Cecília
Tomada pela raiva, entrei no seu quarto de hospédes do apartamento de Liam, a mente repleta de irritação causada por ele. Eu já estava naquele apartamento há dias, mas não conseguia pensar em nada como “meu”. Porque isso não era verdade. Aquele quarto não era meu, relembrei a mim mesma, enquanto me jogava na cama macia
A convivência com Liam estava se tornando uma verdadeira provação, e a proximidade no trabalho apenas aumentava as chances de conflitos entre nós. Novamente senti o arrependimento amargo de ter concordado em ser a esposa de fachada de Liam, quando claramente erámos incompatíveis em todos os sentidos.
No entanto, um pensamento reconfortante surgiu em minha mente naquele momento: o inacred
LiamEu não pretendia iniciar mais uma discussão com Cecília. Apenas a lembrança da frustração que senti borbulhar dentro de mim na noite anterior, quando ela simplesmente me deixou falando sozinho na sala e marchou em direção ao quarto de hóspedes no meu próprio apartamento já era o suficiente para estragar o meu dia. Era uma dinâmica que não entendia completamente. Cecília aceitou a proposta de casamento de conveniência, e eu, por minha vez, me comprometi a cumprir minha parte no acordo para atender aos caprichos do meu pai e conseguir a presidência das empresas Ricci. No entanto, o convívio diário estava se transformando em uma batalha constante.O silêncio tenso no carro indicava os problemas na nossa relação. Ter nos beijado duas vezes no dia anterior também não foi apropriado. Para ser claro, eu a beijei. Isso foi totalmente inaceitável e só ia tornar as coisas mais complicadas entre nós. Adicionar o elemento sexual nessa mistura só ia confundir mais as coisas e causar grandes
CecíliaAo encerrar o meu horário de trabalho, organizei minhas coisas e me dirigi para o estacionamento, seguindo as orientações de Marta. A partir de hoje, não mais dependeria de Liam para ir e vir do trabalho. Meu marido foi atencioso o suficiente para providenciar uma forma de não precisar ficar perto de mim durante vários minutos, ao menos duas vezes por dia. Liam deu instruções explícitas a Marta sobre a contratação de um motorista particular para mim. O fato de estar agora voltando para o apartamento dele no banco traseiro de um carro luxuoso, guiada por um motorista uniformizado e extremamente profissional, era algo que jamais poderia ter sonhado em minha humilde vida anterior.Ao chegar ao apartamento, busquei distração em algumas tarefas domésticas, como cuidar das minhas roupas e preparar algo para o jantar, só percebendo então que a despensa estava abastecida. Além disso, o local parecia ainda mais limpo do que antes, sugerindo que alguém tinha passado por ali. Provavelmen
CecíliaAmanheceu, e eu nem mesmo percebi quando Liam havia retornado para o apartamento, se é que ele tinha retornado. Após refletir por alguns instantes, decidi tentar descobrir se ele estava em seu quarto, algo bastante complicado, para dizer o mínimo.Caminhei até a porta do quarto de Liam e com cuidado, tentei ouvir algo do outro lado, mas apenas o vazio se manifestava. A maçaneta, um território desconhecido para mim até então, permanecia imóvel ao ser testada. Minha irritação cresceu, questionando por que me importava tanto com um homem com quem minha ligação era apenas no papel, uma mera formalidade.Decidida a não me deixar abalar por algo que, teoricamente, não deveria importar, segui com minha rotina. Hora de me preparar para o trabalho, mesmo que a incerteza pairasse sobre o paradeiro de Liam. Com um misto de frustração e determinação, me arrumei, mas não sem antes me aproximar novamente da porta do quarto de Liam, na vã esperança de captar algum sinal de sua presença.Com
LiamAo chegar à empresa, notei que a única presença na antessala do meu escritório era Marta. Isso foi ao mesmo tempo um alívio e inquietante. Encarei Marta, deixando a pergunta sobre o paradeiro de Cecília evidente em meu olhar, mas ela pareceu não entender a mensagem implícita. Rolei os olhos com enfado; afinal, ao longo dos anos, Marta sempre demonstrou uma eficiência notável, compreendendo minhas ordens mesmo que eu não as colocasse em palavras.Com um suspiro, perguntei diretamente: — E então, onde ela está?— Ela? — Marta respondeu com uma inocência fingida. Nesse momento, minha paciência atingiu um limite. Foi claro para mim que Marta estava tentando se fazer de desentendida, o que só aumentou meu estresse. Eu fui direto ao ponto:— Onde está Cecília?A resposta agora foi simples e objetiva: — Cecília está trabalhando. Apesar de não ser a resposta exata que eu esperava, foi o suficiente para acalmar a inquietação que eu estava sentindo em relação às palavras maliciosas de
