podia existir, mesmo tentando ser durão. Meu irmão é uma das pessoas que mais amo na vida e ele merece ser feliz. – Falou Rebeca rindo.

– Ele deve ter várias mulheres querendo ele, não posso ser mais uma. – eu sussurro sem olhá-la.

– Meu irmão nunca namorou, porque não quis. Ele quer dar seu coração para seu verdadeiro amor, clichê eu sei, mas essa é a verdade. Minha família só ama uma vez na vida, é para sempre. – ela falou orgulhosa.

– Isso é bom demais. – eu digo  ao sentar no sofá e colocar a cabeça sobre meus joelhos. Tudo que sei e o que vi, é que não tem nada de bom na vida.

– Se der uma chance para ser feliz Talita. – diz Rebeca pegando minha mão.

– Não sei se consigo... – eu resmungo deixando as lágrimas cair no meu rosto. É tão fácil falar com ela.

– Eu não sei o que você passou, mas posso dizer que foi algo muito doloroso. Então só desejo que você seja feliz, porque você merece Talita. – ela comentou tentando sorrir.

– Obrigada, eu vou me dar uma chance. – eu digo sorrindo, e limpando meu rosto.

– Isso, garota. Vai pegar seu homem. – Falou Rebeca dando um gritinho.

– Ele não é meu. – eu digo bufando.

– Ainda Talita. – comentou a Rebeca rindo alto.

Não digo nada, me deixei acreditar que aqui tudo pode ser um novo recomeço, e eu posso ser feliz como eu jamais fui. Fugir para ser livre, e vou ser custe o que custar. Vou lutar com unhas e dentes pelo o que quero.

Passamos o resto do dia assistindo a mais alguns filmes. A Rebeca era uma ótima companhia e foi a primeira vez que senti que tinha uma amiga de verdade e isso me deixa cheia de esperança.

– Você tem quantos anos? – eu perguntei à Rebeca quando ela está olhando para o celular.

– Dezessete, sou alguns anos mais nova que meu irmão mais velho e sou tratada como um bebê por toda a família, às vezes é chato, e nem sou a mais nova esse é o posto do Luca... – resmungou a Rebeca me dando um sorriso, mas parou de falar quando seu celular toca e ela responde, e depois olha para mim.

– Eles te amam e não querem que você se machuque. – eu suponho pelo o sorriso de Rebeca ela sabe disso. E ela deve ter uma família que a ama muito, e é assim que tem que ser.

– Pode ser, mas às vezes é muito chato. – Falou ela pensativa.

– Você não tem mesmo nenhum namorado? Você é muito bonita para estar sozinha. – eu provoco e ela fica vermelha.

– Não, estou esperando o homem que vai roubar o meu coração como eu vou pegar o dele para mim. Quero algo que me faça sentir viva e com o desejo de viver por nós. – ela falou sonhando.

– Eu espero que você encontre o amor. – eu digo sincera. A Rebeca tem um brilho no olhar quando fala em amar um homem.

– Você também. – ela falou pegando o celular quando ele começou a tocar.

– Vamos, quero que você me ajude com o jantar. – eu digo indo para cozinha.

– Sim, posso ajuda. – ela falou ainda tensa desligando o celular.

– Está tudo bem? – eu pergunto a ela com a sobrancelha franzida.

– Sim. Vamos começar logo, porque estou com fome. – Ela desconversou.

– Ok. – eu digo pegando o macarrão no armário.

– O que posso fazer? Que não nos coloque em perigo – ela perguntou ao meu lado.

– Corte bem os tomates. – eu digo e ela logo faz o que eu mando. 

Logan

– O que descobriu? – eu pergunto passando uma mão no cabelo. Quero deixa meu lobo matar algo para deixá-lo mais calmo

– Ele está na cidade e não sabemos o que ele quer. – Falou Dylan tão irritado quanto eu.

– Ok. Vamos ficar em extremo alerta, ele pode ter sido Supremo alfa um dia, mas não vamos esquecer o que ele fez a nossa matilha. – eu resmungo sem conseguir pensar em algo que posso fazer para me acalmar. Dominic ainda é meu amigo. Merda.

O Dominic era o nosso melhor amigo e meu mentor, e é melhor guerreiro que podíamos ter ao nosso lado, além de ser o Supremo alfa, ou seja, alfa dos alfas, o lobo mais forte, mas tudo mudou quando sua esposa e seu filho morreram em um assassinato.

Ele acabou ficando louco e com raiva matando vários inocentes na sua tentativa de descobrir quem foi o culpado. E abandonou o seu lugar na matilha. Fazia anos que ele sumiu, e agora ele volta e não sabemos o porquê.

– E os lobos solitários? – eu pergunto quando vejo o Jack entrar na sala todo coberto de sangue.

– Eu encontrei três e consegui eliminar um – diz ele sério. – os outros conseguiram fugir, mas mataram três humanos no processo.

– Isso está perdendo o controle, temos que dar um fim nisso – eu falo tentando arrumar uma solução sem morte desnecessária.

– Eu vi o Dominic. – Falou meu pai sério.

– Ele está de volta pai. – eu digo passando a mão no rosto. – acredito que ele tem algo a nos comunicar. Ele não voltaria se não fosse sério.

– Temos problemas maiores para lidar, do que com a minha volta. – diz o Dominic entrando na sala friamente sem se importar com alguns lobos que rosnaram em sua direção.

– O que seria? – eu perguntei calmo. Sou alfa e tenho que ter controle.

– Está acontecendo vários assassinatos na região e os rastros do assassino o trazem para sua cidade, Logan. – Falou o Dominic cerrando o maxilar.

– Como não sabemos disso? – perguntou o meu pai sério.

– Porque ele não mata na sua forma de lobo e sim na humana – ele diz simplesmente.

– Como pode ter tanta certeza? – perguntou o Dylan.

–  Porque há um padrão. – ele falou.

– Qual? – eu pergunto temendo sua resposta.

– Ele só mata lobas. – Dominic diz sombriamente. – acredito que seja um psicopata.

Tenho que proteger minha matilha e acima de tudo minha companheira.

– Encontre este assassino. – eu ordeno.

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