EmilyAs dores começaram de repente. Não eram fortes o suficiente para me fazer gritar, mas a pressão em minha barriga era intensa, como se algo estivesse diferente. Eu estava no quarto, dobrando algumas roupinhas do bebê, quando senti a primeira pontada, um aperto desconfortável que me fez parar por um instante.Coloquei a mão sobre a barriga, respirando fundo, tentando entender se era apenas cansaço ou algo mais. O bebê se mexia, mas de uma maneira que parecia diferente das outras vezes. Meu coração começou a bater mais rápido, e uma leve onda de ansiedade tomou conta de mim.— Hm… — Murmurei para mim mesma, franzindo a testa enquanto esfregava a mão pelo tecido do vestido, sentindo o calor do meu próprio corpo.A dor veio novamente, dessa vez mais forte, irradiando pelas costas e descendo até as pernas. Minha respiração acelerou involuntariamente, e minha mente foi tomada por pensamentos confusos. Está na hora? Mas ainda é cedo! Não pode ser agora!Um frio percorreu minha espinha,
EmilyA viagem de volta para casa foi tranquila, e eu estava ansiosa para estar de novo no nosso lar, cercada pelo amor e pelo carinho da minha família. Oliver dirigia com uma mão firme no volante, enquanto a outra permanecia entrelaçada na minha, sua maneira silenciosa de garantir que eu estivesse bem depois do susto no hospital.Meus pais estavam no banco de trás, e, mesmo sem vê-los, eu podia sentir o olhar atento da minha mãe sobre mim. Ela já havia perguntado pelo menos três vezes se eu queria alguma coisa, se estava confortável e se precisávamos parar no caminho para comer.— Mãe, eu estou bem, prometo. — Ri suavemente, olhando para trás.— Eu sei, querida, mas depois do que aconteceu, não posso evitar. — Ela suspirou, balançando a cabeça. — Meu primeiro neto está a caminho, e eu preciso ter certeza de que vocês dois estão sendo bem cuidados.Oliver sorriu, apertando levemente minha mão.— Não se preocupe, sogra, eu faço questão de mimar sua filha todos os dias.— E eu espero q
OliverEu estava no meio de uma reunião importante quando o telefone de Alice vibrou duas vezes seguidas. Era um código. Um alerta.Ela olhou para mim imediatamente, o rosto ficando rígido.— Oliver, temos um problema.Antes que eu pudesse perguntar, um barulho no corredor me deu a resposta. Uma voz feminina, exaltada e carregada de raiva, ecoou pela entrada da empresa.— Eu quero falar com ele! Agora!Fechei os olhos por um breve instante, inspirando profundamente. Sofia.Levantei-me calmamente, ajustando os botões do paletó. Alice me seguiu de perto enquanto saíamos da sala de reuniões e nos dirigíamos ao saguão principal da empresa.Quando cheguei, lá estava ela.Sofia Harrington, com os cabelos bagunçados e os olhos avermelhados, usava um vestido caro, mas claramente desalinhado, como se tivesse saído de um furacão. O salto de seu sapato ecoava pelo mármore conforme ela andava de um lado para o outro, completamente ignorando os seguranças que tentavam contê-la.Funcionários olhav
OliverA noite estava tranquila, algo que há muito tempo eu não sentia. Emily estava deitada no sofá, com as pernas sobre o meu colo, enquanto eu fazia carinho em sua panturrilha. Sua mãe lia um livro na poltrona, e seu pai assistia à TV em um volume baixo. Tudo estava em perfeita harmonia, um raro momento de paz depois de tantas turbulências.Mas então, um anúncio interrompeu a calmaria.— "Últimas notícias! Sofia Harrington foi presa na noite de hoje após novas evidências de seus crimes virem à tona. Advogados da promotoria alegam que, devido ao risco de fuga e à gravidade das acusações, foi decretada sua prisão preventiva até o julgamento."Emily se endireitou no sofá, sua expressão de surpresa espelhando a minha. O silêncio tomou conta da sala, todos prestando atenção na tela.A imagem de Sofia sendo escoltada por policiais surgiu. Seu cabelo estava um pouco desalinhado, e ela usava óculos escuros para tentar esconder o rosto, mas a humilhação estava evidente. Repórteres cercavam
EmilyO dia amanheceu silencioso, e, pela primeira vez em meses, acordei sem aquela sensação de alerta constante, sem a preocupação com o que poderia acontecer a seguir. Tudo estava resolvido. Fernando e Sofia estavam fora de nossas vidas, e eu finalmente podia focar no que realmente importava: minha família.Virei-me na cama e encontrei Oliver ainda dormindo. Seu peito subia e descia em um ritmo calmo, e a luz suave da manhã iluminava seu rosto de uma forma quase poética. Ele parecia tão tranquilo, tão diferente do Oliver sempre tenso e preocupado que eu conheci nos últimos meses.Senti Noah se mexer dentro de mim, como se estivesse compartilhando do mesmo sentimento de paz.— Bom dia, meu amor. — Murmurei, acariciando minha barriga.Ao meu lado, Oliver se mexeu lentamente, esticando os músculos antes de abrir os olhos preguiçosamente. Um sorriso suave apareceu em seus lábios assim que me viu, e por um momento, fiquei apenas observando-o, absorvendo a tranquilidade daquele instante.