CecíliaPassei toda a manhã evitando a presença de Liam. Descobrir que ele esteve com outra mulher na noite anterior me deixou confusa e desconfortável. Marta, percebendo meu desejo de distanciamento, atribuiu-me tarefas que me mantiveram longe do andar da presidência. No entanto, já era quase hora do almoço, e decidi ligar para a minha amiga, informando que a esperaria no refeitório.— Sabe que não poderá evitar Liam para sempre, não é mesmo? — Marta apontou com sabedoria.Suspirei resignada, afinal, ela estava coberta de razão.— Eu já me sinto de volta ao meu normal. Caso seja necessário, apenas continuarei a agir conforme a minha função de "esposa de fachada". As minhas palavras expressaram uma amargura que nem eu mesma esperava, e não me surpreendi com a expressão de preocupação no rosto de Marta. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, eu a interrompi.— Não precisa se preocupar, eu estou bem.— Não é isso que estou vendo, Cecília — Marta insistiu, logo em seguida fazendo a
Liam Quando meu pai finalmente partiu, não pude evitar um suspiro exasperado. O dia estava agitado, mal passavam das duas da tarde. — O que isso quer dizer, Liam? — Cecília questionou sem hesitar. Seu tom, mais do que a pergunta, aumentou minha irritação, e não consegui evitar responder de maneira rude. — Estou certo de que a sua inteligência seja suficiente para entender o que foi dito, Cecília. Cecília me encarou com raiva evidente, pronta para retrucar, mas Marta interveio antes que pudesse. — Vocês não podem continuar discutindo assim! Qualquer um pode entrar e ouvir. Marta estava certa, mas eu não resisti ao sarcasmo ao sugerir prontamente: — Então vamos discutir na minha sala, Cecília — disse, indicando a porta do meu escritório. Foi a vez de Marta soltar um suspiro exasperado, cobrindo os olhos em sinal de descontentamento. Porém, parecendo resignada, Marta segurou o braço de Cecília e a encaminhou para minha sala. Não me restou escolha senão segui-las. — Nos deixe a
Cecília Odiava a ideia de seguir a ordem de Liam para ir às compras, como se eu fosse incapaz de tomar as minhas próprias decisões, sobre a minha própria roupa. Porém, ele estava certo sobre a minha falta de opções para um fim de semana na praia. Eu e Marta tínhamos montado um guarda-roupa bastante variado, mas a previsão para um evento como esse não estava entre nossas considerações.Decidi, relutante, atender a sugestão de Liam e tirar o restante da tarde de folga e fazer o que era necessário. — Preciso de sua ajuda, Marta — Digo em tom de súplica — Você poderia ir comigo?Tento o meu melhor olhar desesperado, porém, Marta levanta uma questão importante: nós não podemos sair sem avisar Liam. — Eu farei isso agora mesmo, não se preocupe.Vou até a porta da sala do nosso “chefe” e bato antes de entrar. Já no interior da sala, percebo que Liam está em uma chamada de vídeo e que não percebeu a minha entrada. Antes de qualquer chance de alertá-lo sobre minha presença, ouço suas palavr
LiamAcordei me sentindo cansado, como se não tivesse tirado o peso do dia anterior dos ombros. Uma noite péssima havia me deixado exausto, e a tensão que se acumulou durante as intermináveis reuniões no Rio de Janeiro parecia persistir em minha mente.Ao chegar ao meu apartamento na noite anterior, uma ansiedade esquisita tomou conta de mim. A expectativa de encontrar Cecília lá me fez questionar minhas próprias motivações. Tentei me convencer de que o único motivo para desejar vê-la era discutir os detalhes da viagem a Angra. Era importante que a gente combinasse como ia agir como um casal de verdade durante o fim de semana em família.Não sou ingênuo. A ideia de lidar com a dinâmica da família, especialmente na frente do meu pai, me deixava tenso. O velho Frederico sempre foi esperto em pegar os detalhes, e de alguma forma, eu queria evitar que ele percebesse que a nossa história tinha algumas falhas.Levantei da cama, ainda sentindo o cansaço nas pernas e a mente cansada. A decis