O homem estava parado na entrada, na penumbra, e seu rosto era difícil de enxergar por conta da luz de fundo. Mas a frieza emanando de sua presença era impossível de ignorar. Clarice não esperava que Sterling surgisse ali de repente e ficou imóvel por um momento. Jaqueline, instintivamente, apertou a mão de Clarice e sussurrou: — Clarinha, por que você não sai primeiro? Eu fico aqui e falo com ele! Clarice virou-se para ela, esboçando um leve sorriso. — Jaqueline, vá você. Não se preocupe comigo. Clarice havia pagado um preço alto para que Sterling deixasse o estúdio de Jaqueline em paz, sacrificando seu próprio corpo para isso. Ela jamais permitiria que algo acontecesse com o estúdio de Jaqueline. Jaqueline apertou ainda mais a mão dela e balançou a cabeça. Ela temia que, se saísse, Clarice fosse intimidada. Com ela presente, ao menos poderia ajudar. De repente, Clarice aproximou-se de Jaqueline e murmurou ao pé do ouvido: — Vá ao estacionamento e avise Asher para ir
— Clarice, por que você vomitou de novo? Está grávida? — Os olhos negros e profundos de Sterling fixaram-se no rosto dela, com um brilho afiado. Clarice respirou fundo, tentando esconder o nervosismo. Com uma expressão calma, respondeu: — Você está com o cheiro da Teresa. Só de sentir, me dá vontade de vomitar. Mesmo que não tivesse visto com os próprios olhos, Clarice sabia que Sterling havia passado a noite anterior com Teresa. Um homem que ficava tanto tempo com outra mulher, é claro que acabaria impregnado com o perfume dela. Sterling soltou uma risada fria. — E você acha que tem moral pra me criticar? Na cabeça dele, Clarice tinha passado a noite com Asher. Com que direito ela falava isso? — Sterling, por que você veio aqui, afinal? Se tem algo para dizer, fale logo. Vamos resolver isso e pronto. Eu preciso ir trabalhar, tenho uma audiência hoje de manhã. — Clarice tentou mudar de assunto, temendo que a conversa acabasse revelando sua gravidez. Sterling apertou os
Clarice ficou na ponta dos pés e começou a desfazer a gravata dele para refazê-la com cuidado. Quando se casou com Sterling, ela levou um bom tempo para aprender a fazer o nó da gravata corretamente. Durante uma época, todas as manhãs, ela fazia questão de ajeitar a gravata dele. Mas, com o tempo, ela percebeu que Sterling não a amava. Desde então, nunca mais havia feito esse gesto. Agora, ali na frente dele, refazendo o nó, ela não sentia nada. Nenhuma emoção. Talvez fosse porque realmente não o amava mais. Diante dele, sentia-se tranquila, sem qualquer abalo. Sterling abaixou os olhos e a observou. O rosto delicado dela, o nariz pequeno e perfeito, a expressão concentrada e dócil. Ela parecia a esposa ideal. Mas ele sabia que, por trás daquela aparência de inocência, havia algo profundamente provocante. Era o mesmo olhar que ela tinha quando estava deitada sob ele, como se fosse uma mistura de pureza e desejo, o que sempre o deixava louco, a ponto de querer morrer entre suas
— Você se arrependeu de não ter se casado com ele? Está se lamentando agora? — Sterling perguntou, apertando o rosto de Clarice com tanta força que ela sentiu como se ele fosse deformá-lo. A dor intensa fez as lágrimas de Clarice escorrerem imediatamente. — Sterling, me solta! Está doendo! — Clarice tentou falar, mas a dor fazia suas palavras saírem confusas. Ela não entendia por que ele estava daquele jeito, tão agressivo de repente. O que tinha dado nele? Sterling, ao ver as lágrimas escorrendo pelo rosto dela, sentiu sua raiva aumentar ainda mais. — Você está chorando por quem? Eles estavam casados há três anos, e raramente ele a tinha visto chorar. Houve uma época em que ele até pensou que ela era incapaz de derramar lágrimas. Mas, agora, ele percebia que ela só não chorava por ele. — Sterling, você está me machucando! — Clarice tentou apelar, sua voz cheia de urgência. As lágrimas dela eram puramente por causa da dor física, nada mais. Não havia nenhuma razão emo