OliverEu queria que aquela noite fosse especial. Não apenas um jantar qualquer, mas um momento que Emily lembraria para sempre. A reta final da gravidez estava sendo cansativa para ela, e tudo que eu queria era fazê-la se sentir amada, cuidada e lembrá-la do quanto ela significava para mim.Então, com um plano em mente, passei a tarde organizando tudo. Pedi que os funcionários saíssem mais cedo e fiz questão de preparar cada detalhe pessoalmente. Acendi velas pela sala, coloquei uma música suave para tocar e arrumei a mesa com a melhor louça que tínhamos. O aroma da comida que preparei — sim, eu mesmo — preenchia o ambiente, misturando-se ao leve perfume de lavanda que Emily gostava.Quando tudo estava pronto, subi para chamá-la. Encontrei-a deitada na cama, os olhos fechados, mas sem realmente estar dormindo. — Emily. — Chamei suavemente, acariciando seu cabelo. Ela abriu os olhos devagar, um sorriso sonolento surgindo em seus lábios. — Hm? — Quero te mostrar uma coisa. Vem
EmilyO pânico tomou conta de mim no mesmo instante em que senti o líquido quente escorrer por minhas pernas. Meu coração disparou e meus olhos encontraram os de Oliver, que pareciam se expandir na mesma velocidade do meu desespero.— Oliver… minha bolsa estourou! — A segunda vez que anunciei parecia ainda estar caindo a ficha. Minha voz saiu alta, quase em choque.Ele ficou parado por um segundo, apenas piscando para mim. Eu podia ver claramente a engrenagem girando na cabeça dele, tentando processar o que estava acontecendo.— O quê? — Ele repetiu, como se estivesse tendo dificuldades para acreditar.— Eu disse que minha bolsa estourou! O bebê está vindo! — Exclamei, agarrando seu braço.Foi então que tudo virou um caos.Oliver pareceu despertar de um transe e, em um segundo, saiu correndo pela sala, abrindo e fechando gavetas aleatórias, pegando coisas aleatórias.— Ok, ok! Vamos! Temos que ir! Cadê a mala? Onde está a mala? TEMOS UMA MALA? — Ele perguntou, olhando para mim com os
OliverEu nunca soube o que era verdadeiro pavor até estar naquele hospital, segurando a mão de Emily enquanto ela atravessava a dor do parto.Ela apertava meus dedos com tanta força que eu sentia meu sangue parar de circular, mas não me importava. Tudo o que importava era ela.Seu rosto estava molhado de suor, os cabelos grudados na testa, os olhos semicerrados enquanto mais uma contração a atingia. Eu queria absorver aquela dor para mim, queria fazer qualquer coisa para que ela não sofresse tanto.— Você está indo bem, meu amor. Eu estou aqui. — Sussurrei contra sua testa, tentando transmitir qualquer tipo de conforto.Mas no segundo seguinte, ela virou o rosto para mim, os olhos chamejando em pura frustração e dor.— SEU AQUI NÃO ME AJUDA A PARIR!Engoli em seco, sentindo o peso da sua fúria atravessar cada célula do meu corpo.Ok… isso era esperado. Eu já tinha lido sobre o quanto as mulheres ficavam intensas durante o parto, mas a experiência era muito mais assustadora na prátic