O que Sterling queria dizer era claro: hoje, mesmo que Clarice não quisesse, ela teria que fazer amor com ele. Clarice sentia-se, ao mesmo tempo, humilhada e tomada pelo ódio. Ela odiava a arrogância de Sterling, odiava sua falta de escrúpulos! Ela era uma pessoa, não um objeto para entretenimento, muito menos uma marionete para ele brincar. Como ele podia tratá-la assim? — Clarice, comece logo. Não me faça perder a paciência. — Sterling falou devagar, quase como se estivesse saboreando cada palavra. Ele havia visto claramente o ódio nos olhos de Asher há pouco. Embora Sterling e Asher não fossem amigos, ele sabia muito bem quem Asher era. Valentino, que sempre o acompanhava, nunca economizava elogios ao falar de Asher. Sempre que mencionava o irmão, era com orgulho. Sterling sabia que Asher era o "homem perfeito". Temperamento bom, caráter exemplar, inteligência acima da média... Tudo nele parecia ser motivo de elogio. Valentino havia falado tanto sobre Asher que, mesmo sem
Clarice tremia de raiva. Sterling havia passado de todos os limites! Sterling segurou o corpo trêmulo dela contra o seu e murmurou com a voz baixa e controlada: — Clarice, seja boazinha e me obedeça. Caso contrário, sua vida vai se tornar um inferno. Ele sabia que Clarice gostava de Asher. Então, se fosse necessário, ele a despiria e a colocaria diante de Asher. Ele conhecia bem Clarice, sabia que ela não suportaria tamanha humilhação. Depois disso, ela nunca mais ousaria sequer entrar em contato com Asher. Sterling sempre agia assim. Para ele, o que importava era o resultado, não o processo. Ele não se importava com a crueldade de seus métodos, desde que alcançasse seus objetivos. Mesmo sabendo que aquilo era desumano com Clarice, ele ainda assim o faria. Clarice sentia o desespero tomar conta de si, crescendo como uma planta venenosa que a sufocava. Sterling estava decidido a arrancar sua dignidade, a expor ela sem piedade diante de Asher. Se fosse Teresa, ele nunca teria
Clarice rapidamente controlou suas emoções, virou-se para ele e, com uma voz fria, disse: — Minha mãe ligou pedindo para você e eu jantarmos lá esta noite. Querem conversar sobre o casamento da Beatriz. — Que horas? Onde vai ser o jantar? — Sterling perguntou imediatamente, sem hesitar. Discutir o casamento de Beatriz e Asher era algo que ele fazia questão de participar. Na verdade, ele mal podia esperar para que os dois se casassem no dia seguinte, se fosse possível. — Eu não vou. — Clarice respondeu de forma direta. Ela sabia que seus pais a desprezavam e não via motivo para voltar àquela casa. — Sua mãe não disse que está me convidando para o jantar? — Ele perguntou, apertando o rosto dela com dois dedos, forçando-a a olhar para ele. — Por que você não quer ir? Será que era por causa de Asher? Será que ela estava incomodada com o casamento dele? — Ninguém na família Preston gosta de mim, minha presença só vai estragar o humor deles. Não tem por que eu ir! — Clarice res
Lilian reagiu rapidamente e empurrou Clarice de volta para o escritório. — Dra. Clarice, volte para o escritório. Eu vou descobrir o que está acontecendo. Pelo tom das vozes, Lilian percebeu que algo estava errado e temeu que alguém estivesse tentando prejudicar Clarice. — Não vá, chame a polícia! — Clarice respondeu imediatamente, mas, antes que Lilian pudesse agir, uma figura surgiu correndo em sua direção. — Sua vagabunda! Eu te contratei para cuidar do meu divórcio, e você foi seduzir o meu marido! As palavras de Heloísa ecoaram pelo escritório, e, em segundos, o lugar virou um caos. Clarice havia roubado o marido de uma cliente? Isso não apenas arruinava sua reputação como advogada, mas também significava que ela poderia estar conspirando contra a própria cliente. Um comportamento tão antiético era inadmissível para alguém na profissão. Lilian imediatamente se colocou na frente de Clarice, bloqueando o caminho da mulher. Heloísa avançou com força, e Lilian só conse